Amanda Karolyne
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Com 20 anos de carreira, a jogadora de vôlei Paula Pequeno, brasiliense que conquistou títulos nas quadras Brasil afora, já desfilou como modelo, é mãe, palestrante e fundadora da Escola de Vôlei na capital. Atualmente, atacante do Brasília Vôlei, ela ainda faz planos de ser atriz. “Quando eu coloco uma coisa na cabeça, eu vou atrás, e as oportunidades que me dão eu procuro aproveitar”, conta.
Referência e inspiração, a mãe Gercione Marques sempre foi incentivadora: exemplo de mulher guerreira, forte, de origem humilde que enfrentou situações difíceis. É assim que Paula, que se tornou mãe dez anos atrás, enxerga a matriarca da família. A força e a energia que movem a jogadora, ela diz, é a filha Mel. “Pode estar tudo do jeito que for, mas se ela está feliz, pra mim, já é meio caminho andado. Ela me ilumina”, diz.
O esporte exige uma rotina de muita dedicação. O desafio é conjugar os papéis de mãe, mulher e atleta. “Ser mulher e atleta é um pouco mais complicado do que ser só mulher, ou ser só atleta”, afirma. São coisas que, para ela, se fortalecem quando juntas, apesar do desafio.
Paula diz que nem sempre se dá conta do papel importante que o exemplo dela exerce sobre a vida de outras mulheres. “Na verdade, a gente não tem muita noção não. No meu aniversário agora, comemorei 20 anos de carreira, e muitas atletas que conviveram comigo durante muitos anos fizeram declarações do quanto eu fui importante na carreira delas, na vida delas. A gente só tem noção do efeito que a gente pode causar na vida de uma mulher quando essas coisas são declaradas, e é quando tomamos um susto, o choque de realidade”, diz.
Exemplo a ser seguido
A jogadora explica que sempre se assusta com a grande responsabilidade que tudo isso representa, pois ela deve sempre dar exemplo de conduta, carreira e caráter. “Tenho uma fã que estava com síndrome do pânico e, de repente, me viu jogando na madrugada e se espelhou em mim, se agarrou naquilo e saiu disso, e, uma semana depois, estava procurando emprego e reviveu”, conta.
O momento mais marcante da carreira, ela diz, foi a lesão no joelho esquerdo que a deixou fora dos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas. “Eu não tinha noção do que estava guardado, aí surgiram muitas dúvidas e frustrações. É realmente muito triste, difícil de aceitar”, cita, relembrando a chateação de estar prestes a realizar um grande sonho de atleta e ser impedida por uma contusão.
A fé em Deus da jovem atleta religiosa foi o que a motivou a continuar firme no propósito de se destacar cada vez mais no esporte. “Eu sabia que eu precisava lutar, que aquilo talvez fosse uma provação, que eu tinha que passar por aquilo firme e forte, e foi o que eu fiz. Encarei de frente todas as dificuldades, me recuperei”, observa.
O sonho, então, foi concretizado em 2008 e repetido em 2012. A recompensa. “Foram presentes abençoados que fizeram valer a pena tudo o que eu passei”, reconhece, ao lembrar que os títulos do Grand Prix, em 2005 e 2008, que conseguiu junto com a seleção brasileira de vôlei feminino, foram o recomeço da grande reviravolta.