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Brasília

Mulheres que ajudam mulheres: Um ato de libertação

Empresária Sara Fernandes promoveu cursos para 15 mulheres em situação de vulnerabilidade

Redação Jornal de Brasília

07/03/2022 7h01

Foto: Elisa Costa/Jornal de Brasília

Elisa Costa
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A empresária e advogada brasiliense Sara Fernandes, influente nas redes sociais e mãe da pequena Helena, promoveu um evento social para mulheres em situação de vulnerabilidade de vários lugares do país, nesse domingo (6), em sua residência no Lago Sul. O encontro profissionalizou 15 delas com cursos de maquiagem, manicure, pedicure e cabelo, e ainda abordou detalhes sobre a Lei Maria da Penha e a violência contra a mulher. Todas fizeram um teste rápido de covid na entrada do local e todas testaram negativo.

Cláudia Martins, de 51 anos, é natural do Rio de Janeiro, vive em Brasília há 26 anos e foi uma das selecionadas para o projeto. À reportagem, contou como decidiu participar: “Recebi um link pelo meu Instagram, sobre esse evento, fui lá e coloquei minhas mensagens porque eu precisava muito e preciso muito ser ajudada”. Emocionada, ela comentou: “Hoje a Sara vai me ajudar a me libertar das agressões”. Há dois dias da data internacional das mulheres, Cláudia encontrou uma alternativa para tomar controle do seu próprio presente e futuro, que vem sendo afetado há cerca de 5 anos: “Acredito que a agressão verbal e psicológica é pior do que a física, porque a física vai embora, a psicológica não”.

A iniciativa surgiu para incentivar a independência financeira, a autoestima e a luta contra os abusos físicos ou psicológicos, com cursos e debates ministrados pela própria Sara Fernandes, que aprendeu para poder ensinar outras mulheres. Na opinião da advogada, é esse o caminho para elas saírem de uma condição de perigo e darem a volta por cima: “Eu abordo a violência doméstica e familiar, o empoderamento feminino, mas também falo que a partir de agora somos multiplicadoras, porque isso aqui é para elas poderem inspirar outras mulheres”. E foi daí que veio o nome do evento, chamado de “Seja uma inspiração”, onde a história de vida de cada uma se transforma em combustível para procurar um caminho melhor.

“Vocês vão escutar frases que vão te jogar para baixo e não para cima, mas hoje vocês vão mudar isso”, disse a empresária às mulheres presentes no evento. Nascida em 1984, Sara Fernandes trabalhou como vendedora de sabonetes e velas para conseguir sua primeira renda, depois foi para uma concessionária de motos e ganhava aproximadamente R$300 por mês: “Com muito esforço eu estudei e passei num concurso público. […] Dentro da minha possibilidade eu fiz o meu melhor e me cobrei”, relatou.

Depois de conseguir uma vida mais estável como concursada, descobriu que estava grávida de sua filha Helena e sofreu com alguns problemas durante a gestação e no parto, vividos em tempos de pandemia. No último trimestre, a criança parou de crescer no seu útero: “Me culparam pela minha filha não ter espaço para crescer porque eu tinha feito uma cirurgia na barriga anteriormente. Todo mundo me julgou, ninguém pegou na minha mão e disse que ia ficar tudo bem, na verdade, tudo isso piorou a situação, porque quando alguém diz que a culpa é sua, você fica infinitamente pior”, contou Sara.

Com medo de perder a filha, escreveu mais de 5 mil cartas ao bebê, contando sobre o que queria realizar em conjunto com a menina no futuro, após todas as dificuldades. Helena nasceu saudável, mas toda a experiência levou a mãe de primeira viagem a um quadro grave de depressão pós-parto, onde tentou tirar a própria vida algumas vezes mesmo após o nascimento da filha, que hoje já tem 1 ano e 3 meses de idade. “Engordei muito, quando ela nasceu eu estava com quase 130 quilos, extremamente deprimida e sem apoio. As pessoas me falavam que eu tinha tudo, então porque eu estava triste?”, questionou. Sara afirma hoje, que seu processo de cura foi interno e longo, mas encontrou em figuras femininas a força para continuar seguindo e decidiu fazer o mesmo para ajudar outras mulheres.

Outro eventos com cunho social serão promovidos por ela e a sua empresa pretende investir em cursos corporativos, além de cursos voltados para o público masculino, sobre como trabalhar com as mulheres e combater o assédio sexual neste ambiente, além de explicar sobre as consequências da violência doméstica. “Isso tudo porque eu gosto de frisar, que se o bebê de hoje for criado num lar onde a mãe sofre abusos, daqui a 20 anos ele será um agressor e eu trabalho com isso para que a minha filha não passe por essa situação”, finalizou.

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