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Brasília

CSI Brasília: saiba como são elucidados os crimes misteriosos na capital

Equipe composta por cinco integrantes possui a capacidade de elucidar crimes que, aos olhos comuns, seria impossível descobrir

Tereza Neuberger

27/10/2022 23h50

Atualizada 28/10/2022 14h50

Foto: Tereza Neuberger/Jornal de Brasília

Desvendar casos misteriosos antes de ser o pano de fundo de séries de sucesso é um fato que pertence à realidade dos crimes de homicídio. No Distrito Federal, a seção de antropologia do Instituto Médico Legal (IML), é a parte da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) especializada em descobrir a causa mortis em casos de difícil resolução.

Digna de Sherlock Holmes, a equipe composta por cinco integrantes possui a capacidade de elucidar crimes de homicídio em que, aos olhos da sociedade, seria impossível descobrir o que de fato aconteceu, ou até mesmo identificar um cadáver irreconhecível.

Os nossos personagens da vida real conseguem, através de apenas um osso, não só estimar a altura de um cadáver encontrado em estado completamente irreconhecível como também definir o sexo biológico. Essas características são cruciais para começar a traçar a identidade do desconhecido e assim entender sua história.

A valorosa equipe já foi responsável por resolver inúmeros casos complicados e de repercussão no Distrito Federal, proporcionando uma resposta rápida para a sociedade, como o caso da jovem Brenda, de 26 anos, encontrada esquartejada e carbonizada, em Samambaia. A difícil tarefa é realizada de forma minuciosa e trabalha com cada detalhe de um caso para que seja possível chegar a uma resposta.

Foto: Tereza Neuberger/Jornal de Brasília

De acordo com o perito médico legista, Alexandre Castro (foto), da seção de antropologia do IML do DF, primeiro eles desvendam o perfil biológico: sexo, estatura, idade e ancestralidade. E, em seguida, são apontadas as características individualizantes, que permitem a aproximação com uma possível vítima, até que se chegue a uma definição de quem teria sido aquele cadáver. Cada descoberta é imprescindível para provar as evidências. “Se eu disser que um esqueleto é fulano de tal eu tenho que provar pro juiz que ele realmente é” afirma o perito.

As características individualizantes são pistas fornecidas pelos familiares de uma possível vítima, porém em alguns casos os peritos não tem absolutamente nada e precisam trabalhar com as pistas que possuem. Foi o que aconteceu no caso Brenda que teve grande repercussão pela crueldade aplicada. O corpo da jovem Brenda Pinheiro da Silva, de 26 anos, foi encontrado em maio deste ano na região de Samambaia.

A jovem foi assassinada com cerca de 22 facadas após ter sido estuprada e, de acordo com as investigações, os responsáveis pelo crime tentaram dificultar a identificação do corpo. Eles cortaram as mãos da vítima para que não houvesse digital e atearam fogo em partes do corpo de Brenda.

Para resolver esse caso, a seção de antropologia forense possuía apenas uma foto da vítima. Na foto foi possível identificar que a vítima possuía algumas tatuagens nos braços e também que ela sorria. O sorriso foi comparado com a arcada dentária do corpo encontrado e também foi possível comparar as tatuagens das fotos com as tatuagens parcialmente queimadas no cadáver, o que levou os peritos a conclusão de que o corpo encontrado era realmente de Brenda. E possibilitou que as investigações chegassem ao que de fato ocorreu e aos culpados. Eduardo Mendes de Oliveira, Yuri Nunes Laurindo e Danylo Téo de Oliveira, foram indiciados por homicídio qualificado, estupro e ocultação de cadáver.

Outro caso julgado recentemente, no dia 13 de outubro, que foi elucidado com apenas uma foto do sorriso da vítima, foi o caso de Francielle da Silva Moreira, de 22 anos, assassinada por pai e filho. Os peritos compararam a arcada dentária do cadáver com uma foto do sorriso da vítima. Cláudio da Silva Rosa e Wilker da Silva Rosa foram condenados a 18 anos e oito meses e um ano e 10 dias, respectivamente, por assassinato e ocultação de cadáver, após esganarem e enterrarem a vítima na zona rural de Brazlândia em 2016.

Foto: Tereza Neuberger/Jornal de Brasília

A comparação entre antes e depois da morte é um fator importante para identificação dos corpos, e a odontologia forense é crucial para que aconteça de forma rápida. Mas pode ocorrer de não ser possível aplicar a comparação com a arcada dentária. Foi o que aconteceu em um caso em que faltavam alguns dentes no momento em que o corpo foi encontrado. No local, a perícia encontrou um par de pernas e, em cada perna, havia uma tatuagem. Através de um sistema da Polícia Civil do DF, os peritos conseguiram identificar a quem pertenciam essas tatuagens.

O IML do DF realiza a tomografia dos corpos para levantar os mínimos detalhes. Também são características individualizantes de suma importância para a resolução dos casos, o uso de próteses, placas, pinos, parafusos provenientes de cirurgias realizadas enquanto vivo. Através do raio-x é possível saber inclusive, quantas obturações no dente um cadáver possui. Além de contar com o apoio da radiologia forense, os peritos contam com o laboratório forense que possui um aparelho capaz de identificar as substâncias com as quais o cadáver teve contato.

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