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Brasília

Conselho Federal de Administração discute os impactos das fake news

Arquivo Geral

30/10/2018 15h31

Dominique Cardon, sociólogo francês, estará no evento. Foto: Divulgação

Passada a recente corrida eleitoral, marcada pela livre circulação de fake news, uma pergunta permanece sem resposta: a verdade está perdendo
importância no debate político? O questionamento insurge depois de um ano da criação do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da recente declaração da atual presidente da Corte, ministra Rosa Weber, de que “medidas eficazes contra o fenômeno das fake news ainda não são conhecidas”. Para qualificar o debate do tema, o Conselho Federal de Administração (CFA), em parceria com a Embaixada da França, promove, nesta quarta-feira (31), das 10h às 12h, o evento Fake News – Fatos e Impactos: Como tratar a informação na era pós-verdade.

“Se por um lado, regular notícias falsas é uma medida delicada; por outro lado, é imprescindível que as plataformas de mídias sociais sejam responsabilizadas. Elas devem cuidar para que seu modelo econômico não dependa das técnicas de divulgação daqueles que buscam manipular os eleitores com informações falsas”, ressaltou Dominique Cardon, professor-associado da Universidade de Paris, que palestrará ao lado de Patrick Le Bihan, PhD em ciência política na Universidade de Nova York.

Patrick Le Bihan, PhD em ciência política na Universidade de Nova York. Foto: Divulgação

Pós-verdade 

Segundo a Oxford Dictionairies, o termo pós-verdade foi empregado em análises sobre dois importantes acontecimentos políticos: a eleição de
Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, apelidada de “Brexit”. Ambas as campanhas fizeram uso indiscriminado de mentiras, como a de que a permanência na União Europeia custava à Grã Bretanha US$ 470 milhões por semana no caso do Brexit, ou de que Barack Obama era fundador do Estado Islâmico no caso da eleição de Trump.

O fato é que plataformas como Facebook, Twitter e WhatsApp favorecem a replicação de boatos e mentiras. Grande parte dos factóides é compartilhada por conhecidos nos quais os usuários têm confiança, o que aumenta a aparência de legitimidade das histórias. Os algoritmos utilizados pelo Facebook fazem com que usuários tendam a receber informações que corroboram seu ponto de vista, formando bolhas que isolam as narrativas.
Filtro Bolha – Se o chamado ‘filtro bolha’ (‘filter bubble’) já representava um risco para o debate democrático, depois do segundo turno das eleições brasileiras, ficou evidente o quanto o livre envio de fake news exacerba a polarização nas redes sociais e além.

O fenômeno ocorre justamente porque o filtro bolha amplifica dramaticamente o viés de confirmação, um viés cognitivo, cujo efeito é chamar nossa atenção e aprovação para notícias e opiniões que reforcem nossas crenças pré-existentes. De certa forma, ele é feito para isso: consumir informações que corroborem com suas ideias de mundo é fácil e prazeroso; consumir informações que nos desafiem a pensar de novas formas ou questionar nossas presunções é frustrante e difícil.

“O usuário se conecta com o que tende a concordar, independente da veracidade da informação. Embora a literatura acadêmica sobre o tema seja ainda bastante restrita, os indícios (ainda não conclusivos) sugerem que pessoas mais partidárias são justamente as mais propensas a acreditar nas fake news – sobretudo quando são compatíveis com suas respectivas visões de mundo (viés de confirmação). Por outro lado, elas podem se tornar bastante críticas e céticas quando as mensagens contrariam suas impressões e preferências individuais”, pondera Guilherme Garcia Marques, mestre em Ciência Política e analista da Fundação Getúlio Vargas Internacional.

Estudo 

Na ocasião, também serão abordados tópicos do Estudo ‘Manipulação da Informação: Um Desafio para as Nossas Democracias’, feito pela Equipe de
Planejamento de Políticas (CAPS) do Ministério para Europa e Relações Exteriores e pelo Instituto de Pesquisa Estratégica (IRSEM) do Ministério das Forças Armadas (Paris, agosto/2018), inédito no Brasil.

O evento, restrito a convidados, terá transmissão, em tempo real, pelo site da autarquia.

Fonte: CFA

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