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Brasília

Homem envolvido no maior assalto a banco do DF se passava por empresário de sucesso

Arquivo Geral

23/04/2018 19h57

Foto: Ana Clara Arantes/JBr.

Ana Clara Arantes
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O envolvido no assalto ao Banco de Brasília (BRB) cometido em 2001, e preso em São Paulo nesse fim de semana, continuava no mundo do crime e só investia em assaltos que pudessem render ao menos R$ 1 milhão para cada. Procurado pela Polícia Civil do DF há 17 anos, o criminoso tem registro legal com dois nomes: Marcel Aparecido da Silva é o que consta em Brasília, enquanto em São Paulo ele é registrado como Marcelo Reis da Silva.
O homem vivia uma vida de ostentação: morava em um condomínio de alto padrão e era dono de um carro luxuoso. “Ele era empresário e vivia dos investimentos que fazia com dinheiro do crime”, relata o delegado Fernando César Costa, da Coordenação de Combate ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (Cecor). Por isso, Silva só participava de crimes que gerariam mais de R$ 1 milhão para cada envolvido.

Uma tentativa de roubo ao Banco do Brasil de São Paulo, em 2017, foi o que levou a Polícia Civil do Distrito Federal a encontrar assaltante da agência JK. Silva havia sido preso por outros crimes em São Paulo e solto em 2014. Um dos integrantes da quadrilha que fizeram parte da tentativa de roubo ao Banco do Brasil, Marcelo Tadeu Correia, conhecido como Gudi, também havia participado do roubo à agência JK. Foi aí que a PCDF resolveu ir até São Paulo para averiguar se havia outros suspeitos que também integraram o crime de 2001.

A polícia, então, chegou até ele e cruzou informações de Marcel e Marcelo. Foi quando o sistema de impressões digitais apontou que se tratava da mesma pessoa. Marcelo Reis da Silva era o nome que Marcel Aparecido da Silva usou depois de ter sido liberado da prisão, em 2014.
A partir de então, a PCDF passou a monitorar o suspeito. De posse de alguns dados, como endereço e veículo, os agentes se encaminharam ao estado de São Paulo para efetuar a prisão do homem.

Silva foi preso no último sábado. O homem era um dos 12 envolvidos no assalto a 70 cofres na unidade do BRB do Setor Comercial Norte, gerando um prejuízo incalculável.

Quadrilhas se aliaram

De acordo com o delegado Fernando César Costa, vários dos envolvidos no assalto ao BRB faziam parte de outras quadrilhas vinculadas a facção criminosa que domina presídios paulistas.

“Eram várias quadrilhas que se juntaram para realizar esse crime. Nenhum indivíduo do Distrito federal está na execução direta. O que existiu aqui foi uma célula que prestava apoio logístico para esse grupo que atualmente domina o Brasil inteiro, exceto a capital”, pondera o delegado.

Fotos: Myke Sena

Costa detalha que essas quadrilhas vieram para Brasília e permaneceram aqui durante vários meses, contando com o suporte da célula que dava o apoio logístico. O delegado relata que os criminosos aproveitaram de uma deficiência no sistema do Estado para assumir várias identidades.

“Eles se valeram de uma das principais deficiências do Estado brasileiro em termos de repressão criminal, que é a ausência de um cadastro único de identificação civil. Cada um desses criminosos poderia ter uma identidade diferente em cada uma das cidades da Federação, e no DF não foi diferente. Eles procuraram um estelionatário – identificado e preso nesta operação – Maurício Lima da Silva, e obtiveram certidões de nascimento falsas. Com essas certidões, obtiveram documentos verdadeiros emitidos pelo Instituto de Identificação da Polícia Civil”, aponta.

Confiança

Apesar da demora na prisão, o delegado afirma que o trabalho da Polícia Civil foi feito e sempre será. “Tornar Brasília um espaço de cidadania e direito é a confiança que a sociedade do DF pode ter. Não interessa o tempo: a Polícia Civil se dedicará ao máximo para punir condutas criminosas”, garante. Para ele, a prisão é importante porque encerra uma era de grandes roubos. “Estamos vendo que o número dessas ações vem caindo no Brasil, e isso não deixa de ser um recado de que esses crimes serão reprimidos”.

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