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Brasília

Pessoas com Esclerose Múltipla sem medicamento

Desabastecimento nas farmácias de alto-custo deixa pacientes desesperados com progressão em doença

Redação Jornal de Brasília

10/05/2024 5h00

Esclerose múltipla precisa de atenção, principalmente entre jovens de 20 a 30 anos

Por Luís Nova
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Pacientes autoimunes com Esclerose Múltiplas estão desde abril sem receber os medicamentos que controlam a doença. A Secretaria de Saúde do DF confirmou o desabastecimento e diz aguardar o Ministério da Saúde. Enquanto o remédio não chega, os pacientes ficam desesperados com medo do progresso na doença e diminuição na qualidade de vida.

A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica, crônica e autoimune. As células de defesa do organismo atacam o sistema nervoso central e isso provoca lesões no cérebro e na medula. O paciente sem o devido tratamento acaba sofrendo mais com a doença pois sem o controle do remédio a doença autoimune se amplifica e antecipa os ataques ao cérebro e medula. A medicação custa em média R$10 mil por aplicação.

A aposentada Helena Costa , de 54 anos, foi diagnosticada com a doença em 2003 e há quatro anos começou a tomar a medicação Natalizumabe que ajuda na melhora da qualidade de vida e, também, diminui o avanço da doença. Se ela não tomar o remédio neste mês, ficará dois meses sem o tratamento adequado. “É um descaso, uma negligência! Essa medicação é para o nosso bem estar, para nossa saúde. A medicação é prioridade em nossas vidas!”, desabafa a aposentada.

O professor aposentado Renistelle Lemos, de 55 anos, não conseguiu a medicação para o seu filho de 28 anos, diagnosticado em dezembro com Esclerose Múltipla. “O tratamento começou no começo do ano e agora em maio não tem a medicação. Meu filho pode ficar cego, surdo e ter até incapacidade permanente se não tomar o remédio. Estou desesperado, pois sou pai e faço tudo pelo meu filho. Se pudesse trocaria de lugar com ele”, afirma o professor.

A presidente da Associação de Pessoas com Esclerose Múltiplas (Apemigos), Ana Paula Morais, informou que no DF existem 1200 diagnósticos de pessoas com a doença, mas que nem todos usam o Sistema Único de Saúde (SUS), e quase 600 associados na Apemigos. Segundo a presidente, a situação é grave e pode trazer diversos problemas para os pacientes.

“Sem o medicamento podem acontecer diversas sequelas irreversíveis, com isso levar a uma aposentadoria precoce e a perda da qualidade de vida! A falta da medicação é um descaso, é uma falta de humanidade. Estamos falando de seres humanos que precisam deste medicamento!”, pontua Ana Paula.

Procurada, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou que o medicamento Natalizumabe está em falta e aguarda o envio pelo Ministério da Saúde. Já o medicamento Alentuzumabe está disponível na rede pública. Ainda segundo a SES-DF, no DF atualmente estão cadastrados 268 pessoas para tomar o Natalizumabe e 30 pessoas para o Alentuzumabe.

“A SES-DF mantém contato constante com o Ministério da Saúde, e em contato recente para monitoramento quanto aos estoques da medicação, o Ministério da Saúde informou que está em fase contratual final para posterior recebimento da medicação e distribuição aos estados”, explicou a SES-DF.

Questionado sobre a falta do medicamento, o Ministério da Saúde informou que hoje está previsto a entrega a rede pública do Distrito Federal. “A entrega do medicamento Natalizumabe na Secretaria de Saúde do Distrito Federal está agendada para esta sexta-feira (10). Reforça-se que a pasta tem envidado esforços em manter seu compromisso de abastecer e entregar os quantitativos aprovados às Secretarias Estaduais de Saúde e Distrito Federal em sua integralidade”, conclui a pasta.

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