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Brasília

Pistão Sul: afunilamento de pista e falta de sinalização confundem até DER

Arquivo Geral

05/12/2018 7h00

Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasilia/Jornal de Brasilia

Jéssica Antunes
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Motoristas que enfrentam o trânsito no Pistão Sul diariamente precisam de sorte e paciência. Sem sinalização horizontal ou vertical, ninguém sabe quantas faixas existem no trecho próximo à estação Taguatinga Sul da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF). Não bastasse isso, o afunilamento na ponte sobre os trilhos dos trens faz com que seis faixas virem duas. Não tem jeito: o trânsito para.

No sentido norte-sul, que leva à Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), se encontram os veículos das duas faixas principais da DF-001, de um retorno, da pista marginal e de uma subida ao lado da estação. Assim, na prática, carros de seis faixas precisam se prensar nas duas da ponte. Isso gera um engarrafamento quilométrico, encarado diariamente pelos condutores – especialmente nos horários de pico.

Ao mesmo tempo, as pinturas no asfalto sumiram há tempos, deixando o mistério para os motoristas desvendarem, ou só descobrirem quando a multa aparece na caixa do correio. Por lei, o tráfego no acostamento é proibido. No entanto, sem pintura, placa ou mudança na estrutura física da pista, o condutor não sabe exatamente se o espaço livre à margem na pista pode ou não ser utilizado. O problema ocorre especialmente no sentido sul-norte.

Paloma Silva trafega pela pista diariamente. Motorista de caminhão e motociclista, a mulher de 35 anos reclama: “A via tem muito movimento porque é de ligação. Tem carro, ônibus, caminhão, carreta, moto. Não cabe na pista e a gente sempre enfrenta muito trânsito. Como usuária, fico completamente perdida com a falta de sinalização. Nada é claro por aqui”.

Ela diz que não sabe se são duas ou três faixas. Com a incerteza, se arrisca na faixa da direita para fugir dos engarrafamentos. “Tenho a impressão que é de uso normal porque não tem placa ou faixa contínua, mas nem todo mundo trafega por ela, então não tem como ter certeza. Parece que o governo precisa esperar o limite do caos para fazer qualquer tipo de intervenção. Não se pensa no futuro, só sabem fazer obras emergenciais”, aponta.

Alex da Silva, autônomo de 28 anos, mora no Areal e tem o Pistão Sul, como trajeto obrigatório. “É muito complicado porque a gente nunca sabe o que a pista da direita é. O asfalto parece igual e não tem faixas pintadas, então não tem marcação que deixe claro. Tem gente que anda, tem gente que não. Quem se arrisca tem chance de ser multado”, reclama.

Em relação ao afunilamento das pistas, o autônomo considera um problema “ridículo”. “O projeto do viaduto sobre o metrô deveria ter sido melhor estudado”, critica o homem, que diz pegar engarrafamento “todo santo dia”: “Não tem o que fazer. Independentemente do horário, sempre tem retenção”.

“Fico perdida com a falta de sinalização. Nada é claro por aqui”, reclama Paloma Silva. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasilia

Nem o próprio DER sabe

A área do Pistão Sul é de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER). Por meio da assessoria de imprensa, a autarquia informou que enviará uma equipe ao local para que sejam tomadas medidas paliativas em caráter emergencial. Só após o parecer dos técnicos será possível desvendar o mistério e informar a quantidade de faixas de rolamento, se há acostamento e se o local é critico.

O órgão aponta que duas licitações já foram realizadas para revitalizações no Pistão Sul, que não prosseguiram, por falta de interessados.

“Na primeira, não apareceram empresas interessadas. Na segunda, houve uma vencedora que, no entanto, desistiu antes de assinar o contrato. A autarquia fará novas licitações – desta vez, separando as obras de sinalização das de drenagem, que, provavelmente, serão apresentadas em 2019”, detalha o departamento, em nota enviada ao JBr.

Ponto de Vista

Para Márcio de Andrade, especialista em trânsito, é preciso fazer um estudo de engenharia de tráfego na região. “Todo tipo de conflito decorre de aumento de fluxo, inobservância da sinalização ou carência de sinalização. Os três aspectos podem ser resolvidos com estudo viário. O órgão executivo de trânsito precisa ir ao local com equipe de especialistas, observar horários de pico, contar fluxo de veículos e de onde ele provém para fazer intervenções”, aponta.


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