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Brasília

Mudança nas escolas parque revolta pais

Arquivo Geral

27/12/2016 7h00

Grupo teve reunião com o secretário de Educação para discutir o assunto, mas alega que encontro terminou em desentendimento. Foto: Divulgação

Raphaella Sconetto
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As escolas parque passarão por mudanças no próximo ano letivo. A partir de 2017, as instituições só atenderão alunos do turno integral. Com isso, um grupo de pais estima que cerca de seis mil alunos serão penalizados. Isso porque 19 das 36 escolas classe beneficiadas perderão o vínculo com as escolas parque.

Ao todo, o DF conta com sete escolas parque: cinco no Plano Piloto, uma em Brazlândia e outra em Ceilândia. Elas oferecem atividades como música, teatro e artes visuais, teoricamente no contraturno do ensino regular.

Exclusão

A decisão desagradou aos pais. A artista Daniela Neri, 33 anos, mãe de um garoto de 9 anos, discorda da decisão e alega que a medida deveria beneficiar toda a população.
“Reconheço a importância do ensino integral, mas a forma que está sendo implementado é ilegal. Deveria garantir que todas as crianças tenham acesso aos espaços culturais”, aponta.

“Agora, muitos alunos estão tendo direitos retirados. Não pode gerar algo para poucos e deixar de lado coisas que já foram conquistadas para outros. Vão ser cerca de seis mil alunos penalizados e apenas dois mil atendidos”, critica.

Por trabalhar no meio artístico, Daniela defende o ensino das artes. “O governo está se aproveitando da estrutura da escola parque. Só que só vai atender um pequeno número de crianças”, diz. “Sei bem que é difícil acessar os bens culturais. A escola parque é a menina dos olhos da educação. Lá, as crianças têm acesso ao teatro, danças, artes, e na escola classe não tem isso”, alerta.

A pedagoga Clara Machado, 25 anos, mãe de uma menina de 6, questiona a qualidade de vida que será proporcionada aos alunos. “As crianças vão passar dez horas na escola e, ao que tudo indica, não vão ter horário descanso. E se faltar ônibus? Se a merendeira não for? Me sinto insegura porque já faltou em período parcial, imagina em integral”, completa.

Conselho recomenda adiamento

O Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos publicou ontem, no Diário Oficial do DF, uma recomendação pelo adiamento da política de atendimento das escolas em tempo integral utilizando as escolas parque. O objetivo é ampliar o debate com a comunidade escolar e possibilitar a reestruturação das escolas para o atendimento devido.
Além disso, um grupo formado por pais, conselheiros escolares e tutelares e representantes do Sindicato dos Professores se reuniu com secretário de Educação, Júlio Gregório. Porém, sem consenso, os participantes alegam ter sido expulsos.

“A gente não é contra a escola integral. Só queremos que eles conversem com a gente para ver o que precisamos. E, além de o programa não estar claro, parece que eles não querem dialogar. Não teve pesquisa de demanda e não falaram com os conselheiros”, opina Clara Machado, uma das mães.

Ainda ontem, o grupo se encontraria com representantes do o Tribunal de Contas do DF. Eles aguardam o fim do recesso para acionar o Ministério Público.

Versão oficial

Em nota, a Secretaria de Educação confirmou que, em 2016, foram atendidas 36 escolas classe nas escolas parque, tendo recebido as atividades em um dia na semana, no horário de aula, embora não estivessem sob o regime de educação integral. A previsão é de que em 2017 sejam atendidas 17 escolas, cinco dias por semana e no turno contrário ao das aulas, sob o regime da educação integral.

Em 2016, 12 escolas classe ofereceram atendimento integral aos estudantes, tendo seis delas recebido diariamente todos os alunos, com períodos de dez horas diárias, e outras seis para apenas parte de seus estudantes, entre sete e nove diárias. E a previsão para o ano que vem é de que 2,8 mil estudantes sejam atendidos no turno integral.

“As novas políticas públicas de ampliação e democratização do acesso permitiram que a Escola Parque despontasse novamente no cenário da cidade, referenciando a proposta inicial criada pelo educador Anísio Teixeira, como espaço formativo de direito”, informa, em nota.

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