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Brasília

Fiéis de diferentes cantos do país lotam o Morro da Capelinha nesta sexta-feira santa

Peregrinos cantaram, se emocionaram e agradeceram em mais uma edição da Via Sacra de Planaltina DF

Mayra Dias

07/04/2023 20h01

Devoção e Paixão. Essas são as palavras que definem os fiéis presentes no famoso espetáculo no Morro da Capelinha em Planaltina DF. A tão esperada Via Sacra, evento cultural religioso brasileiro que acontece todos os anos na cidade e representa uma grande experiência sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus.

Tomados por fé, lágrimas e agradecimento, os presentes no local esperavam uma encenação especial, visto que o evento comemorou, neste ano, 50 anos de atividade. “Eu espero muita emoção, assim como foi em todos os anos. Principalmente na hora da ressurreição, tenho certeza que será bastante emotivo. É um trabalho muito lindo”, comentou a moradora de Formosa GO, Gleiciane Ferreira da Silva, de 28 anos. Para vivenciar a Via Sacra ao Vivo de Planaltina, foi preciso percorrer as 15 estações cênicas que ocorreram de forma itinerante à medida que o público subia o Morro da Capelinha.

Ainda nas primeiras horas da manhã, pagadores de promessa de várias regiões do Distrito Federal e Entorno chegaram ao Morro da Capelinha e, enquanto isso, nos bastidores, os atores se preparavam para a encenação religiosa. O espetáculo começou por volta das 14h30, e nem a ameaça de chuva desanimou os fiéis, que acompanharam todas as passagens da Via Sacra. Vindo de Riacho Fundo II, Cleo Moraes, de 40 anos, compartilha que, depois de anos sensíveis vividos com a pandemia de covid-19, Deus tocou seu coração para que, esse ano, ela visitasse o evento. “Eu nunca tinha vindo e o preço que foi pago foi muito forte. Vim pelo meu lado espiritual, para pagar e subir esse morro lindo”, disse. “Espero, depois de viver essa experiência, um renovo espiritual. É isso que ela significa para mim hoje. Uma nova aliança com Deus. Sou privilegiada por estar aqui hoje”, comenta, emocionada. 

A tradicional festa religiosa mobilizou cristãos de várias partes do DF e de fora dele. Foi o caso de Orlando Ferreira Cavalcante. Carioca de 61 anos, ele conta que o evento simboliza todo o sacrifício de Jesus para que, hoje, todos estivessem salvos. “A Paixão de Cristo é milenar”, afirma. 

Evangélico, Orlando é a prova de que, para apreciar e se emocionar com a celebração, não é necessário ser católico, e que o evento é para todos. “Qualquer pessoa, de qualquer religião, tem Cristo como cabeça. Então isso não é motivo para discriminação”, argumentou. “É a fé que nos leva a crer em Cristo como salvador, e isso vale para todo mundo”, pontua, acrescentando que, sem dúvidas, será um evento emocionante. 

A dramatização da morte e ressurreição de Jesus Cristo também coleciona momentos que se repetem a cada nova geração familiar. “Nunca tinha vindo antes, apesar de morar em Brasília a muito tempo. Este ano, minha avó quis vir e eu quis acompanhá-la”, compartilha Ketelyn Nascimento Moraes, de apenas 16 anos. “Com certeza será um evento lindo, como todos os anos. Esse evento representa a ressurreição de Jesus, é uma coisa muito significativa”, acrescentou a jovem de Samambaia Norte.

Quirina Nascimento de Oliveira, avó de Ketelyn, diz que sempre foi um sonho conhecer a Via Sacra. “Tinha muita curiosidade. Eu morava em Belém. Faz tempo que queria vir e, graças a Deus, hoje deu certo”, explicou. A aposentada contou estar super satisfeita e feliz em estar vivendo esse momento. 

Atores, figurantes e público tornaram o evento um dos mais especiais da história da Via Sacra. Considerado um patrimônio cultural imaterial desde março de 2008, ano em que o governador José Roberto Arruda editou um decreto, este ano, assim como em todas as edições, o grupo teatral trouxe  toda a cronologia que marca a vida de Jesus Cristo. A história começou pelo julgamento e crucificação, e terminou com a ressurreição do filho de Deus. 

Foram mais de 1.400 voluntários e cerca de R$ 1.307.350 de investimento, advindos a partir da liberação de recursos, como de emendas parlamentares, que garantem a estrutura do teatro. Foram R$ 617.350 da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) e R$ 690 mil da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur). 

Depois de um hiato, ocasionado pela pandemia de covid-19, a Via Sacra voltou para o segundo ano consecutivo de encenação. Nesta edição, a passagem bíblica tida como tema está presente no livro de Lucas 1:49 — “Porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo”.

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