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Brasília

CPI: Wellington Macedo responsabiliza Alan Diego pela bomba no Aeroporto de Brasília em 2022 

À Câmara Legislativa, o jornalista disse que não sabia da existência de explosivos no carro que estava com o comparsa

Mayra Dias

05/10/2023 18h43

29/06/2023 – Brasília – Alan Diego dos Santos, depoe na CPI dos Atos Antidemocráticos, na câmara legislativa do DF. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF (CLDF) ouviu, nesta quinta-feira (5), o jornalista bolsonarista Wellington Macedo de Souza, um dos três condenados pela tentativa de explodir uma bomba no Aeroporto Internacional de Brasília, na véspera do Natal de 2022. No encontro com os deputados, o blogueiro responsabilizou Alan Diego dos Santos pelo ocorrido.  

Na reunião desta quinta, Wellington, preso desde setembro, quando foi encontrado na Cidade do Leste, no Paraguai, e condenado a 6 anos de prisão, disse que, no dia do atentado, estava em um carro com Alan, também condenado pelo crime, mas que não sabia da existência de explosivos no veículo. “Perguntei o que estava acontecendo e vi na mão dele um controle, tipo de ar condicionado, e ele disse: ‘Não pare mais. Pode seguir. Vou explodir o caminhão’. Entrei em pânico, em desespero, porque ainda tinha uma mochila no banco traseiro. Falei para ele: ‘Como você faz isso comigo? Estou com uma tornozeleira eletrônica’. Falei que todo o percurso que foi feito estava registrado”, contou aos parlamentares. 

De acordo com o jornalista, a ideia era colocar explosivos em locais estratégicos, como um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília. Alan fazia várias publicações nas redes sociais contra o resultado das urnas, que continham frases como “está chegando a hora”, postada no dia em que a bomba foi colocada, e também a foto de uma arma. Questionado duas vezes, quando prestou depoimento, disse primeiro que aquela era uma “foto da internet”. 

Nas palavras de Macedo, quando Alan avistou o caminhão, ele pediu para Wellington parar na frente. “Reduzi a velocidade, ele aproveitou, baixou o vidro. Tirou a caixa, colocou parte do corpo fora, e jogou em cima do para-lama do caminhão. Aí ele falou que ia explodir o caminhão”, contou. Ele negou veemente que tenha ajudado Alan Diego e afirmou que estava apenas dando uma “carona” ao homem que conheceu no acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército, em Brasília.

Ele afirmou ser vítima de uma trama arquitetada por Alan e George Washington de Oliveira, também condenado. “Sou vítima de uma trama criminosa e diabólica de dois homens que eu não conhecia, que eu não tinha nenhuma ligação política nem profissional. Por ter um coração bom, eu, inocentemente, não percebi que eu estava caindo nessa trama”, afirmou Wellington. 

Aos deputados, o depoente garantiu que frequentava o acampamento bolsonarista e manifestações apenas para fazer coberturas jornalísticas. Ele negou ser militante e ter participado de qualquer tipo de ato em frente ao QG do Exército, e disse que à época era correspondente do jornal Folha de S. Paulo e que mantinha contato com os acampados em busca de pautas jornalísticas para suas matérias.

Ele contou ainda que não era bem visto por alguns integrantes do grupo bolsonarista que questionava os resultados das eleições porque havia desconfiança, por parte dos acampados, de que ele estivesse vazando informações confidenciais.

Macedo relatou ainda que foi agredido em uma ocasião. “Cheguei a ser agredido por um grupo que controlava um carro de som. Eles estavam em uma reunião e eu cheguei gravando. Eles não gostaram e partiram para cima de mim, chegaram a quebrar meu equipamento”, declarou.

Condenação

Wellington já havia sido preso em 2021 por estimular manifestações com pautas antidemocráticas, em 7 de setembro daquele ano, mas tinha sido liberado da prisão sob condição de usar tornozeleira eletrônica 24 horas por dia. Ele, no entanto, quebrou o acessório dois dias após o episódio da bomba.

A segundo prisão, segundo a Justiça, deveu-se por “expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outro, mediante colocação de dinamite ou de substância de efeitos análogos em um caminhão-tanque carregado de combustível, bem como causar incêndio em combustível ou inflamável”.

Quebra de sigilo 

No encontro desta quinta-feira, os parlamentares membros da Comissão aprovaram a quebra de sigilo telefônico e telemático de Ana Priscila Azevedo. Ela é uma das principais lideranças da tentativa de golpe de Estado, tendo administrado canais no Telegram coordenando invasões e outras ações contra o resultado das urnas. O requerimento, apresentado pela deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania), pede os dados entre 10 de dezembro de 2022 e 10 de janeiro de 2023. 

Também foi aprovado um requerimento que pede a análise de todos os comentários do YouTube da Câmara Legislativa durante sessões da CPI, para apurar ataques contra deputados. Atualmente, a Polícia Civil do DF investiga crime de homofobia por internautas contra Fábio Felix (PSol).

Calendário 

De acordo com o calendário do mês de outubro, no dia 9, o major do Exército José Eduardo Natale Pereira, flagrado por câmeras de segurança distribuindo água e conversando com invasores no Palácio do Planalto, será ouvido pelos parlamentares e, em 19 de outubro, será a vez do major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Cláudio Mendes dos Santos, apontado pela PF por estar ensinando táticas de guerrilha a bolsonaristas.

Encerrando o mês, no dia 26, pretende-se interrogar o coronel da PMDF, Reginaldo Leitão. A oitiva do ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, que seria no dia 19, foi desmarcada.

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