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Brasília

O adeus a José Camargo

Ex- constituinte, foi um dos fundadores do MDB e eleitor de Tancredo no Colégio Eleitoral

Redação Jornal de Brasília

24/01/2020 7h01

Uma das melhores réguas para medir o valor de uma pessoa é a avaliação dos seus posicionamentos em momentos chaves da vida.

Em 1964, quando houve o golpe militar e se instalou a ditadura no Brasil, José Camargo esteve entre aqueles que fundaram o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o partido de oposição que se insurgiu contra o fim da liberdade democrática.

Em 1985, quando Tancredo Neves lançou-se candidato à Presidência para implodir por dentro, na eleição indireta via colégio eleitoral, a ditadura em seus estertores, novamente José Camargo estava entre os que moviam fileiras ao lado dele.

Deputado federal por São Paulo de 1971 a 1991, José Camargo morreu ontem, aos 91 anos, vítima de insuficiência cardíaca. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein. Deixa cinco filhos.

Fundador do Grupo Camargo de Comunicação (GCs), proprietário das rádios 89 FM, Nativa FM e Alpha FM, era também pai do conselheiro da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp), Neneto Camargo. Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) destacou sua atuação pela radiodifusão do país. “José Camargo era conhecido pelo espírito empreendedor e deixa um importante legado para a radiodifusão paulista e brasileira”.

Advogado

Autor do livro Trabalho sobre direito eleitoral em defesa do povo, José Camargo formou-se advogado em 1960 pela Faculdade de Direito de Bauru (SP). Antes de 1964, foi filiado ao Partido Social Progressista (PSP) e ao Partido Trabalhista Nacional (PTN).

Após a promulgação do Ato Institucional nº 2 (AI-2) pelo então presidente, general Humberto Castelo Branco, em outubro de 1965, que extinguiu os partidos que então existiam e implantou o bipartidarismo, Camargo optou pela oposição, tornando-se um dos fundados do MDB. Nas fileiras da oposição, elegeu-se deputado federal em 1970, para o início de uma carreira de 20 anos como parlamentar.

Novamente reeleito pelo MDB em novembro de 1978, com o início da legislatura em fevereiro do ano seguinte, passou a atuar como membro titular da Comissão de Economia, Indústria e Comércio e suplente da Comissão de Relações Exteriores. Foi também 3º secretário da Mesa da Casa e fez parte de uma missão oficial à França como representante da Câmara dos Deputados.

Por razões políticas locais, Camargo, com a volta do multipartidarismo, optou por mudar para o PDS, partido pelo qual se reelegeu em 1982.

Em 15 de janeiro de 1985, José Camargo foi um dos dissidentes do PDS que apoiaram o candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito novo presidente da República pela Aliança Democrática, uma união do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência abrigada na Frente Liberal.

Novamente reeleito deputado federal — desta vez pelo PFL de São Paulo — em novembro de 1986, assumiu sua cadeira na Câmara em fevereiro do ano seguinte, quando se iniciaram os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Integrou a Subcomissão do Sistema Eleitoral e Partidos Políticos da Comissão da Organização Eleitoral da Constituinte.

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