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Brasília

Dia Mundial do Café: DF produz mais de 6 mil toneladas

Presente no cotidiano de quase todo brasileiro, a produção do insumo, cuja inflação cresceu acima dos 70%, está em expansão na capital.

Vítor Mendonça

14/04/2022 6h47

Brasília recebe o Coffee Brasília, evento especializado em café

Foto: Reprodução

“O café para mim representa uma nova vida”, afirmou o coronel aposentado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Leonardo Moraes, de 56 anos, que há pouco mais de cinco anos decidiu começar a cultivar o grão celebrado neste Dia Mundial do Café (14 de abril), na região de Planaltina. Nomeado Granutto Cafés Especiais, , para ele, o cultivo produzido pela família foi uma escolha acertada sobre o que fazer após a aposentadoria da corporação militar.

De acordo com dados do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o DF produziu cerca de 6.577,06 toneladas de café no último ano. Entre 2017 e 2020, o valor máximo da produção havia sido de 1.335,77 toneladas, há cinco anos. Em relação a 2020 para 2021, a quantidade produzida foi 5,5 vezes maior. A área de cultivo também cresceu, expandindo de 485,610 hectares para 729,160 hectares.

Presente no cotidiano de quase todos os brasileiros, e tradicional desde os tempos do Brasil colonial, o país ocupa o segundo lugar na lista dos países que mais consomem a iguaria, perdendo apenas para os Estados Unidos (EUA). Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o consumo chegou a 21,5 milhões de sacas em 2021.

“O mundo do café foi uma grata surpresa. Fui funcionário público por muitos anos e agora estou mexendo com uma terra que é minha juntamente com minha família. Isso é ótimo para mim”, disse Leonardo. Ao lado dele na administração do negócio está a esposa, que cuida das finanças e do marketing, a filha, gerente administrativa, e o filho, que é o mestre de torras e responsável pela gerência comercial do café.

Ao todo, são 99 produtores de café no DF espalhados em 12 Regiões Administrativas, sendo a maioria de São Sebastião, com 25 agricultores do ramo. Em seguida aparecem Sobradinho, com 17, Paranoá/PAD-DF, com 13, Brazlândia, com 12, e Gama, com 10. Todos eles compõem 3,06% dos produtores do DF, cujo produto final representa 0,71% da produção total.

Ainda segundo a Emater, o Valor Bruto da Produção (VBP) do café em 2021 foi de mais de R$ 12 milhões no DF – VBP é o faturamento bruto de um insumo, calculado multiplicando o valor da produção pelo preços médios recebidos pelos produtores (produção x R$), conforme especificou a Emater.

Consumo cresceu em meio à inflação

Mesmo em meio ao aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sobre o produto, que chegou a um acumulado de 9,08% nos últimos 12 meses no Brasil, o consumo do café teve crescimento de aproximadamente 1,71% em relação a 2020. No DF, a variação acumulada do preço do café moído no mesmo período foi de 76,25%, muito acima da média nacional.

O maior responsável pelo aumento nos preços foi o alto câmbio do dólar. Segundo o cafeicultor aposentado da PMDF, o café tem um cultivo complexo, que exige cuidados especiais desde a adubação até a venda do produto. Com o aumento da moeda estadunidense crescente no último ano e meses, o preço dos fertilizantes específicos para o plantio do café, por exemplo, todos importados, cresceram.

“Os custos de produção explodiram. […] Estamos tentando desenvolver um adubo similar no Brasil, mas ainda somos dependentes dos que vêm de fora. Com a pandemia, o adubo também demorou para chegar, e depois ainda tivemos a chegada da guerra”, destacou Leonardo.

Além disso, ele dá destaque para as altas taxações no consumo de água frente às dificuldades hídricas nas quais o DF enfrentou. “Toda cafeicultura é irrigada e como a conta de água e de energia cresceram assustadoramente, isso também impactou o custo da produção”, acrescentou. Com a colheita 100% mecanizada no DF, o aumento do preço do Diesel para os tratores também influenciou no sobrepreço.

“Mas é um produto que faz parte da cesta básica do brasileiro e, particularmente em Brasília, há uma proporção maior de cafeterias de cafés especiais que São Paulo, então o mercado é bom. O brasiliense sabe apreciar um bom café”, opinou o cafeicultor, que agora pretende aumentar a área de plantio, que hoje tem 20 hectares.

Ademais, Leonardo tem apostado agora na produção de chopps, cervejas artesanais e kombuchas com base no insumo. “Dá pra fazer muita coisa com o café; tem muitas possibilidades”, finalizou.

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