Menu
Brasília

Obesidade é um alerta para a saúde do DF

Boletim informativo da Secretaria de Saúde atestou que, em todas as faixas etárias, houve um incremento do peso corporal

Redação Jornal de Brasília

16/01/2023 15h27

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Gabriel de Sousa
[email protected]

Todas as faixas etárias, de crianças a idosos, da população do Distrito Federal registraram aumento no peso corporal nos últimos anos. Os dados aparecem no Boletim Informativo do Estado Nutricional no DF e foram gerados pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).

“É preocupante! O aumento do sobrepeso e da obesidade é observado nos últimos anos em todo país e no Distrito Federal, não é diferente. Diabetes, obesidade e outras doenças relacionadas ao excesso de peso chamam a atenção para os cuidados com uma alimentação saudável”, alerta a gerente de Serviços de Nutrição, Carolina Gama.

Ao longo dos últimos anos, foi possível observar um consumo elevado de bebidas adoçadas e alimentos ultraprocessados em diferentes faixas etárias da população acompanhada pela Atenção Primária à Saúde do DF. Segundo Carolina, a alimentação de toda a população deve ser baseada em comida in natura e minimamente processada para a prevenção de doenças crônicas. “Frutas, legumes e verduras são exemplos desse grupo de alimentos. Eles são compostos por vitaminas, minerais, antioxidantes, fibras e compostos bioativos, que exercem funções protetoras contra o desenvolvimento de doenças”, explica.

Grávidas

De acordo com o Boletim Informativo de Consumo Alimentar no Distrito Federal, houve diminuição na ingestão de frutas e verduras. As gestantes do Centro-Oeste apresentaram um baixo consumo de frutas, tendo o DF o menor percentual. E, em comparação ao Centro-Oeste (87%) e ao Brasil (81%), as grávidas do DF relataram um maior consumo de alimentos ultraprocessados (92%).

“Para gestantes, as frutas e verduras têm nutrientes fundamentais para a formação e o desenvolvimento do bebê em todas as etapas, da concepção ao nascimento”, afirma a gerente.

Adolescentes

Em relação à população adolescente do DF, observa-se um baixo consumo de frutas, quando comparado à região Centro-Oeste e ao Brasil, inclusive menor do que os demais ciclos de vida, mostrando que apenas 15% dos adolescentes têm esse hábito alimentar.

Quanto às verduras e/ou legumes, um menor consumo também foi identificado no DF (62%), quando comparado à região Centro-Oeste (78%) e ao Brasil (71%). Paralelamente, o consumo de alimentos ultraprocessados pelos adolescentes do DF é semelhante ao dado regional e maior que o nacional.

Alertas para o cuidado da saúde

Como atestado pela Secretaria de Saúde do DF, a problemática da obesidade está presente na realidade da população jovem da capital, que enfrentam problemas de saúde e necessitam de um acompanhamento médico para a manutenção do peso corporal. A estudante Lígia Mendes, de 23 anos, se enquadra neste cenário, e está realizando um tratamento particular em busca de uma vida mais saudável.

Segundo a estudante, que mora com os pais na Candangolândia, a obesidade a acompanha desde quando era pequena. “Eu sempre fui mais cheinha do que as outras crianças da minha idade”, conta. Com o passar do tempo, Lígia começou a sofrer com problemas respiratórios e com o colesterol alto, o que a prejudicou nos seus estudos e a obrigou a procurar um tratamento especializado.

“Era só aquela coisa de ‘Ah, seu corpo não é igual os das outras meninas’, os olhares, o preconceito, sabe? Eu sempre quis perder peso para me sentir melhor na aparência, mas nunca tive tempo para fazer o que os médicos queriam. Quando comecei a ficar doente, aí eu não tive escolha, tive que parar muita coisa que eu estava fazendo para tentar salvar a minha saúde”, explica.

Preconceito como a pior consequência

Para Lígia, os problemas de saúde não são tão dolorosos quanto o preconceito sentido pelas pessoas que possuem obesidade. A estudante conta que, conviver com a gordofobia – aversão às pessoas gordas – no seu dia a dia, faz com que ela se sinta inferior aos outros brasilienses. “É horrível você sair de casa e saber que você vai ser ridicularizada por conta de algo que é somente seu [o corpo]”, conta.

Mendes revela que a última situação de preconceito que enfrentou aconteceu na quinta-feira da semana passada, quando ficou presa na catraca de um ônibus que a levava da sua faculdade para a Candangolândia. Conforme seus relatos, os outros passageiros, além de não oferecerem algum suporte, também debocharam da sua situação. “Sabe o que é estar vulnerável, olhar para as outras pessoas e elas estarem sorrindo? Você se sente a pior pessoa do mundo”, disse Lígia, emocionada ao se lembrar do ocorrido.

A estudante de 23 anos, assim como outras pessoas que possuem obesidade, alerta que a forma de “falar com um obeso sobre a sua saúde” também pode ser uma forma de preconceito. “O problema é qualquer um achar que é nutricionista quando fala com alguma pessoa gorda. Eu, sendo gorda, posso ter os mesmos problemas respiratórios que uma pessoa magra, mas quem vai ser sempre alertada sobre se cuidar?”, questiona.

Com informações da Agência Brasília

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado