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Brasília

Em meio à polêmica, entidades religiosas optam por atividades virtuais

Após decreto de Bolsonaro, decisão judicial colocou missas e cultos no alvo de uma discussão

Redação Jornal de Brasília

30/03/2020 15h30

Brenna Farias
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

Reuniões para atividades religiosas permanecem suspensas em função de prevenção de contágio em dias de pandemia do coronavírus. O tema virou motivo de polêmica judicial, após decreto do presidente Jair Bolsonaro que as tornaram essenciais no decreto Presidencial nº 10.292, de 25 de março e depois por decisão judicial que invalidou essa possibilidade. (confira a decisão)

 Líderes religiosos no Distrito Federal, entrevistados pela reportagem, afirmam que optam por continuar evitando aglomerações pela segurança dos fiéis e da comunidade. “Serviços essenciais são aqueles que se não atendidos colocam em risco e perigo: a sobrevivência, saúde ou segurança da população, não é o caso da igreja!”, afirma  o padre Fábio Muniz da paróquia Sta. Filomena e São Miguel de Arcanjo

 Desde o decreto N° 40.539, de 19 de março de 2020 do governador Ibaneis Rocha, que limitou as atividades de atendimento ao público como medida preventiva contra o coronavírus, os cultos e missas em Brasília estavam interrompidos. Porém, no dia 23 o presidente Jair Bolsonaro adicionou as atividades religiosas como essenciais, o que permitiu a volta das celebrações. 

O pastor José Carlos Barrozo Junnior, da Igreja Batista Cristo as Nações, em Sobradinho, considerou o decreto em partes uma preocupação humana, mas também uma questão política. “Arbitrários e de cunho político, tanto o decreto do presidente quanto o dos governadores. Para agora, é muito mais político do que técnico.”  Ele considera as atividades muito importantes, mas não essenciais. “O que é essencial, não é atividade religiosa, é o relacionamento com Deus”, afirma. O pastor tem realizado os cultos de forma virtual.

Pastor José Carlos realiza culto virtual. Foto: Divulgação

Ricardo Sobral é zelador de uma casa de umbanda , cargo de comando na religião. Ele teme que templos sejam abertos por questões econômicas, o que, segundo ele, causaria o aumento da pandemia “Tudo que para, perder lucros e dividendos”.

A casa permanecerá em quarentena até o pico da doença diminuir. “Nossa casa, nossos filhos e irmãos merecem cuidado e respeito nesse momento Não há preço que pague o preço da morte.” 

A paróquia Sta. Filomena e São Miguel de Arcanjo, localizada em Sobradinho, já havia cancelado a missa presencial antes mesmo do decreto do governador. As celebrações estão acontecendo virtualmente. “Não é fácil. Temos pessoas que dependem da nossa colaboração e de uma forma ficam comprometidos por um momento, mas entendemos que tudo é por um tempo… É por um bem maior, que é a vida”, completa.   

Quando questionado se voltaria a celebrar as missas de forma presencial, o padre responde: “Não faremos ainda nesse primeiro momento, mesmo com o decreto, e orientamos que aqueles que podem ficar em suas casas, permaneçam” 

 As ferramentas digitais também foram a saída usada pela Igreja Batista, que interrompeu os cultos presenciais dois dias antes do decreto do governador. “Não podemos ser imprudentes nesse momento”. 

 Segundo o pastor, a igreja também não voltará com cultos presenciais até que o número de contágio comece a diminuir e que percebam que seja seguro, sem oferecer nenhum risco para os fiéis e para a comunidade. “Por necessidade. Não por medo, mas por um momento de vivência, que é necessário.”  A igreja permanece aberta para orações e atendimento aos membros. 

 A Federação Espírita brasileira publicou no dia 26,  uma nota oficial declarando que as atividades estão acontecendo de maneira virtual e contínua. A entidade recomenda aos centros espíritas que se atentem para as orientações dos organismos de saúde.

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