Menu
Brasília

DF possui mais de 2 mil pessoas em áreas de risco de desastres naturais

Levantamento do Serviço Geológico do Brasil em parceria com a Defesa Civil indica 22 áreas de vulnerabilidade estrutural

Vítor Mendonça

17/04/2023 5h39

Foto: Vitor Mendonça/ Jornal de Brasília

O Distrito Federal possui 2.100 pessoas em 22 áreas de alto ou muito alto risco de desabamento em oito Regiões Administrativas (RAs). De acordo com levantamento “Setorização de Áreas de Risco Geológico”, realizado pelo Serviço Geológico do Brasil, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB/CPRM) em parceria com a Defesa Civil do DF, são 525 imóveis em locais estruturalmente vulneráveis, principalmente no Sol Nascente e Sobradinho II.

Foto: Vitor Mendonça/ Jornal de Brasília

De acordo com o Tenente-coronel Ricardo Costa Ulhoa, coordenador de Planejamento, Monitoramento e Controle da Defesa Civil, as situações com maior risco estão diretamente ligadas à ação da chuva no solo onde estão localizadas. As casas presentes nas 22 áreas de perigo estrutural no DF estão próximas a erosões, o que pode facilitar um possível deslizamento de terra e, consequentemente, a derrubada das casas.

Segundo ele, é preciso estar atento aos sinais que as residências ou natureza ao redor podem dar a respeito da segurança estrutural do local. “Assim que a Defesa Civil vai ao local, queremos alertar a população com relação à percepção do risco de estar morando no local, para se prevenir [de deslizamentos]”, afirmou o coordenador.

“Cada caso é um caso. Muitas das erosões são em decorrência da influência da ação humana no local, porque a cobertura vegetal é retirada, diminuindo a quantidade de água que escoa pelo solo na vegetação. Mas às vezes a pessoa constrói a casa em um lugar de passagem de água, por exemplo. […] Jogar lixo na rua também acaba entupindo bueiros, o que atrapalha o escoamento pluvial”, disse.

Conforme explicou o pesquisador, os locais mais monitorados pela Defesa Civil e pelo SGB são as cidades de Arniqueiras e Pôr do Sol/Sol Nascente. Além delas, de acordo com o relatório, há também uma atenção do trabalho desenvolvido nas RAs em Sobradinho II, Planaltina, Núcleo Bandeirante (Vila Cauhy), Riacho Fundo, Vicente Pires e Fercal.

Erosão ao lado de casa

No Sol Nascente/Pôr do Sol, os pesquisadores dos órgãos constataram 52 residências em situação de alto risco de deslizamento ou desastre em decorrência de desastres naturais. São aproximadamente 208 pessoas nas casas aferidas pelas equipes de monitoramento.

Foto: Vitor Mendonça/ Jornal de Brasília

Uma das moradoras da região, que preferiu se identificar apenas como Maria, de 61 anos, está há dois anos na chácara 47 do Trecho 3 da cidade, uma das áreas consideradas de alto risco pelo levantamento. Ali, a ação das águas pluviais no solo gerou uma erosão na via de terra que dá acesso às casas, que preocupa as autoridades quanto à segurança dos moradores da região.

A situação está agravada ainda pela grande quantidade de lixo descartado no local e ainda aquele que é carregado de outras regiões da Ceilândia com a enxurrada, o que dificulta o escoamento. Apesar do grande volume, a água que passa em frente à casa de Maria nunca chegou a entrar na residência. Segundo a aposentada, a casa está bem firmada e ela não tem medo de que a estrutura ceda.

“Nesse meio ficou um buraco enorme. Quando chove passa uma água grande, mas antes estava pior. Não dá pra passar de carro, daí a gente sai pelo outro lado”, disse a moradora. Mesmo quando a chuva acaba, a água continua descendo a rua principal.

Um trabalho para a melhoria da situação no local está sendo desenvolvido pelo Governo do DF (GDF), com a instalação de galerias de águas pluviais. As manilhas, porém, ainda estão sobre o solo, apenas demarcando os espaços onde devem ser alocadas. Após o período de chuvas, elas poderão ser colocadas sem riscos de dano para a estrutura nem do comprometimento da obra.

Para Antônio Marcos da Silva, 45, há três anos morando próximo à via onde foi gerada a erosão, o principal problema gerado pela enxurrada é o impedimento de trânsito na avenida. “Não dá nem para atravessar para ir para a igreja, que fica logo do outro lado da rua. Não dá para ir nem a pé porque corre o risco da correnteza levar”, comentou.

Foto: Vitor Mendonça/ Jornal de Brasília

Morando um pouco mais distante da erosão, a água da correnteza também não alcança a casa onde vive. “Mas lá na beirada [da rua] é perigoso, porque a água vai cavando cada vez mais. Agora está melhor, porque já esteve muito pior”, disse. Segundo ele, a obra que está sendo feita com as manilhas pluviais garantirão o melhor escoamento da água da chuva.

“Me sinto seguro aqui”, disse ele. Ele também reclama do problema do descarte do lixo em frente à rua, além da quantidade que chega de outros pontos da Ceilândia e Sol Nascente. “O prazo que deram [para finalizar a obra com as manilhas] é até começar o próximo período de chuvas de novo”, acrescentou. É essa a esperança dele e de outros moradores da região, que estão em situação de risco pela erosão provocada no local.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado