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Brasília

Gato encontrado na UnB é suspeito de infectar estudante que morreu por raiva humana

Peritos analisaram o local por 20 minutos. O felino passará por exames nesta segunda-feira (08) no Instituto de Criminalística da PCDF.

Redação Jornal de Brasília

07/08/2022 22h21

Foto: Divulgação PCDF

Por Tereza Neuberger
redacao@grupojbr.com

Um gato encontrado morto no Campus da Universidade de Brasília (UnB) foi recolhido por peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) no último sábado (06) e deverá ser analisado. O felino pode ser o suspeito de ter infectado o jovem de 18 anos que morreu por raiva humana no Distrito Federal, em 30 de julho.

Os peritos analisaram o local por cerca de 20 minutos, fotografaram o animal e o levaram para o IC, para passar por exames ainda nesta segunda-feira (8). O trabalho será desenvolvido pela Seção de Engenharia Legal e Meio Ambiente (Selma) do IC.

Em nota, os parentes do jovem afirmaram que a gata citada inicialmente como a transmissora do vírus permaneceu saudável dos 24 dias após ter arranhado o estudante em 15 de maio. “Ressalta-se que a gata foi encontrada saudável na vizinhança da casa da família e permaneceu internada, por iniciativa dos familiares, sob os cuidados de equipe médica veterinária que, a partir de exames e avaliação diária, atestou que desde a sua admissão a filhote se encontra sadia, com comportamento normal, ativa e sem apresentar qualquer intercorrência clínica, quadro que se mantém até a presente data”, diz a nota.

O fato derruba a hipótese sustentada pelas autoridades sanitárias, uma vez que o mamífero que transmite a raiva é portador final do vírus, pois, necessariamente, morre entre cinco e sete dias do adoecimento estabelecido por protocolos internacionais dentro de um prazo de segurança de 10 dias de observação do animal suspeito.

O óbito do rapaz foi o primeiro registrado na capital do país após 44 anos de erradicação da doença. Familiares frisam que o jovem não costumava frequentar ambientes silvestres e que a única mudança na rotina do rapaz foi a volta às aulas presenciais na Universidade de Brasília (UnB), no dia 6 de junho. Ainda segundo a família, dois dias após o retorno das aulas, o jovem teve contato com um gato no campus da universidade.

“[…] Um gato, cinza e branco, nas intermediações do ICC Central, com comportamentos estranhos chamou a atenção do jovem, que o apelidou de ‘gato chapado’, pois possuía olhar vesgo, muito brilhante e atento para o teto do local, era arisco e não se misturava com os demais, além do andar trôpego e cambaleante.”

Um gato, cinza e branco, nas intermediações do ICC Central, com comportamentos estranhos chamou a atenção do jovem.
Foto: Reprodução

Em nota, a UnB informou que os animais que aceitam contato e que circulam pela universidade estão todos vacinados e não há registro de nenhum animal doente no campus. Além disso, entre os animais que morreram no último mês dentro da universidade, nenhum foi por causa da raiva.

A família da vítima afirma que entrou em contato com o Ministério Público pleiteando a devida apuração da execução das ações e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses pela Vigilância Ambiental.

O diretor substituto de Vigilância Ambiental da SES-DF, Laurício Monteiro, explicou que, desde o início do caso, a pasta realizou todo o trabalho de profilaxia. Ele reforçou que não há registros de que o gato da UnB tenha arranhado, mordido ou lambido o jovem. “Não temos como comprovar isso por meio de exames”, completou.

Laurício destacou ainda que há um trabalho junto à universidade de profilaxia em relação aos animais que circulam pelos campi. O gestor reforça a importância de se vacinar animais.

Raiva Humana

A raiva humana é uma enfermidade causada pelo vírus rábico que acomete mamíferos e pode ser transmitida de animais para humanos, momento em que passa a ser chamada de raiva humana. É uma doença viral extremamente infecciosa que se caracteriza como uma encefalite progressiva e pode levar à morte.

Cães e gatos e todo animal de sangue quente, como morcegos, macacos, guaxinins, raposas, bois, galinhas, e porcos, que estejam infectados podem ser transmissores da doença.

Após a exposição ao vírus é importante procurar o médico o mais rápido possível. Pois, quando não tratada, a doença pode levar à morte em cerca de sete dias.

A transmissão por meio de arranhões é rara, uma vez que é preciso que a saliva infectada do animal entre em contato com uma ferida na pele ou com a membrana dos olhos, nariz e boca de um indivíduo. Logo, é mais comum a transmissão por meio da mordida do animal transmissor.

Não se pode matar o animal agressor. É preciso deixá-lo em observação durante 10 dias, em local seguro, para não fugir nem atacar pessoas ou outros animais. O animal deve receber água e comida normalmente. Durante a observação, verificar se apresenta algum sinal suspeito de raiva como alteração de comportamento. Caso não seja possível observar o animal em casa, encaminhá-lo ao canil da Gerência de Vigilância Ambiental Zoonoses (GVAZ), Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde, da Secretaria de Saúde.

Caso desconfie que algum animal esteja com raiva é importante comunicar à Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde, pelo Disque Saúde – 160 ou pelo e-mail zoonosesdf@gmail.com.

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