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Brasília

Pediatra atende crianças vulneráveis em consultório móvel e vestido de super-herói

Acompanhado da esposa, o pediatra Ricardo Fonseca, de 38 anos, estaciona seu trailer em diferentes regiões administrativas do DF

Marcos Nailton

29/05/2023 15h19

Foto: Arquivo pessoal

Oferecendo atendimento humanizado e voluntário a crianças que vivem em situação de vulnerabilidade social, o pediatra, Ricardo Fonseca, 38 anos, tem auxiliado na vida de diversas famílias do Distrito Federal. Vestido de super-herói e em seu consultório móvel caracterizado na temática dos personagens fictícios, o médico percorre a capital atendendo as comunidades mais carentes.

O “Super-Pedriatra”, personagem criado por Ricardo, dedica seu tempo, pelo menos uma vez por mês, ao trabalho voluntário. “Tudo começou na Ceilândia, foi o primeiro local escolhido para o atendimento. Fiz residência no Hospital Regional de Ceilândia e morei lá por dois anos. Meu carinho por essa região é grande”, disse o pediatra.

A todo momento ao lado, a esposa de Ricardo, a otorrinolaringologista Sara Anieli, auxilia o pediatra nos atendimentos às crianças. Sua concunhada, fica encarregada na parte da triagem dos pacientes – pesando e medindo as crianças –, já seu sogro, fica a frente da condução do trailer em sua caminhonete. Em média, são 40 atendimentos em apenas um dia.“Desde o início recebi muito apoio”, afirma.

Em uma das últimas ações, realizada na cidade Estrutural no último dia 18 de maio, Ricardo e Sara atenderam cerca de 35 crianças da região. Geralmente, a maioria dos pequenos chegam com problemas respiratórios e quadros intestinais que precisam de atenção. O casal faz parcerias com igrejas e líderes comunitários das regiões visitadas, selecionando as famílias que mais precisam. Após o atendimento, as crianças ainda recebem os medicamentos para o tratamento.

Ricardo realiza trabalhos e atendimentos voluntários há pouco mais de 12 anos. A ideia de aperfeiçoar o atendimento, transformando em móvel, surgiu em 2020 quando o pediatra e sua esposa voltavam da igreja. “Voltando da igreja eu tive essa ideia, e perguntei para a minha esposa se ela achava que era loucura. Ela disse que loucura seria se eu não escutasse a voz de Deus”, conta o pediatra.

Foi necessário seis meses juntando dinheiro para poder comprar o trailer. “Desde sempre atendi crianças em creches e escolas como voluntário, mas a situação era muitas vezes de forma improvisada, atendendo com um colchonete no chão”, recorda.

Acolhimento e empatia

Ricardo relembra de uma situação que o comoveu muito, logo no início do projeto, em meados de 2020. “A mãe me relatou que o atendimento, o consultório móvel foi realmente uma coisa de Deus e resposta das suas orações. Ela disse que tinha rodado com a criança em dois hospitais e não conseguiu atendimento de forma nenhuma. E quando ela viu que o atendimento no consultório era gratuito, e que a criança já sai medicada, teve certeza que foi exposta das suas orações”, conta.

Em outro caso, o pediatra medicou uma criança que estava num quadro de pneumonia. “Passei antibiótico e pedi para a mãe guardar na geladeira o antibiótico, e ela falou que não tinha geladeira. Nisso, me convidou para ir na casa dela conhecer e realmente não tinha energia, a casa era no chão batido, de placas. Então a gente vê como a realidade de muitas pessoas ainda é difícil, mesmo em Brasília”, afirmou.

O médico destacou ainda que rodando por vários cantos no Distrito Federal, percebe que a cidade é muito rica, entretanto, possui alguns opostos. “A gente sabe que o atendimento pediátrico deixa muito a desejar e é uma demanda muito alta para poucos centros de referência. Na própria Estrutural e na Chácara Santa Luzia, a gente pode ver que pequenos gestos podem fazer realmente diferença na vida de quem mais precisa. Foi justamente pra isso que eu fiz o consultório móvel”, finalizou Ricardo Fonseca.

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