Menu
Brasília

Empresários concordam com novas regras

Instalação de pias e horário além das 23h é bem visto por setor de bares e restaurantes no DF

Redação Jornal de Brasília

05/02/2021 6h34

Catarina Lima e Vitor Mendonça
[email protected]

A decisão do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), de revogar o decreto que estabelecia a obrigatoriedade do fechamento de bares e restaurantes a partir das 23h foi oficializada em Diário Oficial na manhã de ontem. A decisão conta com o apoio dos empresários e entidades representativas do setor, uma vez que a medida beneficia a todos.

O presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (Sindhobar), Jael Antonio da Silva, disse que o setor está feliz com a decisão do governador Ibaneis, mas também ciente da responsabilidade. Nas determinações do novo decreto, os estabelecimentos comerciais deverão ter pia e sabão de fácil acesso para higienização das mãos dos clientes, ou dispor de mais álcool em gel 70% nas imediações.

“Nós vamos mandar comunicado para todos os empresários que fazem parte do mailing solicitando atenção aos protocolos de higiene” garantiu Jael – são mais de 600 empresas informadas, portanto. Assim como o professor da UnB, o presidente do Sindhobar disse que o uso do álcool e o distanciamento são fundamentais.

Quem acompanha com atenção o dia a dia da evolução da pandemia de coronavírus na cidade, como o professor Mauro Sanchez, epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB), também elogia a iniciativa, visto que é uma das formas de garantir segurança nos estabelecimentos comerciais. Mas é necessário rigor quanto ao cumprimento.

“É preciso ver em que circunstâncias ele [o governador] tomou essa decisão. O DF não está numa curva ascendente de casos, não tem pico”, disse o professor. Mauro argumentou ainda que não estamos mais no estágio de escolher entre a saúde e a economia.

“A vida é o bem mais importante, mas é preciso pensar na economia também. Não dá para não levá-la em conta”, avaliou o epidemiologista. Ele alertou, no entanto, para a necessidade de manutenção do rigor nas medidas preventivas. “É preciso manter o cuidado com a lavagem das mãos, com o uso do álcool em gel e com o distanciamento”, frisou.

No Mauí Açaí, em Águas Claras, não serão necessárias reformas para atender às mudanças determinadas no decreto. Durante a pandemia, em setembro, o estabelecimento passou a ter, logo na entrada, uma pia em forma de tambor para que os clientes pudessem lavar as mãos com sabão antes de fazerem algum pedido.

“Desde o primeiro dia que instalamos, já foi de uso imediato. Todos passaram a usar. Nesse novo normal, quem chega já lava a mão e ainda passa álcool em gel depois. O pessoal gostou bastante. Além de ser uma forma de prevenção à covid, ainda embeleza o ambiente”, afirmou um dos donos do negócio, Filipe Souza. “É importante para a segurança dos clientes, que entram, pegam nos cardápios e nas mesas”, continuou.

A dinâmica para a instalação, de acordo com Filipe, foi simples. Após uma pesquisa na internet sobre pequenos lavatórios, encontraram o modelo pronto com o tambor em um site de compras on-line. “Só tivemos de quebrar um dos lados do muro e passar um cano por baixo do solo e fazer a conexão”, contou o sócio. O aumento nas contas, segundo ele, foi irrisório.

“Todo o custo que tivemos em implementar o lavatório não tem valor algum. Muitas famílias perderam entes queridos e continuam perdendo. Tínhamos que tomar nossa posição na sociedade. Nem sempre é o lucro que importa”, disse. “Nunca pensamos em esperar alguém determinar algo para agirmos. Pensamos logo que tínhamos que fazer o que estava ao nosso alcance para evitar esse contágio acelerado e fazer a nossa parte. Se uma pessoa a menos fosse infectada, já estaríamos satisfeitos.”

Liberado após às 23h

No bar e restaurante Fausto e Manoel, no Sudoeste, nenhum ajuste seria também necessário, segundo Afrânio Carneiro, gerente do local. Lá, os clientes possuem fácil acesso a um lavatório localizado entre os banheiros, onde podem higienizar as mãos. Além disso, o estabelecimento dispõe de álcool em gel em todas as mesas e balcões, conforme explica o gestor.

“Estamos cumprindo a regra direitinho e nossos clientes são muito fiéis, sendo quase todos os dias as mesmas pessoas. Como já conhecemos a todos, quando começam a dar algum trabalho, já pedimos com educação e eles acatam com respeito. Graças a Deus não tivemos dificuldade em cumprir as medidas até agora já estabelecidas”, disse Afrânio.

O único problema estava na limitação de horário. “[A determinação] era desnecessária, porque corria ainda mais risco de aglomeração, só que mais cedo – todos queriam ir mais cedo. Agora será bem melhor pelo tempo maior para ir. Às 23h todas as mesas estavam ocupadas e as pessoas ainda estavam terminando de comer, naquela agonia de acabar logo”, contou. “Agora terá tempo para todo muito, sem lotação.”

De acordo com Afrânio, desde quinta-feira até sábado, o aumento do horário das 23h era crucial, além de não gerar aglomerações, para também evitar as perdas na receita do estabelecimento, que chegavam a 20% na diferença do mês completo. “Mas os impostos e despesas vêm iguaizinhos”, ponderou.

Carnaval

No período do Carnaval, o presidente do Sindhobar garantiu que os empresários de bares e restaurantes estão sendo orientados a não realizar qualquer tipo de festa em seus estabelecimentos. “Não tem Carnaval. Quem descumprir essa determinação deverá ser punido. Nós defendemos a punição dos infratores”, frisou.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Beto Pinheiro, também defendeu punição rigorosa para os infratores. “O trabalho conjunto da Polícia Militar e do DF Legal na fiscalização é muito bom, intensifica a fiscalização”, disse.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado