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Brasília

Motoristas de transportes coletivos do DF destacam evolução nos direitos trabalhistas

No entanto, profissionais que trabalham na área explicam que houve evolução nos direitos, mesmo com as dificuldades

Redação Jornal de Brasília

15/03/2023 23h32

Foto por Maria Eduarda Fava

Por Arthur de Lima, Catharina Braga e Maria Eduarda Fava
Agência de Notícias do CEUB/Jornal de Brasília

Estresse, cansaço, superlotação de passageiros, trânsito atribulado. As imagens recorrentes da rotina de motoristas de ônibus têm relação, em geral, com problemas. No entanto, profissionais que trabalham na área explicam que houve evolução nos direitos, mesmo com as dificuldades.

De acordo com o motorista Raimundo Nonato Nunes, 61 anos, apesar de ter benefícios como férias remuneradas e plano de saúde, há problemas como passageiros agressivos. O profissional explica que releva algumas situações. “Não posso bater de frente, estou dirigindo. Posso colocar a vida dos outros em risco”.

Outro aborrecimento é a superlotação: dentro de um transporte cuja capacidade máxima é 80, Raimundo diz que chega a fazer viagens para a Asa Norte com 112 pessoas no ônibus. Ele afirma que deveria dividir melhor os horários de cada motorista.

Bruno entende que o trânsito maior está ligado à sobrecarga do metrô e dos ônibus em horário de pico, e não à quantidade de transportes coletivos. “Quando dá problema no metrô, sobra para os ônibus e vice-versa. Então, se os dois trabalharem em conjunto, dá para resolver”.

Raimundo percorreu um longo caminho até chegar em frente ao volante. Hoje ele tem 11 anos de profissão. Ele começou como açougueiro aos 18 anos de idade. Foi servente de obra, migrou para a área de cobrador de ônibus e, enfim, para o comando dos veículos.

Morador da cidade de Santo Antônio Descoberto (GO), o motorista faz uma rota que cobre quase todo o Plano Piloto, desde a W3 Sul até o aeroporto de Brasília. Raimundo está encarregado do turno da tarde, que dura seis horas e meia, incluindo pequenos intervalos ao longo do serviço. “É uma profissão boa, eu amo”, comenta.

Categoria

O presidente do Sindicato dos Rodoviários, João Jesus de Oliveira, 50 anos, trabalhou por 10 anos na atividade até ficar licenciado temporariamente para cuidar da entidade. Trabalhou como cobrador durante 8 anos e 2 como motorista, atualmente é licenciado e representante da categoria.

Segundo ele, existem aproximadamente 5 mil motoristas em 5 empresas rodoviárias, sendo no total 12 mil trabalhadores, como cobradores, faxineiros e técnicos de manutenção.
Graças às negociações do sindicato com as empresas, há um transporte próprio para buscar os funcionários que moram no Entorno, com o objetivo de facilitar o início da jornada de trabalho e a volta para casa.

Pandemia, garantias e direitos
Durante a pandemia, Brasília foi o único lugar onde não houve redução das frotas de ônibus, demissões na categoria e redução de salário. De acordo com o líder dos rodoviários, um motorista ganha aproximadamente R$ 3,3 mil e não tem sobrecarga de trabalho. “O sindicato é um fiscalizador. Existem motoristas que ficam mais tempo, cobrindo horários de pico, mas isso se acumula como hora extra para a empresa.”

“Antes de 1988, não havia 6 horas diretas trabalhadas, direito à passe e a uniforme, tinha que comprar a parte. Hoje, o sindicato garantiu plano médico e seguro de vida e ainda tem visado o lazer dos funcionários, com descontos e passes para clubes e eventos”, relata João sobre os direitos conquistados pelos motoristas.

Lei do motorista

Esses direitos são garantidos e protegidos pela pela Lei 13.103/2015, também conhecida como “lei do motorista”, que é válida para todos os transportes rodoviários, sendo eles de carga ou de passageiros.

Um dos motoristas que atua é Bruno Araújo, 42 anos, na atividade há 10 anos. Ele entra às 5h e sai às 13h40, trabalhando apenas em rotas de ligação entre cidades, como Samambaia e Ceilândia. O motorista afirma que, às vezes, ocorrem paralisações por questões de desentendimento ou de atraso de salário, mas que tudo é rapidamente resolvido.

Raimundo também informa que participou de algumas no passado, mas que atualmente são raros esses tipos de movimentos entre seus colegas, por terem conseguido um aumento de salário e um forte sindicato. “Já conseguimos grande parte dos nossos direitos”, declarou ele.

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