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Brasília

Não faça de seu telefone uma arma

Quando alguém passa trotes para a PM ou o Samu, desvia os serviços de quem precisa. Isso pode gerar vítimas. Essa brincadeira de mau gosto está aumentando

Lindauro Gomes

04/07/2019 6h00

Trotes a corporacoes de socorro sao preocupacao constante nas operacoes. Brasilia. 03-07-2019. Foto: Vitor Mendonca/Jornal de Brasilia

 João Pedro Rinehart e Vitor Mendonça
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Somente neste ano, dentre cerca de 300 mil ligações recebidas, mais de 26 mil trotes foram registrados apenas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o 192. De acordo com o Samu, a expectativa é que em julho, devido às férias escolares, os casos aumentem. Apenas em janeiro, no período do recesso, foram registradas 6.662 ocorrências falsas.

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) também registrou aumento nos casos de trotes de janeiro a junho deste ano. Cerca de 7,6% a mais que o mesmo período do ano passado. Enquanto em 2018 foram aproximadamente 72,3 mil casos do crime, 8% das ligações recebidas, em 2019 o número chegou a pouco mais de 73,7 mil, um total de 15,6% das ligações recebidas.

Brincadeira é contravenção

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) destaca que a prática de trotes é uma contravenção. De acordo com o artigo 340 do código penal, é crime “provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado”. A pena é o pagamento de multa ou a detenção de um a seis meses do contraventor. A corporação afirma que “possui ferramentas de investigação para identificar os autores, que poderão responder pela falsa comunicação”.

Trotes a corporacoes de socorro sao preocupacao constante nas operacoes. Brasilia. 03-07-2019. Foto: Vitor Mendonca/Jornal de Brasilia

Da mesma forma, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) também é alvo de ocorrências falsas. Segundo o capitão Wilson Sousa Mendes, a fim de se precaver, a corporação conta com o serviço de checagem enquanto as viaturas se deslocam até a ocorrência informada. “A gente não pode partir da premissa de que não existe a ocorrência, porque cada minuto é fundamental para nós. […] A comunicação cuida de conferir se realmente há veracidade no que foi passado.”

Ainda de acordo com o capitão, a “brincadeira de mau gosto” tem um custo. “Isso traz prejuízos. São em segundos que a gente consegue preservar um patrimônio ou reverter uma parada cardíaca. Além disso, é dinheiro queimado de combustível, e é dinheiro da população, nosso”.

Por mais que, ao senso comum, tais “brincadeiras” estão relacionadas a menores de idade, há casos em que adultos praticam a ação. “A gente já chegou a processar uma senhora que ligou inúmeras vezes para os bombeiros informando um falso incêndio. Quase todos os dias ela ligava”, relembra Sousa Mendes.

Projeto para educar

Pensando na educação para que não haja mais casos como esses, o Samu criou o projeto Samuzinho, voltado para a instrução de crianças sobre os riscos dos trotes. Segundo Alexandre Garcia, médico e diretor da instituição, por meio de conversas e discussões, os ensinamentos são passados aos responsáveis dos pequenos. “É importante que os pais conversem com as crianças, explicando que enquanto elas brincam com esse tipo de ligação, pessoas estão sendo prejudicadas pela falta do atendimento”, reforça.

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