Menu
Brasília

Outubro Rosa: uma campanha pela vida

Arquivo Geral

02/10/2018 7h00

Atualizada 01/10/2018 23h12

Maria Eulina Dos Anjos Matos fazia fazia o exame de mamografia anualmente, em 2016 deixou de fazer e descobriu o câncer no ano seguinte. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

João Paulo Mariano
[email protected]

Há dez anos, edifícios públicos, camisetas, campanhas de saúde e até um dos meses do ano ganham uma cor especial. É Outubro Rosa, ação organizada pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femana).

A campanha foi criada para conscientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer de mama, doença responsável por milhares de mortes de mulheres no Brasil.

Para o mastologista do Centro de Oncologia Santa Lúcia Guilherme Dantas, o impacto do Outubro Rosa é positivo e tem potencial para fazer muito mais. “Favoreceu o diagnóstico precoce, levou mais dinheiro para as pesquisas científicas e trouxe mudanças para o atendimento nos hospitais”, afirma. Ele credita à campanha grandes avanços no ramo científico.

Tabu
Se antes esse assunto não era sequer cogitado em casa, atualmente, destaca o mastologista, a situação é outra. As pessoas falam mais abertamente do problema e as informações transitam entre os ambientes sociais com mais força.

Assim como a classe médica, os pacientes se mostram mais alertas. A confeiteira Maria Eulina dos Anjos Matos, 57, conta ter tido contato com o câncer de mama pelo menos três vezes em sua vida. A primeira foi quando sua mãe, em 1983, descobriu que tinha a doença. A segunda e a terceira foram bem próximas: a irmã dela foi diagnosticada, nos últimos anos, e trata a doença. E, por fim, ela mesma desenvolveu um tumor maligno na mama direita.

“No tempo da minha mãe, era muito diferente”, revela. “A gente não falava sobre isso. Mas o câncer foi muito forte, ela morreu em 1984, com a mesma idade que eu tenho hoje [57 anos]”.

Luta e triunfo
Com tal histórico, Maria começou um acompanhamento anual com ginecologistas e mastologistas. De 2006 até 2015, ela seguia o mesmo procedimento. Em 2016, deixou de fazer os exames de rotina e, no ano passado, descobriu um tumor enraizado no seio.

“Eu recebi o resultado do exame e já falei para todo mundo”, conta. “Eu tinha muita fé em que tudo ia dar certo”, afirma. E assim foi: acionou o convênio, fez a cirurgia, retirou o seio direito e, no lugar, colocou uma prótese, para amenizar os efeitos psicológicos da doença. Pela agilidade na descoberta e tratamento, não foi preciso quimio ou radioterapia.

Hoje, curada, Maria afirma estar feliz e espera que a sua história conscientize mais mulheres sobre a necessidade de mudar hábitos em relação a sua saúde. “Eu sei que o câncer é igual a um fantasma. Tomo todo cuidado, pois sei que pode voltar. E faço de tudo para que ele não me atormente de novo.”

Exames periódicos

As pesquisas apontam que têm mais chances de desenvolver o câncer mulheres acima dos 40 anos, que apresentam obesidade durante a menopausa, vivem grande grau de estresse e não praticam atividades físicas. A situação familiar existe, mas não é determinante.

“De dez mulheres com câncer de mama, apenas duas tiveram familiares com a doença. Isso mostra que todas precisam de acompanhamento”, alerta o médico Guilherme Dantas. Ele lembra que, além de fazer o autoexame, a mulher deve ir ao menos uma vez por ano ao ginecologista e ao mastologista para checagem.

Outro fator de prevenção abordado pelos cientistas nos últimos anos é a amamentação. Pesquisas apontam que mulheres que amamentaram por mais de um ano têm menos chances de desenvolver o tumor.

Também deve ser dada atenção à gordura corporal, pois mulheres com obesidade na época da menopausa possuem mais concentração de hormônios femininos, como o estrogênio. Esse excesso pode ser um ativador para o desenvolvimento da doença. E o tabagismo deve ser permanentemente combatido. Assim, com fator familiar ou não, é preciso se cuidar.

Compartilhar faz toda a diferença

A preocupação da classe médica e de instituições que auxiliam mulheres com câncer de mama é que as estimativas trazem dados preocupantes: cerca de 60 mil novos casos de tumor no seio devem ser diagnosticados até o final deste ano em todo o país. No DF, serão 1.020 mulheres com esse mal.

Assim, para este ano, o tema escolhido pela campanha Outubro Rosa foi #CompartilheSuaLuta, para que pacientes e familiares possam encontrar outras pessoas capazes de atuar no enfrentamento à doença.

Para o mastologista Guilherme Dantas, ainda é preciso divulgar mais o assunto para que haja melhora nos diagnósticos. “Quanto mais precoce for a descoberta, o tratamento vai ser menos agressivo”, adverte o médico.

Um ponto que ele firma como fundamental é a constatação de que a chance de cura para casos nos estágios iniciais, mesmo os mais perigosos, chega a atingir um percentual superior a 90%. Ou seja: é preciso adotar o comportamento preventivo desde cedo. Já para os casos descobertos depois de um tempo, a chance de cura varia entre 80% a 50%.

Saiba Mais

De acordo com a Secretaria de Saúde, na rede pública de saúde do DF, os hospitais regionais de Sobradinho, Gama, Ceilândia, Asa Norte, Materno Infantil e Taguatinga, além do Instituto Hospital de Base e Hospital Universitário de Brasília, prestam atendimento a mulheres com câncer de mama. As três últimas unidades fazem quimioterapia e radioterapia.

A pasta informou que, no DF, demanda atual é de 2 mil exames mensais, com oferta de 5,4 mil vagas por mês. Após a inserção, o exame é realizado em aproximadamente dez dias.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado