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Brasília

Exclusivo: erro do Cebraspe provoca desespero em candidatos à PRF

O concurso PRF ofertou aos candidatos 1.500 vagas, sendo 1.125 para ampla concorrência, 300 para negros e 75 para candidatos com deficiência

Ary Filgueira

12/08/2021 15h50

João Lopes não tem três dedos de uma das mãos, o que lhe impede de segurar com firmeza, por exemplo, uma arma. Flávio Silva acabou de fazer uma cirurgia no joelho e dificilmente daria conta de exercer uma atividade que requer qualquer esforço físico. Já Lindaura Santos tem um tumor na região cervical em face de um Linfoma de Hodgkin – que é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático.

Mesmo com sérios problemas de saúde, os três foram em busca do mesmo sonho: de se tornarem policiais rodoviário federal. Mas como isso é possível se hoje eles se encontram incapacitados para esse serviço, que exige uma condição física quase que de um atleta? Simples: é que nenhum deles reconhece o tipo de doença que lhes foram imputadas.

A afirmação foi feita num grupo de whatsApp de candidatos que passaram no ultimo certame realizado neste ano. O concurso PRF ofertou aos candidatos 1.500 vagas, sendo 1.125 para ampla concorrência, 300 para negros e 75 para candidatos com deficiência. O salário deste certame é na forma de subsídio no valor de R$ 9.899,88, em início de carreira. As provas objetivas e discursivas foram realizadas no dia 9 de maio de 2021.

Os estudantes apontam a Junta Médica encarregada de avaliar os aprovados de errar o laudo da avaliação de saúde. A avaliação de caráter eliminatório é a última etapa, restando apenas a posse do candidato.

O resultado do laudo foi divulgado no dia primeiro de agosto. As observações feitas pelos peritos no prontuário dos candidatos causaram um misto de indignação e ironia no grupo de rede social, cujas mensagens o Jornal de Brasília teve acesso. “No meu, inventaram que não tenho três dedos e fizeram uma dissertação de mestrado a respeito”, ironizou João.

Logo abaixo da mensagem dele, Flávio escreve: “Minha cirurgia no joelho só se foi feita pelo João de Deus. Que cirurgia é essa que não deixa cicatriz nem nada? (sic)”, disse ele, se referindo ao médio de Abadiânia acusado de abusar sexualmente de suas pacientes. Os nomes dos estudantes são fictícios, para não correrem o risco de represália, pois alguns ainda estudam para outros concursos e temem ser prejudicados pela denúncia.

Eles ainda podem recorrer da avaliação médica. Mas o prazo é exíguo. Os recursos podem ser interpostos entre hoje e amanhã. Dificilmente, o concursando que depende de médico da rede pública conseguirá uma vaga num especialista com tanta agilidade assim.

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