Menu
Brasília

DF sofre com alta ocupação de leitos obstétricos, cirúrgicos e de UTI Neonatal

Atualmente a rede pública de saúde da capital federal conta apenas com um leito de UTI Neonatal disponível

Carolina Freitas

20/03/2024 16h04

Crédito: Carolina Freitas

Pacientes sofrem com a alta ocupação de leitos nos hospitais públicos do Distrito Federal. Os leitos públicos de enfermaria em geral estão com 81% da taxa de ocupação preenchida. As mulheres que esperam por um leito obstétrico precisam em muitos casos migrar entre as unidades da rede pública de saúde, visto que a taxa de ocupação desse tipo de leito já está em 76,8%.

Dentre as unidades com poucos leitos obstétricos disponíveis estão: Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) com três leitos vagos; Hospital Regional da Ceilândia (HRC) com cinco leitos; Hospital Regional do Gama (HRG) com seis leitos; Hospital Regional do Paranoá (HRP) com apenas um leito vago e o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) com dois.

Já as unidades que contam com mais vagas em leitos para acomodar gestantes e puérperas são o Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) com 31 leitos vagos e o Hospital Regional de Sobradinho (HRS) com 24 leitos. Os pacientes que precisam de um leito cirúrgico também encontram-se na mesma situação, visto que a taxa de ocupação está em 76,2% para este tipo de leito.

Para leitos cirúrgicos, o HRS está com a taxa de ocupação em 100%, com nenhuma vaga disponível. O problema é ainda maior quando o assunto são os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no qual contam com taxa de ocupação em 95,6%. Para os bebês que precisam de uma UTI Neonatal, a rede pública de saúde do DF conta apenas com uma vaga disponível no momento.

Com 98,8% da taxa de ocupação preenchida na UTI Neonatal, 82 leitos estão ocupados e apenas um encontra-se disponível, sendo este localizado no HRC. Os dados acima foram repassados ao Jornal de Brasília pela Secretaria de Saúde do DF. Para analisar a situação de perto, a reportagem esteve ontem no HRG e verificou que o problema vai além da falta de leitos, mas também afeta os pacientes com demora nos atendimentos.

Pacientes relatam falta de leitos e demora nos atendimentos

A auxiliar administrativa Yasmin Isidoro, de 25 anos, relatou que estava acompanhando sua avó em uma consulta no ginecologista e que o atendimento estava muito lento. A jovem lembrou ainda que esse não é um problema pontual, mas que vem de muito tempo. No final do mês de janeiro, Yasmin precisou de um leito cirúrgico, e foi informada que não tinha nenhum disponível e que seria preciso fazer o procedimento sem anestesia e em um local improvisado.

“Eu cheguei passando muito mal aqui no Hospital do Gama, e o atendimento demorou bastante. Por conta das dores o aconselhável era eu não esperar muito tempo sentada, mas foi o jeito e tive que aguentar. Eu demorei cerca de quatro horas para ser atendida. Quando enfim consegui ser atendida, o médico disse que eu ia precisar passar por um procedimento cirúrgico, e me internou do lado de fora porque não tinha vaga no centro cirúrgico”, relatou Yasmin.

“Eu tive que fazer todo o procedimento em uma sala improvisada, porque não tinha leito. Foi muito dolorido pelo fato de ter sido praticamente sem anestesia. Em relação ao atendimento eu não tenho do que reclamar, todos se esforçaram para me atender da melhor forma, mas a estrutura foi bem complicada para que tudo fosse feito”, completou a jovem.

Para Yasmin essa foi uma das piores experiências da sua vida: “O procedimento obstétrico ele já é em si invasivo e desconfortável, então é um sentimento muito ruim pelo qual passei. Somente vir em um ginecologista para quase todas as mulheres já é um sentimento de pavor, e você ainda chegar em um lugar que não tem uma estrutura para te receber é bem frustrante e triste, e te deixa ainda mais apavorada. Nos desmotiva até em procurar um ginecologista”.

Já a dona de casa, Regiane Fontes, 49 anos, contou ao Jornal de Brasília, que chegou ao HRG com fortes dores nos seios, e já aguardava a duas horas por atendimento e ainda não tinha uma previsão de quando seria atendida. “O atendimento está bem devagar, falaram que estão chamando, mas bem lentamente. Eu ouvi que tem gente esperando a mais de quatro horas e não foi chamada ainda. Mas eu vou esperar aqui, e se não chamar vou desistir e voltar para casa e ficar sentindo dor. Sempre que procuramos o hospital público é isso, espera por muito tempo e às vezes consegue e outras não”.

Em relação à alta ocupação de leitos, a SES informou: “A Secretaria de Saúde esclarece que está em tratativas para abertura de mais 15 leitos de UTI, sendo cinco leitos adultos e 10 pediátricos. Além disso, também está elaborando um novo edital de leitos de UTI para ampliar a oferta a médio prazo, além de intensificar seus esforços para enfrentar a lotação de leitos de UTI e enfermaria, incluindo medidas como ampliação de leitos informados, otimização do giro de leitos e agilização de pareceres e exames”.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado