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Brasília

Mulheres têm menos emprego que homens na capital federal

De acordo com dados do IPEDF, 16,9% da população feminina economicamente ativa estava desempregada em 2022

Redação Jornal de Brasília

02/05/2023 19h42

Foto: Agência Brasil

O desemprego no Distrito Federal atinge, proporcionalmente, mais mulheres do que homens. Conforme indica o estudo Mulheres e Trabalho Remunerado no DF, realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística (IPEDF), as taxas de desemprego total incidem sobre 16,9% da população feminina economicamente ativa da capital (a partir de 16 anos, excluindo os aposentados). São aproximadamente 135 mil mulheres sem ocupação.

O número representa os dados de 2022, e é menor que o calculado no ano de 2021, quando a porcentagem de mulheres desempregadas era de cerca de 19,4% – 155 mil cidadãs. Entre os homens, os níveis de desemprego total atingem cerca de 13% da população economicamente ativa, sendo cerca de 110 mil, de acordo com os dados apurados ao fim do ano passado.

Uma vez que a quantidade de mulheres economicamente ativas entre 2021 e 2022 não teve alteração – se manteve em 803 mil cidadãs em idade apta para trabalhar –, a estatística indica que o mercado de trabalho para a população feminina melhorou, mas ainda há desafios a serem superados para que haja equidade de oportunidades entre os gêneros.

Juliana de Souza Silva, de 30 anos, é uma das mulheres na estatística das que estão desempregadas dentro da capital federal. Tendo trabalhado como caixa de supermercado, atendente e exercendo serviços gerais, ela está há um ano tentando uma nova vaga de emprego, mas tem conseguido apenas alguns trabalhos temporários ou bicos de um ou dois dias, em serviços de faxina.

“Estou aceitando qualquer proposta, não tenho preferência”, afirmou. Na casa com três filhos pequenos, em Planaltina, ela afirma que depois de passar por muitas entrevistas de emprego, apesar de não notar desrespeito durante o processo seletivo, notou que as crianças se tornam uma preocupação dos empregadores na hora de contratá-la. “Eles perguntam se as crianças têm alguém com quem ficar”, disse.

Outra questão que a deixa consternada é a demora de alguns processos seletivos, que possuem muitas burocracias durante o período de entrevistas e contratação de pessoal. De acordo com ela, as únicas oportunidades que têm surgido são para trabalhos de faxina e em festas como ajudante de buffet, principalmente.

“Estou em um grupo de vagas de trabalho e, quando vejo que tem uma vaga, já mando mensagem [para conseguir a oportunidade]. Por um dia, [o dinheiro] é pouco, mas é o que conseguimos muitas vezes”, disse ela. Por vezes, a remuneração não é suficiente para a semana e faltam recursos para garantir a alimentação dentro de casa.

Assédio

Durante a carreira profissional, ela afirma que não teve problemas com supervisores em relação à diferenciação do trabalho dela e de outros colegas. Por outro lado, porém, ela destaca que percebe a diferença no tratamento de clientes ao longo do período trabalhado. De acordo com ela, o assédio era comum.

Em um dos empregos, passou por situações constrangedoras nesse sentido. “Já trabalhei em um restaurante e eu preferia ficar na cozinha lavando pratos do que ficar atendendo os clientes que chegavam, porque sempre vinham com gracinhas e cantadas”, comentou. As situações, segundo ela, a deixavam desconfortável. “Odeio quando isso acontece”, desabafou.

“Teve um caso também de um serviço que peguei de faxina na casa de um homem que ficou jogando conversa para cima de mim, mas não dei bola. Fui lá só uma vez. Não voltei mais”, destacou.

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