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Brasília

Ensino básico do DF registra piora em aprendizado de português e matemática

De acordo com uma nova pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação, o aproveitamento nos ensinos fundamental e médio diminuiu entre 2019 e 2021

Redação Jornal de Brasília

19/09/2022 19h59

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Por Gabriel de Sousa
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Publicado nesta última sexta-feira (16) pelo Governo Federal, as novas pesquisas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) evidenciaram que o aproveitamento em língua portuguesa e matemática dos estudantes dos ensinos fundamental e médio do DF piorou entre os anos de 2019 e 2021.

As pesquisas são organizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que realiza os estudos a cada dois anos para avaliar o rendimento dos estudantes de escolas públicas e particulares do país, e também atestar o aproveitamento dos alunos nas duas competências básicas.

O efeito de piora no aprendizado básico não foi apenas visto no Distrito Federal. Em uma escala nacional, o Saeb atestou que a média nacional de aproveitamento dos estudantes em matemática caiu de 750 para 741 pontos, enquanto que em português, o recuo foi de 750 para 725,5.

Já o Ideb avaliou o aproveitamento dos estudantes das redes pública e privada do Distrito Federal, e atestou que os primeiros anos do ensino fundamental (1º ano ao 5º ano) registraram uma nota de 229,46 em português e de 237,64 em matemática, tendo uma proficiência média de 6,68 para 10.

Já os anos finais (6º ao 9º ano), tiveram um índice de 267,53 em língua portuguesa e 267,83 em cálculos matemáticos, com uma nota final de 5,59 para 10. No ensino médio, os rendimentos foram de 289,54 em português e de 289,21 em matemática, com uma proficiência média de 5,09.

Notas em 2019 eram maiores

Na última edição do Ideb, feita em 2019, os índices em português e matemática eram maiores no DF. Nos anos iniciais do ensino fundamental, o aproveitamento em língua portuguesa era de 230,26 (0,8 a mais do que o atual), enquanto que em cálculos foi de 241,87 (4,23 a mais do que em 2021). De 0 a 10, a proficiência média era de 6,77.

Já nos anos finais do fundamental, o rendimento em matemática era de 271,91 (4,08 a mais do que o atual). Em português, a rede de ensino DF registrou a sua única evolução em 2021, visto que em 2019, o aproveitamento era de 266,82 (0,71 a menos). Mesmo assim, com uma proficiência de 5,65, a nota final ainda foi superior ao da nova pesquisa.

Os números de 2019 também se mostraram superiores à nova pesquisa para o ensino médio do DF. Em português, o rendimento era de 292,65 (3,11 a menos), enquanto que em matemática foi de 296,45. Com um resultado menor em 7,24 do que o estudo anterior, esta foi a maior regressão atestada pelo Inep. De 0 a 10, a proficiência média nesta etapa era de 5,23 há três anos.

A nova pesquisa do Ideb também mostrou que a capital federal, com um índice de 6,4 em uma escala de 0 a 10, é a segunda melhor em educação nos anos iniciais do ensino fundamental, estando atrás apenas de Santa Catarina, que obteve uma parcial de 6,5. Apesar da posição privilegiada no cenário nacional, o Distrito Federal registrou uma regressão da avaliação em comparação à edição anterior, que, em 2019, teve 6,5 como a sua nota final.

Já nos anos finais do ensino fundamental, a nota final foi de 5,3, deixando o DF na 9º posição entre as 27 unidades federativas do país. Em 2019, a média era de 5,1, o que atesta um crescimento de 0,2. No ensino médio, o DF é a quinta colocada conforme os indicadores do Inep. O resultado no estudo de 2021 foi de 4,5, sendo a mesma pontuação registrada em 2019.

Pandemia interferiu nos resultados, diz especialista

Em uma entrevista exclusiva com a equipe de reportagem do Jornal de Brasília, Cleyton Gontijo, professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em educação, explicou que os dados apresentados pelas duas pesquisas devem ser analisados com muita cautela. De acordo com ele, o período entre 2019 e 2021, marcado pela pandemia de covid-19, foi atípico para os estudantes e deve ter interferido diretamente nos resultados finais.

“Eu diria que esses resultados não devem ser levados em consideração para falar de melhoria ou de queda de qualidade da educação. Estamos falando de um período de completa falta de regularidade, que requer sempre uma análise dentro deste contexto”, explica o professor.

Para Gontijo, diversos motivos podem ter causado as regressões dos dados apresentados pelo Inep, como as aulas remotas e dificuldades de acesso à internet e a materiais impressos. Além disso, o professor cita as barreiras econômicas e de saúde mental em que os alunos estavam expostos, e diz que estes contextos devem ser analisados com precisão. “Todos esses fatores possuem um impacto significativo no processo de aprendizagem, mas, além de todos estes fatores que são graves, nós também temos estudantes e seus familiares que ficaram fragilizados por conta da perda de entes queridos”, explica.

Com a divulgação dos números pelo Governo Federal, o professor avalia que as notas finais podem servir para potencializar os métodos de aprendizado em competências que tiveram resultados menores do que o esperado. “É identificar quais foram as habilidades – por meio da escala de proficiência – em que os estudantes apresentaram maiores dificuldades, e fazer um trabalho de ênfase com os alunos que estão nos anos escolares avaliados”, orienta o especialista da UnB.

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