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Brasília

Polícia investiga se homem incendiou apartamento para mascarar feminicídio

Arquivo Geral

30/01/2019 18h11

Quarto onde o incêndio ocorreu ficou destruído. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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Após constatar que se trata de feminicídio, agora a Polícia Civil investiga se o incêndio que consumiu o apartamento na 310 Norte foi proposital, para abafar os indícios do crime. Veiguima Martins, 56 anos, foi morta com cinco facadas e teve seu corpo carbonizado. O marido dela, José Bandeira da Silva, 80 anos, também morreu após inalar a fumaça. O crime aconteceu na madruga desta quarta-feira (30).

Segundo Laercio Rosseto, delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), não há dúvidas de que Veiguima  foi assassinada a facadas. “Já nas primeiras horas de necropsia no IML (Instituto Médico Legal), o perito nos confirmou que havia cinco perfurações pelo corpo, provavelmente de faca, que atingiram o tórax e a levaram à morte”, explica.

“Não descartamos a possibilidade do incêndio ter sido provocado para mascarar. No apartamento, achamos uma caixa de fósforo com resquícios de sangue. Será enviada para perícia. Mas, de fato, não haveria motivo para causar incêndio se não fosse tentar ocultar”, completa.

Por conta da fumaça, José Bandeira acabou sofrendo uma parada cardiorrespiratória. Provavelmente ele tenha perdido a consciência dentro do apartamento, onde caiu. O Corpo de Bombeiros chegou a prestar socorro, mas ele faleceu na cozinha. Além disso, conforme o delegado, em sua nuca havia um corte profundo, além de outros pequenos na mão.

Familiares dizem que Veiguima já sofria agressões do marido. Foto: Reprodução/Facebook

Brigas constantes

Vizinhos e um filho de Veiguima confirmaram ao delegado que o relacionamento do casal era conturbado. Juntos há pelo menos dez anos, Veiguima e José Bandeira discutiam com frequência. “Vizinhos relatam que ele era bastante agressivo”, resume. Em março do ano passado, a mulher registrou um boletim de ocorrência de violência doméstica, na própria Delegacia da Mulher (Deam). “O caso seguiu para o Judiciário, mas o processo correu em segredo de Justiça. Não temos muitas informações. Naquela ocorrência, ela relatou que ele tinha feito ameaças de matá-la”, pontua Rosseto.

Nessa madrugada, Veiguima gritou por socorro, mas a ajuda chegou tarde demais. “Os vizinhos contam que a partir das 3h começaram a ouvir barulho, como se pedaços de madeira batessem no chão, e a ouviram pedir socorro. Quando o Corpo de Bombeiros chegou, o apartamento estava incendiado”, completa o delegado.

Delegado Laercio Rosseto. Foto: Breno Esaki/Cedoc Jornal de Brasília

Registre ocorrência

Esse é o segundo caso de feminicídio na semana. Na segunda-feira (28), Diva Maria Maia da Silva, 69 anos, morreu com seis tiros. O autor do crime era o seu marido, Ranulfo do Carmos Silva, 72 anos.

“A violência contra a mulher é um crime silencioso, que está na intimidade do casal, e acontece entre quatro paredes. A Polícia Civil busca conscientizar as mulheres a denunciarem, para evitar uma tragedia maior”, alerta o delegado.

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