Raphaella Sconetto
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Nos carros, na porta das casas ou no chão, os santinhos e folhetos eleitorais tomaram tomar conta da cidade. Eleitores criticam essa forma de propaganda política, mas sentem que, em relação ao último pleito, em 2014, a quantidade da sujeira diminuiu. No domingo (7), o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) realizará uma ação especial para a limpeza da cidade, das 16h às 22h.
Este ano, os cinco candidatos mais bem-cotados nas pesquisas já gastaram R$ 712.768 com publicidade impressa. Alberto Fraga (DEM) usou mais de R$ 308 mil em impressões. Em segundo lugar, aparece o candidato à reeleição Rodrigo Rollemberg (PSB), que gastou R$ 206.398. Em seguida, vêm Ibaneis Rocha (MDB), que desembolsou R$ 150 mil; Eliana Pedrosa (Pros), com R$ 30.940; e, por fim, Rogério Rosso (PSD), que, oficialmente, foi o mais comedido, despendendo R$ 16.500.
No lixo
A ambulante Maria Estavão, 47 anos, trabalha no centro de Ceilândia, local onde não foi difícil encontrar os papéis em meio a carros e pedestres. “Se não limpassem todos os dias, estaria tudo muito sujo”, conta ela. “Toda hora passa alguém distribuindo. Para não jogar no chão, guardo e jogo no lixo.”
Para Maria, apesar da sujeira, os folhetos são necessários. “Tem gente que não tem televisão em casa e não consegue acompanhar. Aí os santinhos ajudam a quem não tem como ver os debates, por exemplo. Eu peguei para me ajudar na hora de votar, para não esquecer o número dos meus candidatos.”
Já o enfermeiro Vicente da Costa, 43, acredita que o ideal seria investir na internet. “Estamos na era da tecnologia. Os santinhos são mais um gasto, mais poluição. Os papéis na rua não vão ajudar, porque quem sabe o candidato que vai votar não precisa pegar mais papel”. Vicente, porém, avalia que as eleições passadas deixaram mais sujeira nas ruas.
Com as eleições, santinhos têm gerado acúmulo de lixo na rua. Taguatinga. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília
Distribuição é livre, mas tem regras
“Não há nenhuma lei que proíba o santinho. Por isso, os candidatos podem distribuir livremente”, afirma o especialista em direito eleitoral Nelson Buganza. No entanto, ele pondera: “Houve uma drástica diminuição nos recursos para a campanha em função da proibição do financiamento das empresas privadas. Por isso, diminuiu também a quantidade de santinhos e outros materiais impressos. Muitos têm investido na internet, porque é mais barato”.
O especialista alerta que aqueles que forem flagrados distribuindo santinhos no dia do pleito podem ser multados e responder por propaganda eleitoral irregular.
Fiscalização
“O Ministério Público pode acionar o TRE [Tribunal Regional Eleitoral], que vai analisar a denúncia”, adverte. “A fiscalização existe, sempre existiu, só não ficamos sabendo. Os santinhos não desapareceram, mas será muito menos que na eleição passada”.
No domingo, não será permitido espalhar santinhos nas proximidades dos locais de votação. Também está vetada a distribuição de qualquer tipo de folheto nesses locais. A entrega de material gráfico poderá ser feita até as 22h do sábado (6), véspera das eleições. Em tempo: adesivos, segundo a lei, não poderão exceder a medida padrão de 50cm x 40cm.
Saiba Mais
Apesar da distribuição dos santinhos ser comum nesta época, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) informou que não houve aumento na demanda nos serviços de catação e varrição.
Para evitar a sujeira nas ruas, o SLU promoverá uma ação especial no dia da eleição. Serão 1,3 mil garis espalhados nos pontos de votação indicados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
No entanto, quem for votar pela manhã e no início da tarde pode encontrar os locais sujos, pois a ação será das 16h às 22h. “O SLU conta com a colaboração de todos os eleitores e candidatos para que continuem mantendo a limpeza da cidade”, solicita o órgão, em nota.
