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Brasília

Pesquisa CNT de rodovias conclui que 54% dos trechos no DF apresentam problemas

No Distrito Federal, foram analisados 451 quilômetros, que representa o,4% do total pesquisado no Brasil

Redação Jornal de Brasília

30/11/2023 13h20

Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Lúrya Rocha

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou, em coletiva de imprensa na manhã de ontem (29), os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2023. No Distrito Federal, 54,4% do percurso analisado apresentou algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima, demonstrando uma importante demanda de melhor desempenho das autoridades e gestores de infraestrutura. O estudo deste ano avaliou cerca de 111.502 quilômetros da malha rodoviária pavimentada do Brasil e abrangeu todas as rodovias federais, assim como os principais trechos estaduais.

Considerado o maior e mais completo estudo sobre infraestrutura rodoviária no Brasil, o objetivo principal é coletar as características e avaliar a qualidade das rodovias pavimentadas brasileiras. Além disso, oferece aos transportadores rodoviários elementos para o planejamento de rotas, contribui para o melhor desempenho do sistema de transporte, registra pontos críticos e deficiências na malha e auxilia em projetos privados, programas governamentais e atividades de ensino. A divulgação da pesquisa contou com a presença e apoio de nomes importantes no setor, como Renan Filho, ministro dos transportes, e Vander Costa, presidente da CNT. Aconteceram debates a partir dos resultados e o diretor executivo da CNT, Bruno Batista destacou, logo na apresentação, o cenário atual no setor estudado: A malha brasileira tem uma baixa oferta que se contrapõe à demanda crescente, dessa forma, a precarização se torna mais evidente, com a ineficiência logística, falta de segurança, saturação da capacidade e perda de competitividade do país. Destacando, assim, a necessidade de modernização e ampliação.

No Distrito Federal, foram analisados 451 quilômetros, que representa o,4% do total pesquisado no Brasil. Os principais critérios avaliados foram: Pavimento, sinalização, geometria da via e pontos críticos. Tudo isso afeta o estado geral da via, que é percebido pelo motorista, e pode ser classificado em uma escala de ótimo a péssimo. Sobre a pavimentação no DF, a maior parte da extensão da malha rodoviária avaliada (63%) têm condições satisfatórias, os outros 37% apresentam problemas. Na sinalização, apenas 22,9% se encontram em condições boas ou ótimas, o resto (77,1%) é considerado regular, ruim ou péssimo. Por fim, no quesito geometria da via (traçado), a maior porcentagem, de 54,7%, apresenta algum tipo de problema. Todas essas análises resultaram no estado geral de 54,4% das malhas rodoviárias pavimentadas do DF com problemas e 45,6% em bom ou ótimo estado.

A pesquisa também fez levantamentos sobre custos, impactos e investimentos. Considerando o âmbito nacional, existe um grande impacto econômico relacionado a condição das rodovias, uma vez que o estado de pavimentação interfere no custo operacional do transporte rodoviário e isso reflete nos gastos do consumidor final, com o aumento do preço do frete. “A baixa qualidade das rodovias vem gerando aumento dos custos operacionais para o transportador, como gastos desnecessários com combustível, além da excessiva emissão de poluentes. Estes custos adicionais, por sua vez, acabam onerando o preço praticado do frete que precisa ser, de alguma forma, repassado ao consumidor final”, explica a pesquisa.

Especificamente no Distrito Federal, as condições do pavimento na região geram um aumento de custo operacional do transporte de 25,8%, que reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos. O alto custo dos acidentes também é destaque, o prejuízo gerado por acidentes rodoviários registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi de R$164,54 milhões em 2022. No mesmo ano, o governo não gastou com obras de infraestrutura rodoviária de transporte.

Para além dos gastos econômicos, a precarização dessas vias causa grandes impactos ambientais. Até o fim de 2023, estima-se que haverá um consumo desnecessário de R$3 milhões de litros de diesel devido a má qualidade da pavimentação. Foi calculado que esse desperdício vai custar mais de R$19 milhões aos transportadores.

Como de costume, foram apresentadas propostas de solução e, no caso do DF, grande parte delas se baseia no investimento. São necessários R$477 milhões em ações emergenciais (reconstrução e restauração), e de manutenção para recuperar as rodovias. Apesar da grande demanda e de um total de R$35 milhões autorizados pelo governo federal para a infraestrutura rodoviária no DF em 2023, não aconteceram investimentos até setembro nesse setor. Como complemento, Bruno Batista ressaltou a importância de haver concessões, com um programa de parcerias público-privadas (PPPs) patrocinadas para a manutenção de rodovias, diminuindo, assim, a pressão sobre o orçamento. “Com o investimento acontecendo da forma correta e os níveis de manutenção sendo executados a tempo, não se deixando progredir os problemas, a gente pode ter mais rodovias públicas com bom nível de qualidade”, concluiu.

Outros dados divulgados sobre o Distrito Federal:

  • Apesar das estatísticas pouco animadoras, a pesquisa identificou apenas um ponto crítico
  • Não foi constatada rodovia com pavimentação totalmente destruída
  • Cerca de 8% das vias não tem faixa central e 20% não tem faixas laterais
  • As pistas simples predominam em 53% das rodovias
  • Falta acostamento em 33% dos trechos avaliados
  • Mais de 40% dos trechos com curvas perigosas não tem sinalização

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