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Brasília

Vídeo: pedestre pede passagem

Pesquisa revela que a maioria dos brasilienses usa as travessias subterrâneas do Eixão. 57% das 25 mil pessoas ouvidas são mulheres

Afonso Ventania

19/07/2023 17h00

Foto: Renato Alves/ Agência Brasília

As travessias subterrâneas do Eixão Sul e Norte são um problema antigo da capital que parecem não ter solução. Há tempos, pedestres têm preferido arriscar a própria vida na travessia por cima, pela via com limite de 80km/h.

Alegam a insegurança das passarelas, muitas vezes usadas por criminosos ou usuários de drogas. Pesquisa apresentada na manhã desta quarta-feira (19/7) sobre a travessia no Eixão, realizada pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), mostra que o cenário pode estar em transformação.

O levantamento revelou que, ao contrário do que se imaginava, 94% das 25 mil pessoas ouvidas atravessam o Eixão por baixo. Outro dado que surpreendeu os pesquisadores é que mais da metade, 57% dos entrevistados, são mulheres. Ou seja, o medo de sofrer atropelamento é maior do que um eventual assédio sexual ou outro tipo de violência. O estudo foi realizado entre novembro e dezembro de 2021.

Foram avaliadas 16 passagens subterrâneas avulsas, seis passagens pelo Metrô-DF e mais a passagem superficial da 116/216 Norte. O levantamento foi realizado somente até às 19h.

O objetivo, segundo a diretora responsável pelo estudo, Renata Florentino, foi analisar o fluxo das passagens, horários de maior movimento, motivação do deslocamento e a avaliação do brasiliense.

“Queríamos identificar o perfil atual dos usuários das travessias do Eixão Sul e Norte. E encontramos dados muitos interessantes, como a maioria das pessoas que utilizam esses espaços são as mulheres. Outra desconstrução do senso comum é que a maioria dos pedestres atravessa a via pelas passagens subterrâneas e não por cima, como se imagina”, comemora. De acordo com ela, a pesquisa agora segue para Secretaria de Transporte e Mobilidade para subsidiar as ações dos gestores públicos.

Resultados

Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

De acordo com o levantamento, a movimentação de pedestres na Asa Sul é maior do que na Asa Norte. As travessias no metrô na Asa Sul atraem um volume maior de usuários do que todas as demais juntas, contabilizando 13.410 mil pedestres. O destaque é na altura da entrequadra 114/115.

A quantidade de usuários aumenta significativamente nas travessias que ficam próximas aos pontos de atração de trabalhadores, como os setores Bancário e Hospitalar Sul. Essas regiões concentram mais de 20% de todo a circulação.

Nos eixinhos L e W, 58,82% e 73,52% utilizam as passagens subterrâneas, respectivamente. Apenas na 115/215 Norte, a maioria (55%) prefere disputar o espaço com os carros nas vias. Em todas as travessias, o horário de pico concentra-se das 7h às 9h e das 15h às 17h. “Tenho medo de atravessar pela passagem subterrânea. Já cruzei com gente usando droga e tenho medo de ser assaltada ou coisa pior”, diz a cuidadora de idosos, Ivana Medeiros, 37 anos, que cruza o Eixão em um dos horários de maior trânsito.

Para o coordenador da Associação Andar a Pé, Wilde Gontijo, a pesquisa ajudou a quantificar os usuários das passagens subterrâneas e a evidenciar alguns outros aspectos. “Os moradores do Plano Piloto não costumam usar as passagens. Elas são usadas por trabalhadores de outras regiões que trabalham na Asa Sul e Norte. Outro ponto é que, infelizmente, elas não são acessíveis para as pessoas com deficiência”, lamenta. Ele destacou, no entanto, a importância do trabalho entre o poder público e a sociedade. “Essa parceira é indispensável para criarmos uma cidade para pessoas e com menos carros”, conclui.

O relatório foi realizado em parceria com colaboradores da Universidade de Brasília e da Associação Andar a Pé.

Confira o relatório na íntegra:

Relato?rio – Travessias do Eixa?o (1) (1) by Jornal de Brasília on Scribd

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