Menu
Brasília

Estudantes pressionam deputados a aprovarem passe estudantil até o Entorno

Estudantes do Entorno foram até uma sessão da Câmara Legislativa a fim de pressionar os deputados a aprovarem a extensão do direito para os municípios goianos

Redação Jornal de Brasília

02/08/2022 19h15

Foto: Gabriel de Sousa

Por Gabriel de Sousa
[email protected]

“Custa muito dinheiro”. É desta forma que os estudantes que moram no Entorno e estudam no Distrito Federal costumam definer as suas rotinas. Sem ter como utilizar o passe estudantil, direito que ainda é exclusivo aos brasilienses, estes alunos precisam separar altas quantias em suas carteiras para ter o acesso garantido às instituições de ensino.

Porém, a expectativa dos estudantes do Entorno é que esta realidade mude em breve, já que está em tramitação na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) um projeto de lei (PL) que expandirá o direito do passe estudantil para as linhas interestaduais de onze municípios goianos do Entorno. A PL é de autoria do deputado Rodrigo Delmasso (Republicanos), que acredita que a pauta será votada e aprovada até o mês que vem.

Com a expectativa do início da votação do PL, onze estudantes foram para o Plenário da CLDF na sessão desta terça-feira (2). A expectativa dos jovens era a de pressionar os parlamentares a aprovar o texto que prevê a extensão do passe estudantil. Porém, a pauta não foi sequer um tema central da assembleia, sendo adiada para ser discutida entre os líderes partidários em uma reunião futura.

Na sua fala, já no fim da sessão, Delmasso disse que a PL deve ser votada com rapidez, já que considera injusto que os habitantes do Entorno não tenham um direito que é garantido para todos os que moram no Distrito Federal. O parlamentar lembrou que a antiga justificativa para a falta do passe estudantil para os goianos era porque as linhas não eram geridas pelo GDF. Porém, desde o ano passado, o governo distrital é gestor das operadoras de transporte dos municípios goianos.

“Há uma injustiça daquele estudante, por exemplo, que mora em Águas Lindas, trabalha aqui em Brasília e estuda em faculdade particular aqui do Plano Piloto. Este estudante não tem o direito ao passe livre para ir da sua faculdade para a sua casa, ou da sua casa para a sua universidade.”, afirma.

Procurada pela equipe de reportagem do Jornal de Brasília, o Palácio do Buriti e a Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (SEMOB/DF) informaram que somente irão se posicionar após o fim das diligências entre os parlamentares da CLDF.

Estudantes gastam mais de R$ 300 por mês

O universitário Lellis Silva, 21, foi um dos estudantes que foram para a Câmara Legislativa na sessão desta terça-feira (2), a fim de pressionar a votação da PL pelos parlamentares. Lellis mora em Santo Antônio do Descoberto e estuda publicidade e propaganda no campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB). Para ir às aulas, ele precisa desembolsar quase R$ 15 diários.

Segundo o estudante, o alto custo diário impede que outros jovens da sua cidade também estudem na UnB, mesmo com as bolsas de auxílio-transporte que são ofertadas pela Universidade. De acordo com ele, os jovens vizinhos da sua cidade preferem cursar as faculdades locais ou que adotam o ensino à distância (EAD), por acabarem sendo mais cômodas ao bolso.

“Eu gasto R$ 14,60 todos os dias que eu preciso ir para a UnB. E mesmo que a UnB tenha os programas de acesso, ela não consegue atender a todos os estudantes. Isso é um fator que impede muitos alunos de Santo Antônio do Descoberto a entrarem na UnB”, relata o estudante.

Porém, Lellis decidiu seguir o sonho de se graduar na Universidade de Brasília, por mais que isso significasse gastar uma alta quantia mensal com as tarifas de ônibus, que chegam a ultrapassar R$ 300. “Eu tive que reformular todas as minhas finanças. Eu não trabalhava, eu não tinha renda ainda. Então, eu tive que arranjar uma forma de arrecadar essa verba para poder bancar a passagem e para não deixar essa oportunidade passar”

Para ele, se manifestar na plenária da CLDF foi uma forma de lutar pelo fim de uma “injustiça”, já que os outros colegas de faculdade não precisam pagar a mesma quantia de passagem, por morarem no DF e terem um passe estudantil. “Para mim, é representar muitos amigos meus que não puderam vir por conta de trabalho, por conta de aula, de tempo e porque não conseguiram bancar a passagem para estarem aqui. É também estar lutando por aquilo que eu acredito, de que as universidades devem ser ocupadas por todos”, conclui o manifestante.

Estudantes querem aprovação e implantação com rapidez

Um dos líderes de movimentos discentes que marcaram presença na CLDF foi Luiz Phellipe, membro do Juntos!, organização que, em suas redes sociais, conclamou os estudantes a protestarem durante a sessão da casa legislativa. O jovem deseja que o passe livre para estudantes do Entorno seja aprovado “o mais rápido possível”.

Luiz observa que a maioria das passagens de linhas do Entorno, vindas do Plano Piloto, custam mais de R$ 8, o que faz os alunos pressionarem por uma implantação imediata do sistema, caso a PL seja aprovada. “A gente vê que isso causa um grande buraco financeiro dentro do bolso dos nossos estudantes. Enquanto que os estudantes do Distrito Federal têm o passe livre estudantil muito lutado, os estudantes de Goiás estão na luta até hoje para que esse passe livre seja aprovado”, diz o líder estudantil.
Com o adiamento da pauta, o militante afirma que o movimento estudantil permanecerá pressionando os líderes partidários. A intenção dos estudantes é que os parlamentares cheguem a um breve acordo, que seja suficiente para aprovar a proposta no plenário da CLDF.

“Vale a gente botar pressão nos líderes dos partidos para tentar a aprovação o mais rápido possível. A gente está vendo que esse adiamento de pauta, provavelmente, pode ser uma manobra para que essa pauta não seja aprovada, mesmo o Delmasso garantindo que ela seja aprovada”, observa Luiz Phellipe.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado