O número de casos confirmados de dengue diminuiu 71,9% nas cinco primeiras semanas do ano, se comparado ao mesmo período de 2014: foram 236. Mas as chuvas, que naquele período foram raras e agora voltaram, são um sinal de alerta para a doença. Dados ainda mais recentes da Secretaria de Saúde, a serem contabilizados no próximo boletim, indicam que, só no Lago Sul, já são 33 registros. No documento da pasta, que vai até o dia 9 do mês passado, constam apenas dois registros. Ou seja, houve aumento de 1.650%, conforme os dados preliminares da Assessoria de Mobilização Institucional e Social para Prevenção à Dengue.
Entre janeiro e a primeira semana de fevereiro, cidade campeã de registros foi Planaltina, responsável por 25% dos diagnósticos. Para a Secretaria de Saúde, a dengue está controlada no DF, mas uma força- tarefa apoiada pelo Exército deve eliminar focos do mosquito, responsável também pela febre chikungunya.
Exército
Ontem, cem militares finalizaram o treinamento para atuar com agentes de saúde no combate às doenças com ações práticas na Estrutural. Chefe da Assessoria de Mobilização Institucional e Social para Prevenção à Dengue da Secretaria de Saúde, Ailton Domicio explicou que o reforço fará com que as equipes de trabalho mais que dobrem: a ação contará com 17 grupos, quando antes eram apenas sete.
O objetivo da força-tarefa, que envolve diversos órgãos da administração pública, é informar a população em visitas a residências, recolher lixo para reduzir focos e combater a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti.
Na Estrutural, as equipes fizeram um trabalho de inspeção e orientação. Em caso de reconhecimento de larvas, o local recebia tratamento antecipado.
De acordo com Ailton Domicio, não há um calendário definido para as próximas visitas, mas ele adiantou que a secretaria vai atuar com base em avaliações epidemiológicas semanais. Ele ressaltou que a diminuição dos casos pode ser justificada pelo período de estiagem.
Pelo boletim mais recente, além de Planaltina, com 59 casos, houve mais registros em Sobradinho II (21) e Taguatinga (18).
Família inteira com dengue no Guará
Sete pessoas da mesma família foram contaminadas no Guará II, onde a vizinhança também sofre com um possível surto de dengue. Ainda não foi localizado o foco do mosquito, mas a suspeita é que esteja em uma casa abandonada.
No Lago Sul, agentes fizeram um levantamento no mês passado e constataram 25 imóveis fechados. Para combater e eliminar focos da dengue, a administração regional junto com o Instituto Sabin e a Vigilância Ambiental entraram nessas residências e fizeram vistorias.
No entanto, o designer de produtos Isaac Lucena, 39 anos, teme por um surto em um condomínio da região. “Tem mais ou menos duas semanas que tenho visto bastante mosquito. Até achava que era muriçoca, mas tem muito Aedes aegypti”, conta.
Para ele, pode haver focos em piscinas, lajes e até carros abandonados. “Todo dia mato um mosquito. A gente se sente refém por uma falta de controle dos órgãos. A dengue pode até estar controlada, mas o mosquito ainda está por aí”, diz.
Segundo a Secretaria de Saúde, o número de mortes de 2013 para 2014 passou de cinco para 18. Já em relação à chikungunya, o DF registrou, no ano passado, três casos. Hoje, há dois casos em investigação e um confirmado no Guará.
Saiba mais
A Secretaria de Saúde informou que mantém equipes da Vigilância Ambiental em todas as regiões administrativas, que realizam visitas domiciliares regulares e dão orientação aos moradores.
Desde o dia 23 de fevereiro agentes de saúde percorrem as casas no DF. Desde 2011, há a Semana de Prevenção da Dengue no DF, realizada de setembro a maio, sempre na terceira semana de cada mês.
O Corpo de Bombeiros Militar também está reforçando a equipe de combate às duas doenças no DF.
São 40 homens cedidos, já treinados, que também devem trabalhar em conjunto com o Exército.
As administrações regionais também estão realizando a limpeza das cidades, já que o lixo também pode acumular água parada.
Ponta a ponta
Regiões com maiores índices de contaminação*:
Planaltina 59 casos
Sobradinho II 21 casos
Taguatinga 18 casos
Gama 14 casos
Guará 14 casos
Regiões administrativas sem índices de contaminação*:
Candangolândia, Cruzeiro, Fercal, Jardim Botânico, Riacho Fundo I e II, Scia, SIA e Varjão