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Brasília

Dias de visitas: a rotina de mulheres que visitam os amores nos presídios do DF

No DF, estão localizados o Complexo Penitenciário da Papuda e a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia

Redação Jornal de Brasília

15/03/2023 23h34

Penitenciária Feminina do Distrito Federal. Foto: Malu Souza/Agência de Notícias Uniceub

Por Malu Souza
Agência de Notícias do CEUB/Jornal de Brasília

Em quintas-feiras diferentes, a reportagem acompanhou um pouco da saga de pessoas, em sua maioria mulheres, para visitar seus amores em presídios do Distrito Federal. No DF, estão localizados o Complexo Penitenciário da Papuda e a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia.

O movimento de pessoas nos dois presídios possui suas diferenças. Na Papuda, a todo o momento é possível observar mulheres passando, em sua maioria, sozinhas e sem fazer muito contato com outras pessoas. As visitantes que por ali conversei relataram não ter amizades naquele local e que não estão em nenhum grupo para troca de experiências. Elas se fecham e tendem a recuar ao mínimo contato.

Na Colmeia, tive percepções diferentes. Por lá, observei menor circulação de pessoas. Elas também tendiam a interagir mais umas com as outras e se conhecerem. Lembro-me bem de observar cinco mulheres auxiliando uma senhora a chegar à área de visita. Ela se locomovia com dificuldades, fazendo uso de uma bengala. As mulheres que estavam ao seu redor as seguravam pelos braços.

?Em conversa com a comerciante que estava ali, ela me contou que aquelas mulheres tinham grupos de WhatsApp para se ajudarem, principalmente com caronas para aquele local de difícil acesso.

Complexo Penitenciário da Papuda

Manhã de quinta-feira em Brasília. Uma fila formada por mulheres, com exceção de quatro ou cinco homens, percorre um trecho da Rodoviária do Plano Piloto. Em frente à plataforma A, elas esperam ansiosamente a chegada da linha de ônibus 0.111, que vai em direção ao Presídio Nacional (no Complexo da Papuda), localizado em São Sebastião, a 20 quilômetros dali.

?Ao lado da fila, percorre um homem com seu carrinho de mão. Em cima uma caixa de isopor, sacolas transparentes, blusas e máscaras brancas. O homem, que preferiu não se identificar, passava oferecendo seus produtos para as mulheres que ali estavam aguardando o ônibus. Este homem foi o primeiro a me contar que, para a visita ser permitida, é necessário que o visitante esteja inteiramente de branco.

8h10

O 0.111 tão aguardado estaciona na rodoviária. Ao todo, foram 25 minutos dentro do veículo. Onde o que se podia escutar eram o ruído do ônibus e os fones de ouvido de um rapaz que estava próximo, e que desembarcaria antes da Papuda.

?O ambiente estava cheio de tensão e ansiedade. Mas, também, cheio de mulheres que pouco conseguiam se mexer por estarem em um ambiente limitado. Elas se seguram como podem, agarrando-se na barra de sustentação, mas também no desejo de logo poderem ver seu amado e matar um pouco da saudade que sentiam. A maioria carrega bolsas e mochilas, umas vestem branco, outras não, essas, talvez, iriam fazer a troca de roupa posteriormente.

?As visitas no Complexo da Papuda ocorrem às quartas e quintas-feiras, das 9h às 15h. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, há 16.150 internos no Presídio Nacional e 13.498 visitantes aptos.

?Para visitar uma pessoa recolhida em alguma das unidades prisionais do Distrito Federal, o familiar ou amigo agenda seu atendimento nos postos do NA HORA. É obrigatória a apresentação da documentação exigida no dia da realização do cadastro. O prazo dado para liberação do cadastro é de 10 dias.

?Após a ativação, o visitante retira sua senha um dia antes da visita, no site da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF). Validada nos guichês de atendimento, localizados na área externa da unidade prisional, junto com o documento de identificação.

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