Gabriel de Sousa
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Ontem, aproximadamente 170 mil estudantes de escolas particulares retornaram para as escolas públicas do Distrito Federal. O ano letivo começou de forma totalmente presencial em cerca de 380 instituições de ensino, apesar do alto número de infecções diárias pelo coronavírus na capital federal.
Com o pico de número de casos por coronavírus, que deve acontecer em fevereiro, a Secretaria de Educação do Distrito Federal deverá produzir um documento com informações para garantir a segurança dos alunos, professores e servidores da instituição. O pedido foi solicitado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e deve ter a sua publicação nos próximos dias
Já as escolas públicas do Distrito Federal deverão voltar às atividades no dia 14 de fevereiro. Foi dispensada pela secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, a exigência de comprovantes vacinais por parte dos estudantes. Porém, a secretária orientou os pais para imunizar os seus filhos antes do início das aulas. “Nós pensamos que nesta semana pode ser intensificada a vacinação das crianças”, afirmou.
Pais se sentem seguros com volta às aulas
Em uma escola particular no centro de Planaltina, a rotina de estudos voltou para Helena, de 2 anos, e Virgílio, de 4 anos. O servidor público Virgílio Filho, pai dos pequenos, comenta que há expectativas de um retorno com segurança para os seus filhos, mesmo com a transmissão comunitária da variante ômicron no DF. “Essa variante parece que está sob controle. A gente tem receio de aparecer uma nova variante. Mas, por outro lado, a gente tem que voltar ao normal”, comenta.
Segundo ele, o confinamento dos seus filhos dentro da sua casa não é benéfico para os seus desenvolvimentos. “Não é bom deixar eles trancados dentro de casa”, comenta. As expectativas para a primeira semana de aulas para o servidor público são de tranquilidade, e espera que seus pequenos aproveitem a “semana de adaptação” na escola particular. Sobre o atual momento da saúde no DF, Virgílio observa que apesar dos números, o momento atual é melhor do que as fases anteriores da pandemia de covid-19.
Escolas reforçam medidas de proteção
Diante do momento epidemiológico do Distrito Federal, o primeiro dia de aula nas instituições particulares tiveram reforços para garantir a segurança de alunos e funcionários. Em entrevista para a equipe do Jornal de Brasília, a diretora pedagógica do Colégio Sigma, da Asa Sul, Natália Rocha, explica que a sua instituição está seguindo à risca todas as medidas de proteção ao coronavírus. “Estamos seguindo todas as recomendações das nossas técnicas, com o afastamento não só de nossos colaboradores como também de alunos”, afirma a gestora.
Na instituição de ensino da Asa Sul, as aulas serão ministradas em um formato totalmente presencial, onde o uso de protetores faciais é obrigatório. Mesmo durante o período de lanche, onde os estudantes retiram o utensílio, Natália afirma que os estudantes continuarão tendo a sua segurança. “Adotamos o uso da máscara e a troca dela no horário de aula. O Sigma tem um espaço grande para o horário de lanche, e assim, eles podem ter uma distância segura para quando eles tiverem que tirar as máscaras”, diz Rocha.
A diretora do Colégio Sigma diz que não será feita a exigência de um comprovante de vacinação por parte dos estudantes que já estão inclusos no planejamento nacional. Natália disse também, que os funcionários das escolas não tratam diretamente sobre a questão vacinal com as crianças, deixando o tema sob responsabilidade das famílias e dos órgãos governamentais competentes. “O incentivo é que todos se sintam seguros e tomem todos os cuidados com o máximo de proteção possível”.
Sindicato discorda de volta presencial de alunos
A volta 100% presencial de estudantes nas escolas particulares do Distrito Federal é um tema que divide opiniões entre gestores de escolas e os membros sindicais. Em entrevista para o Jornal de Brasília, o vice-presidente do Sindicato de Professores de Escolas Particulares (Sinproep), Trajano Jardim, comentou que o desejo da organização era que o retorno das atividades ocorresse apenas com a vacinação das crianças de 5 a 11 anos. “Nossa ideia era com a segunda dose [a vacinação], mas poderia ser com a primeira dose”, afirma.
O vice-presidente sindical analisa que a volta presencial das aulas particulares durante a alta dos números de infecções por coronavírus não é seguro. “O MEC tinha estabelecido que as voltas seriam 100% presenciais, a única coisa que a gente fez foi recorrer ao Ministério Público, e fizemos uma gestão com o Conselho Nacional de Educação, com as medidas que deveriam ser seguidas”, comenta Trajano.
O documento diz que em locais de grande contágio pela covid-19, as instituições de redes particulares podem optar pelo adiamento das aulas. O documento estabelece que as escolas preparem uma nova organização, para garantir a segurança e a eficiência do aprendizado dos estudantes: “As instituições particulares têm necessidade de reorganizar as atividades escolares, acadêmicas ou de aprendizagem em face da possibilidade de suspensão temporária das atividades escolares ou acadêmicas.”