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Brasília

Cor da pele é que decide vaga

Pesquisa mostra que negros correspondiam a 75,6% dos desempregados no primeiro semestre

Marcus Eduardo Pereira

27/11/2019 5h02

Catarina Lima
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No primeiro semestre de 2019, no DF, homens negros tiveram ganhos 57,8% menores que homens brancos — e mulheres negras receberam 37,2%a menos que brancas. O salário médio de um homem branco é de R$ 5.641, ao passo que o de um homem negro é de R$ 3.259. Esses dados estão em pesquisa realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e apresentada pela Secretaria de Trabalho do DF.

Apesar de os negros serem presença acentuada na estrutura produtiva do DF, a inserção desses trabalhadores no mercado de trabalho é marcada pelo desemprego, uma vez que, no primeiro semestre deste ano, o segmento correspondia a 75,6% do contingente total de desempregados — ao passo que sua participação no grupo dos ocupados era de 68,7%.

“Vamos continuar desenvolvendo as políticas que a secretaria já vem disponibilizando para qualificação de nossa população mais pobre, da qual o negro faz parte. Mas acho que está na hora de desenvolver uma política macro, pensar em cotas também para o negro no mercado de trabalho. Por que não? Também é preciso qualificá-lo para que tenha condições de participar de uma campanha eleitoral de igual para igual. Os negros são maioria, mas temos, por exemplo, poucos negros no parlamento”, disse o secretário de Trabalho do DF, João Pedro Ferraz.

Apesar da relativa estabilidade do desemprego e das elevações de ocupação e do rendimento médio real no período analisado — os dois primeiros semestres de 2018 e de 2019 —, de modo geral a população negra ainda se insere no mercado de trabalho de maneira mais precária do que a população não negra. Esta inserção se manifesta, especialmente, na pronunciada presença no mercado de trabalho em combinação com as taxas mais elevadas do desemprego. A pesquisa também aponta que é perceptível a maior presença da população negra nos postos de trabalho menos protegidos, nos quais o acesso a direitos trabalhistas e previdenciários é mais difícil, e com rendimentos médios sempre inferiores aos da população não-negra.

O serviço público, considerado o setor que oferece os melhores salários e benefícios, absorve 29,6% de trabalhadores não negros e 17,6% de negros. A população negra é maioria da mão de obra no setor privado (41,8%). Entre os autônomos, os negros são 15% e os não negros, 13,7%. Mas embora sejam maioria entre os empreendedores, a pesquisa ressalta que negros enfrentam condições desfavoráveis para iniciar e manter negócios estruturados ou que dependam de nível de escolaridade superior. Destaca-se, ainda, a importância do emprego doméstico na estrutura ocupacional das mulheres negras do DF, com 16% delas nesta ocupação.

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