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Brasília

Pais, alunos e professores se preparam para retorno 100% presencial

Com 81% dos estudantes vacinados com a primeira dose, e 26% com as duas, o retorno presencial é obrigatório para os estudantes a partir do próximo dia 3

Redação Jornal de Brasília

01/11/2021 7h41

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Gabriel Sousa e Luciana Costa
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O Governo do Distrito Federal determinou o retorno das aulas presenciais em 100%, a partir da próxima quarta-feira, dia 3 de novembro. Com 81% dos estudantes vacinados com a primeira dose, e 26% com as duas, o retorno presencial é obrigatório para os estudantes — com exceção daqueles que possuem comorbidades comprovadas por laudo médico — e para todos os profissionais de educação, com ou sem comorbidades.

A diretora do Centro de Ensino Médio 01 de Planaltina, Nedma Guimarães, afirma que a sua escola está razoavelmente pronta para receber todos os estudantes. Porém, de acordo com ela, outros aspectos devem ser avaliados. “Nossas turmas são numerosas, temos turmas que não vão caber na sala, teremos que fazer várias adequações. Ainda paira a dúvida: não haverá mais o distanciamento?”, pergunta. Nedma diz que até a quarta-feira os funcionários do local trabalharão para que o retorno de todos os alunos ocorra com segurança.

Mauro Sousa é pai de Alice, estudante do segundo ano da instituição de Planaltina. De acordo com ele, os efeitos do vírus foram sentidos por todos na sua casa, no bairro do Setor Residencial Leste, próximo do Centro de Ensino Médio 01. “Lá em casa, todo mundo pegou o vírus mais de uma vez. Eu sou motorista de uma empresa de cargas, então eu não pude adotar as medidas de segurança, e acabei trazendo o vírus para todo mundo”, contou.

O motorista agora teme que a filha, vacinada apenas com a primeira dose, possa transmitir a covid para dentro de casa. “Agora, ela vai pra escola todo dia, com aquele ‘tanto’ de alunos, somente usando uma máscara. O meu medo é que, além dela se infectar, possa infectar todo mundo lá [em casa] também”, disse o pai.

Já a professora do ensino fundamental, Inês Dias, da Escola Classe 104 de São Sebastião, diz que recebeu a notícia da ampliação da presencialidade nas escolas do Distrito Federal com um “susto”. A docente se infectou pela doença no dia 11 de outubro, mas apenas ela foi afastada, enquanto a turma em que leciona continuou indo normalmente para a escola.

Inês diz que a decisão foi tomada “na hora errada”, já que só resta mais um mês letivo no calendário escolar das escolas públicas. Ela afirma que a medida poderia ser adotada a partir de 2022, visto que quase toda a população da capital federal já estaria com o esquema vacinal completo, e evitaria os afastamentos de funcionários, que entram em isolamento após infecção pelo vírus. “A cada semana, um professor se afasta, isso com os 50% de alunos. Imagina com 100%?”, indaga a profissional.

A portaria foi promulgada na sexta-feira (29) no Diário Oficial do Distrito Federal e estabelece que aqueles alunos que estiverem em quarentena por conta da covid ou que possuem alguma comorbidade comprovada por laudo médico poderão continuar tendo aulas remotas.

Protocolos de segurança permanecem

O horário das aulas permanecerá reduzido, de 4 horas em cada turno, como estipulado desde agosto com o início do ensino híbrido para que o ambiente seja devidamente limpo e higienizado. Ressaltou-se que o retorno não será igual para todas as escolas, sendo concedido autonomia no controle e supervisão das medidas de segurança.

As escolas continuarão a seguir os protocolos: uso obrigatório de máscara e medição de temperatura, proibição do funcionamento de bebedouros de aproximação da boca, diminuição dos horários de intervalo, refeições e outras atividades que gerem aglomeração, dentre outros.

Além disso, o GDF confia que estará um passo à frente da transmissão do vírus com o monitoramento em tempo real por meio de aplicativo, que reúne dados de possíveis casos nas instituições de ensino público e privado a serem repassados às Unidades de Básicas de Saúde (UBS).

Hélvia Paranaguá, secretária de Educação do DF, disse que as escolas estão preparadas para receber os alunos com respeito às normas de segurança. “Estivemos 511 dias sem aulas presenciais, neste período o GDF investiu na melhoria da estrutura física das escolas. Hoje, com a maioria reformada, o ambiente escolar é seguro para o retorno dos estudantes”, afirmou a secretária na sexta-feira.

Para uso interno da estrutura de governança, a Secretaria de Saúde criou um aplicativo que possibilita o registro e o acesso em tempo real dos casos de covid-19 nas instituições de ensino pública e privada.

Aplicativo vai monitorar casos

O principal objetivo do aplicativo é acompanhar preventivamente as suspeições de casos para que evite o alastramento da covid-19. Divino Valero, subsecretário de vigilância à saúde, explicou que “o rastreamento de casos se dará pela capilaridade das unidades de educação e de saúde. De Planaltina ao Gama, a integração da educação e da saúde dinamiza a comunicação e a integração do sistema.” Ele justifica a ação da volta às aulas presenciais: “Nós precisamos começar a ousar para começar a entender em que ponto estamos”.

O aplicativo, que atenderá 806 instituições de ensino do Distrito Federal, englobando 57.684 profissionais de educação e 543.833 estudantes, surgiu da necessidade da integração dos dados entre Educação e Saúde. Servirá para ambas as partes: os diretores das escolas acessam o aplicativo para notificar os casos de covid-19, a equipe de monitoramento repassará as informações para as UBS mais próximas e, com disponibilidade e preparo adequado para examinar e tratar os pacientes.

“O aplicativo indica em tempo real onde, como e de que forma será o procedimento de cada caso suspeito, a fim de que haja vigilância epidemiológica e também as possíveis correções de protocolos de segurança”, explicou o subsecretário.

A Secretaria de Educação ressaltou a importância das crianças e adolescentes estarem presentes no ambiente escolar. Durante os 200 dias do ano letivo, os estudantes tiveram 36 dias presentes nas escolas. “Vamos dar a oportunidade que eles tenham mais 30 dias dentro da sala de aula”, concluiu Hélvia Paranaguá.

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