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Brasília

O grande benefício dos tratamentos alternativos

Questões emocionais relacionadas à pandemia são os fatores mais comuns que levam as pessoas a procurarem terapias

Redação Jornal de Brasília

13/09/2021 6h29

Elisa Costa
redacao@grupojbr

Em maio de 2006, o governo implantou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) ao Sistema Único de Saúde (SUS). Essas práticas são definidas como tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados à prevenção de diversas doenças. Atualmente, existem 29 tipos de terapias integrativas e complementares gratuitas no SUS, a começar pela Atenção Básica.

A PNPIC tem o intuito de prevenir agravos de doenças, promover e recuperar a saúde de forma contínua, humanizada e integral. Também tem o objetivo de estimular alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades. As PICs estão presentes em 54% dos municípios brasileiros, onde 19% dos estabelecimentos de saúde na Atenção Básica oferecem as práticas.

As práticas procuram unir o físico, emocional, mental, social e espiritual em um só tratamento e as práticas complementares são aquelas usadas em conjunto com o tratamento médico convencional, como uma ampliação e suplementação do que já tem sido feito anteriormente.

Segundo o Gerente de Práticas Integrativas da Secretaria de Saúde, Cristian Silva, o número de atendimentos presenciais diminuiu com a pandemia. Em 2019 eram cerca de 8.500 atendimentos por mês, já em julho de 2021 houve somente 1.667 atendimentos presenciais.

Cristian Silva contou que apesar de existir muitos estudos sobre as diversas práticas integrativas e complementares, parte da população ainda reluta em procurá-las: “Muitas pessoas ainda as confundem com práticas religiosas”, explica a gerente.

Demanda em alta

De acordo com dados do governo federal, a procura por diferentes tratamentos na rede pública de saúde cresceu até 358% de 2007 a 2008. Somente no ano de 2008, 1.340 cidades ofereciam essas práticas gratuitamente, as quais trabalham com tratamentos tradicionais, complementares e integrativos. Em 2018, o número de estabelecimentos que atuam nessa área teve uma alta de 13%, com cerca de 25.197 mil atuantes.

No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde conta com 17 especialidades: acupuntura, arteterapia, automassagem, fitoterapia, hatha yoga, homeopatia, lian gong, medicina e terapias antroposóficas, meditação, musicoterapia, reiki, shantala, tai chi chuan, terapia comunitária integrativa, ayurveda, laya yoga e técnica de redução de estresse (TRE).

Para receber esse atendimento na capital, é preciso procurar as policlínicas, postos de saúde, centros de atenção psicossocial (Caps), hospitais, centros de referência em práticas interativas ou a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). No SUS-DF existem em torno de 600 profissionais habilitados em 16 áreas diferentes.

Ser humano mais interiorizado

No Distrito Federal, a Política Distrital de Práticas Integrativas em Saúde segue instituindo medidas para a continuidade e qualidade dos atendimentos, com atenção ao período de crise que vivemos.

Apesar da diminuição nos atendimentos presenciais, o psicanalista e diretor do Sindicato dos Terapeutas Holísticos do DF (Sinditeh), Dionisio Maidana, acredita que a procura pelas PICs aumentou na pandemia, devido ao isolamento e às medidas restritivas: “A pandemia trouxe, na nossa visão holística, o ser humano interiorizado, por conta do distanciamento social, por não poder sair, por ter que evitar o contato físico, como se tivesse que passar a olhar mais para nós mesmos. Isso causou quadros de depressão, ansiedade, medo, fobia social e dificuldades na comunicação. É aqui que entra o trabalho dos terapeutas integrativos”.

Dionisio explicou que quando o ser humano se encontra sozinho, ele começa a enfrentar problemas internos, os quais tratam os terapeutas holísticos, mas lamentou o fato da psicologia no geral ainda não dar atenção necessária às práticas integrativas e complementares: “Sinto que aqui no Brasil, existe um preconceito contra essas práticas, focando somente na medicina convencional. O papel do sindicato, que também está se reestruturando, é dar apoio e realizar estudos ligados a esse e outros temas, ajudando os terapeutas com novos cursos e abordagens para que eles possam atender cada vez mais pessoas”, finalizou o diretor.

A Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde possui um acervo para os estudos em Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas, que engloba as 29 práticas instituídas no SUS. São mais de 233,5 mil estudos sobre a Homeopatia, mais de 81 mil sobre a Fitoterapia, mais de 20 mil sobre a Medicina Tradicional Chinesa, entre outros.

Um jeito de enfrentar o isolamento

Isabella Monteiro de Almeida, 20, estudante brasiliense, realizou tratamentos integrativos e complementares em 2018, quando passou por crises de ansiedade. Isabella fez Auriculoterapia e Reiki por indicação de sua própria psicóloga, que recomendou unir as práticas ao acompanhamento convencional. A estudante conseguiu a terapia Reiki pelo SUS, em um posto da via L2 Sul, em Brasília (DF) e a auriculoterapia em uma clínica particular. “Tive crises de ansiedades decorrentes da chegada do vestibular, e o Reiki foi o que mais me ajudou, porque eu passei a me sentir muito mais relaxada e presente”, comentou a jovem.

A auriculoterapia acredita que o formato da nossa orelha representa o corpo humano, na forma de um feto, por isso, a terapia consiste na estimulação de pontos da orelha, onde cada ponto é referente a um órgão específico do nosso corpo, e quando estimulado pode tratar ou aliviar sintomas no órgão determinado. O Reiki é considerada um técnica de imposição das mãos para a transferência de energias, utilizada para equilibrar os centros de energia do corpo (conhecidos como chakras) e promover o bem-estar físico e mental.

Por conta dos bons resultados que obteve, Isabella voltou a procurar por terapias holísticas em 2020, devido a novas crises de ansiedade causadas pelo estresse da pandemia do covid-19. Nesse período, ela conheceu os Florais de Bach, os quais ela segue utilizando até os dias atuais. O tratamento foi criado pelo Dr. Edward Bach e se dá pelo uso de essências florais medicinais que atuam no equilíbrio entre mente e corpo.

Ruhana França, 23, é professora de Yoga no DF e contou que muitas pessoas a procuraram para praticar na pandemia, principalmente por questões emocionais: “A procura foi grande no primeiro momento, mesmo quando estava tudo online, porque muita gente que estava presa dentro de casa começou a procurar formas de trabalhar a mente e a respiração, muitas vezes por todo esse estresse da pandemia do covid-19”

De acordo com a professora, a prática de Yoga é importante para aprender a acolher nossos sentimentos e organizá-los dentro de nós: “Nesse momento de pandemia, é uma prática que pode nos ajudar a encarar nossas tristezas e transformá-las em um momento de autoconhecimento. Tudo isso com a respiração consciente, que auxilia a reduzir o estresse”.

O Yoga, se originou na Índia há mais de 5 mil anos, e é uma filosofia que une técnicas de equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Existem tipos de Yoga diferentes e trabalham as emoções, relaxamento, concentração e flexibilidade.

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