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Pneumonia ultrapassa a covid e é a doença que mais mata no DF

Nos dois primeiros meses de 2022, a pneumonia foi a causa da morte de 606 pessoas, enquanto o coronavírus tirou a vida de 417 brasilienses

Redação Jornal de Brasília

07/03/2022 17h31

Foto: Agência Brasília

Gabriel de Sousa
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A pneumonia ultrapassou a covid-19 como a maior responsável pelos óbitos ocorridos no Distrito Federal. De acordo com o Portal de Transparência do Registro Civil, 606 brasilienses morreram em decorrência da doença até o início deste mês de março, enquanto 417 faleceram devido à covid, evidenciando que até o presente momento, a pneumonia mata 31% a mais do que a covid em 2022.

Os números mostram que cerca de um quinto das mortes causadas por doenças respiratórias neste ano são causadas pela pneumonia. Em janeiro, 355 mortes foram contabilizadas, sendo o mês mais letal desde o início dos registros feitos pelo Governo Federal em 2019, com uma média de 11 mortes por dia. Em comparação, 112 brasilienses faleceram por covid no mesmo período, uma quantidade de vítimas três vezes menor.

Em fevereiro, 239 pessoas morreram de pneumonia no DF, representando uma média de 9 mortes diárias. Com o avanço da pandemia, foi registrado um número maior de mortes por coronavírus, 302 nos 28 dias do último mês, sendo proporcional a aproximadamente 11 mortes em 24 horas.

O Portal do Registro Civil mostra que nos primeiros sete dias deste mês de março, 32 pessoas morreram por pneumonia, representando uma média móvel atual de 5 mortes diárias. O órgão também informou que 23 brasilienses faleceram por covid na primeira semana deste mês.

A pneumonia é geralmente causada por bactérias, e uma das formas mais comuns de se infectar é a partir de gripes ou resfriados mal cuidados. O vírus influenza, por exemplo, pode causar a doença e complicar com infecção bacteriana. O adoecimento causado por fungos é raro e ocorre principalmente quando o sistema imunológico está especialmente deficiente, como nos casos de imunodeficiências congênitas ou adquiridas.

Saúde diz que pandemia influenciou aumento e indica vacinas

De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), um dos motivos que colaborou para o crescimento do número de mortes foi a interrupção de acompanhamento ambulatorial adequado para pacientes contaminados durante o auge da pandemia. A Secretaria também informou que fatores relacionados à sequelas pós-covid também podem ter influenciado no aumento registrado.

Em uma nota oficial enviada para o Jornal de Brasília, a pasta disse que não disponibiliza leitos exclusivos para pacientes com pneumonia, e que esses pacientes são encaminhados para os leitos gerais de UTI. Dados do InfoSaúde mostram que 95% dos leitos públicos e 83% dos privados estavam ocupados nas últimas 24 horas.

A SES disse também que disponibiliza todos os três tipos de vacinas que ajudam a prevenir a pneumonia. A vacina pneumocócica 23-valente está disponível para os indivíduos com 60 anos e mais e que vivem acamados e/ou em instituições fechadas (casas geriátricas, hospitais, unidades de acolhimento/asilos, casas de repouso).

A segunda vacina é a pneumocócica 10-valente, que é aplicada em crianças de 2 e 4 meses, com reforço aos 12 meses de idade. Os dois modelos de imunizantes estão disponíveis em todos os postos de vacinação espalhados pelo Distrito Federal.

Por último, a vacina pneumocócica 13-valente é indicada para pessoas com necessidades especiais, e estão disponíveis nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE). A Secretaria de Saúde também indica o imunizante para portadores de HIV/AIDS, pacientes oncológicos, transplantados de órgãos sólidos e células tronco hematopoiéticas.

Especialista diz que vacinas contra a covid podem combater complicações

Para o infectologista Dalcy Albuquerque, o grande número de casos de influenza e H2N1 ocorridos no início do ano de 2021, podem ser fatores que influenciaram no aumento dos números de óbitos por pneumonia, já que a maioria dos casos da doença se originam a partir das contaminações gripais.

“A influenza é uma infecção viral, e que tem como complicação final muito frequentemente a infecção bacteriana, e então o paciente pode pegar uma pneumonia bacteriana e acabar morrendo. É muito provável que esses grandes casos de janeiro estejam ligados com esse surto de Influenza entre dezembro e janeiro”, afirma.

O infectologista explica também que essas complicações bacterianas não possuem uma ligação comprovada com a covid, e também não se desenvolve em grande número nos pacientes infectados, salvo aqueles pacientes que possuem fatores de risco, e que já estavam com a doença em um estado avançado. “Nós estamos vendo nesse momento que os que estão internados e que infelizmente estão morrendo, são justamente as pessoas com más comorbidades”, comenta o especialista.

Dalcy observa que as pessoas que se vacinaram contra a covid-19 possuem menos chances de obterem pneumonia por sequelas da doença do que os não-vacinados: “A pessoa que se vacina, tem uma chance reduzida de ter qualquer tipo de doença grave, e entre essas doenças graves, estão também essas complicações”.

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