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Brasília

Conscientização à vacinação marca o Dia Mundial de Combate a Poliomielite

Celebrado no dia 24 de outubro, o Dia Mundial de Combate à Poliomielite busca manter a erradicação da doença no país

Redação Jornal de Brasília

24/10/2022 12h36

Foto: Tomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil

Marcos Nailton
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Nesta segunda-feira (24), é comemorado o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, uma doença viral que voltou a ser bastante comentada nos últimos meses pelo baixo índice de cobertura vacinal em crianças. A pólio pode trazer possíveis implicações no sistema nervoso central da criança não vacinada, que dentre as principais sequelas, pode produzir a atrofia e paralisia dos membros, principalmente dos membros inferiores.

A data foi estabelecida pelo Rotary Internacional para celebrar o nascimento do médico Jonas Salk, norte americano, líder da primeira equipe que desenvolveu uma vacina contra o vírus. Erradicada no Brasil em 1994, a pólio pode voltar a ser uma ameaça real para milhões de crianças, ao longo da história, o país sofreu com vários surtos, e só foi possível acabar com a doença através de grandes campanhas de vacinação no século passado.

Atualmente, o Distrito Federal encontra-se com 46,9% da cobertura em crianças de 1 a 4 anos, muito abaixo do ideal. Foram aplicadas 75.224 doses entre os dias 08 de agosto e 14 de outubro, segundo boletim informativo fornecido pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF). No Brasil, o índice encontra-se em 67,91% da população-alvo, sendo que a meta de cobertura vacinal estabelecida pelo Ministério da Saúde é de 95%.

Em entrevista ao Jornal de Brasília, o médico pediatra, Henrique Gomes, conta que a poliomielite é uma doença grave e altamente contagiosa, transmitida por via fecal-oral, onde países subdesenvolvidos sofrem mais com a ameaça do retorno da pólio. Transmitida por meio de água/alimentos contaminados, fezes ou secreções expelidas pela boca de pessoas infectadas, o especialista destaca que a vacinação em crianças é de extrema importância para evitar a propagação da pólio.

“A importância se dá justamente vacinando esse público alvo, que são crianças, desde o nascimento até os cinco anos de vida. Quando você está vacinado e entra em contato com esse vírus você não desenvolve a doença, e não vai multiplicar a incidência desse vírus nessas regiões”, afirma.

Susto no Pará

Recentemente, uma criança de 3 anos teria contraído poliomielite no município de Santo Antônio do Tauá, no Pará, após 33 anos sem a doença no Brasil. Entretanto, o Ministério da Saúde rechaçou essa hipótese e disse se tratar, possivelmente, de uma reação adversa rara da própria vacina contra a paralisia infantil, e não uma transmissão local.

O susto chamou a atenção para a volta da circulação do poliovírus no Brasil, que mesmo com várias prorrogações da campanha de imunização nacional, o índice sobe lentamente. A criança foi atendida com sintomas de Paralisia Flácida Aguda (PFA), uma perda de força muscular nas pernas que causa dificuldade para andar.

Ela teria sido vacinada no fim de agosto com a segunda dose da vacina VOP (gotinha). Uma das hipóteses levantadas que teria favorecido essa complicação teria sido um erro no esquema de imunização. Isso porque as autoridades não encontraram registros das três primeiras doses nos documentos da criança.

“Esse caso que foi relatado de suspeita não confirmada da pólio foi na verdade de uma criança que recebeu a vacina oral e não tinha recebido a vacina intramuscular, como ela não tinha uma resposta imunológica, ela fez a vacina desenvolver os sintomas da vacina.”, explica Henrique Gomes.

O protocolo de imunização brasileiros contra a paralisia infantil envolve três injeções da Vacina Inativada contra a Poliomielite (VIP), aos 2, 4 e 6 meses de vida. Depois dessas injeções, são mais três doses de reforço com a Vacina Oral contra a Poliomielite (VOP), a famosa gotinha. Elas ocorrem aos 15 e 18 meses e aos 5 anos de vida. É de extrema importância que o ciclo vacinal seja realizado pontualmente.

Ainda sobre a criança no Pará, o médico enfatiza que “foi detectado um vírus pós-vacinal, que é um vírus que não vai disseminar a doença. Ele acontece pela vacina e não tem essa virulência capaz de contaminar outra pessoa”, realça Gomes.

Urgência em retomar boa cobertura vacinal

Apesar de o vírus da poliomielite ser erradicado em diversas regiões do mundo, os três tipos de poliovírus ainda existem pelo mundo, países como o Paquistão e o Afeganistão ainda não erradicaram a doença e registraram casos recentes. Segundo a médica infectologista, Ana Helena Germoglio, isso pode trazer riscos de uma nova circulação no território brasileiro.

“Apesar dos esforços para a erradicação da doença, alguns países ainda têm crianças com paralisia infantil, então, até que a pólio seja erradicada do mundo, ainda existe o risco da doença voltar no país, o que faz com que a cobertura vacinal alta seja o nosso maior protetor contra a importação do vírus selvagem”, salienta.

Germoglio ressalta que o Brasil já foi exemplo em cobertura vacinal no mundo, e que hoje enfrenta dificuldades em manter esse padrão de excelência. “O Brasil já esteve em altos patamares de vacinação e agora, a queda da cobertura vacinas está nos levando a níveis semelhantes de quase três décadas atrás, o que faz com que o risco de retorno de casos seja elevado”, conta a médica infectologista.

Pontos de vacinação no DF

A campanha de vacinação da pólio já foi prorrogada duas vezes, no DF está marcado o término das Campanhas de Vacinação para o dia 28 de outubro.

A SES-DF atualiza os pontos de vacinação da poliomielite todos os dias no site (www.saude.df.gov.br/locaisdevacinacao) para que as famílias verifiquem a disponibilidade. Os imunizantes estão disponíveis em salas de vacinas em Unidades Básicas de Saúde de todo o DF.

São pontos fixos: UBS 2 de Sobradinho II, UBS 1 do Itapoã, UBS 2 da Asa Norte, UBS 1 da Asa Sul, UBS 1 de Santa Maria, UBS 4 e 5 de Samambaia, UBS 2 de Ceilândia, UBS 2 e 6 de Taguatinga, UBS 1, 2 e 3 do Guará, UBS 1 da Candangolândia, UBS 1 do Riacho Fundo I e UBS 1 do Riacho Fundo II. Além da vacinação itinerante, realizada pelo carro da vacina.

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