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Brasília

Em pesquisa, população do Paranoá Parque reprova serviços públicos

Arquivo Geral

28/06/2018 21h22

Atualizada 29/06/2018 14h19

Moradores do Paranoá Parque reclamam da falta de estrutura, como postos de saúde, escolas e ônibus. Jéssica Pereira Brasilia:28-06-2018 Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasilia

Matheus Garzon
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Os residentes do Paranoá Parque vivem um impasse: ao mesmo tempo que estão satisfeitos com a moradia que conseguiram, reclamam da falta de serviços públicos na região. Isso é o que mostra a Pesquisa de Satisfação dos Beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida – Paranoá Parque, realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e divulgada nesta quinta-feira (28). Os mesmos moradores que avaliam a moradia atual com uma nota 6,5 – em uma escala que vai até 7 – dão nota 1,8 quando o quesito é facilidade em conseguir uma vaga numa escola próxima, por exemplo.

Segundo a professora Ana Maria Nogales, diretora de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan, o resultado já era esperado, uma vez que, segundo ela, não foi prevista a instalação de serviços públicos na região. “Ainda há, por exemplo, falta de transporte, a gente vê ausência de creches, escolas… mas quando perguntam, as pessoas gostam do local”, afirma.

Ilhados

O levantamento revela que, quando os moradores comparam a residência anterior com a atual, 88% afirmam que a proximidade com serviços de comércio piorou. Quase 80% dizem que as paradas de ônibus e os postos de saúde estão mais longe.

 

Problema e solução

Elenildo da Silva, 41, se encaixa no perfil da pesquisa. Ele saiu de Santa Maria para morar no Paranoá Parque e se diz satisfeito com o local. “É melhor ficar pagando o que é da gente do que pagar aluguel e não ver mais o dinheiro.”, compara. No entanto, quando o assunto passa a ser o comércio da região, ele desanima: “Tudo que precisa tem de ir para o Paranoá, porque de comércio só tem umas vendinhas aqui, não tem mercado.”

Moradores do Paranoá Parque reclamam da falta de estrutura, como postos de saúde, escolas e ônibus. Elenildo da Silva Brasilia: 28-06-2018 Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasilia

O casal Aline Fernanda, 28, e Ângela Josina, 42, também reclama da falta de opções de compra no Paranoá Parque. “Não tem uma farmácia”, lamenta Ângela. As críticas, no entanto, não param por aí: segundo elas, o policiamento não é bom. “A gente quase não vê polícia passando aqui. Quando vem é depois da ocorrência. Aí não adianta”, criticam.

Moradores do Paranoá Parque reclamam da falta de estrutura, como postos de saúde, escolas e ônibus. Aline Fernanda com o filho. Brasilia:28-06-2018 Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasilia

O transporte público também deixa a desejar, de acordo com Aline. “Colocaram várias paradas aqui e não passa ônibus. Além disso, se você quer ir para outros lugares tem que pegar o 100.2, que passa lá perto do aeroporto e demora duas horas para chegar à Rodoviária do Plano Piloto.”, comenta.

Juliana Pereira, 27, no entanto, não tem muitas reclamações. Ela conta que morava num barraco na invasão do Noroeste que não tinha luz nem água. Agora, se sente mais segura apesar de não estar satisfeita com o hospital regional. “É bem mais ou menos, mas, se chegar com criança lá, eles atendem.”

Vizinhança unida

Outro ponto da pesquisa que chama a atenção, de acordo com a Codeplan, é a confiança que os moradores afirmam ter com relação aos vizinhos. Quase 60% dos entrevistados afirmaram já ter emprestado ou pedido algum objeto ou algum alimento para vizinhos. “Já há redes de vizinhança. Isso é importante porque geralmente não há essa confiança em um lugar que foi inaugurado tão recentemente (2016)”, observa Ana Nogales.

Um ponto positivo no estudo que ouviu quase 1.500 moradores é quando se pergunta sobre a situação estrutural da moradia. Numa nota que varia entre 0 e 7, os aspectos contemplados, como ter espaço suficiente, boa iluminação e boa distribuição dos cômodos, ganharam nota acima de 5.

Versão oficial

Procurado acerca das críticas às linhas de ônibus, o DFTrans informou que, a partir deste sábado (30), as linhas 0.784, 100.2 e 761.2, que atendem ao Paranoá Parque, terão o itinerário alterado, passando a rodar também entre os conjuntos 1 e 3, 2 e 4, 6 e 8 e 5 e 7 do residencial. Além disso, a linha 761.2 passará a operar com onze saídas diárias.

Já a Secretaria de Saúde, ao ser perguntada sobre o descontentamento da população local com a disponibilidade de postos de saúde e hospitais, informou que, no início do segundo semestre, entrará em funcionamento a Unidade Básica de Saúde nº 3 que contará com seis equipes de Saúde da Família responsáveis pela cobertura de todo o Paranoá Parque.

A Administração do Paranoá também respondeu às críticas com relação à falta de comércio dizendo que existe um empreendimento em andamento, chamado Shopping Paranoá. Esse local, segundo a Administração, contará com vários serviços que facilitarão a vida dos moradores. Ainda de acordo com a Administração, o edital de licitação dos 27 quiosques situados nas praças do Paranoá Parque está em fase de conclusão.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal (SSP/DF) diz que está tomando medidas para melhorar a segurança no Paranoá Parque. Um levantamento foi realizado na região e apresentado para as forças de segurança e outros órgãos do governo. A pasta destaca que o local conta com policiamento 24 horas, principalmente em  locais de maior vulnerabilidade

Já a Secretaria de Educação do DF acrescenta que o Paranoá Parque é uma das prioridades para a expansão do atendimento da rede pública de ensino e pontua: “O primeiro passo foi a inauguração da Comunidade de Aprendizagem do Paranoá (CAP), escola com sistema de ensino inovador e que atende cerca de 560 alunos da região”.

A secretaria diz que trabalha para construir três unidades escolares: uma Escola Classe, um Centro Educacional e um Centro de Ensino Infantil. As unidades vão atender especificamente moradores do complexo e terá capacidade para 700 a 900 estudantes cada uma.

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