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Brasília

Clima de Copa está a passos lentos no Distrito Federal

Arquivo Geral

05/06/2018 7h00

Atualizada 04/06/2018 23h14

Foto: Breno Esaki

Raphaella Sconetto
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A nove dias da abertura da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, o maior evento futebolístico do planeta ainda não contagiou o brasiliense. O verde e o amarelo nas bandeirinhas e nos meios-fios começam a surgir em algumas ruas do Distrito Federal, mas o preto e o branco predominam. O comércio também não está contente: empresários reclamam da falta da clientela e do atraso na entrega de mercadorias, por conta da greve dos caminhoneiros. A expectativa é de que as vendas possam aumentar com o início dos jogos.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Adelmir Santana, prevê junho como um mês “razoável” para o comércio. “Uma pesquisa realizada antes da greve previu uma expectativa extremamente positiva para a Copa e o Dia dos Namorados. Porém, em maio tivemos a greve e isso tirou um pouco do ímpeto do consumidor e dos comerciantes. Houve descrédito”, alega.

No entanto, a esperança do comércio vem justamente da mania do brasileiro de deixar tudo para última hora. “Temos a esperança de que a venda se restabeleça e as pessoas possam se interessar mais. Claro, as vendas perdidas em maio não serão recuperadas, mas ainda existe uma possibilidade de termos bons resultados este mês”, pondera Santana.

Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), Edson de Castro, algumas lojas ainda sofrem com a falta de estoque. “Principalmente as esportivas. Acontece que muitos empresários vão devolver a mercadoria porque deve chegar só depois do Dia dos Namorados. Os comerciantes compraram os produtos, se preparam para um pico nas vendas e as fábricas estão abarrotadas de produtos a serem faturados. Mas o transporte não vai dar conta de entregar a tempo”, analisa.

Castro também acredita que as vendas possam aumentar nas próximas semanas. “Com a greve, as pessoas ficaram preocupadas em comprar gasolina, ir ao mercado. Agora, vão estar com mais cabeça para visitar e compras nas lojas. É um processo devagar, viemos de duas semanas complicadas. Mas, sem dúvida, a expectativa do comércio é de que os próximos dias sejam positivos”, finaliza.

Comércio descrente

O feirante Roberto dos Santos Prado, 49 anos, está com cerca de 400 camisetas do Brasil para vender em sua banca na Feira dos Goianos, em Taguatinga. “O movimento está fraco desde a greve e ainda tenho mercadoria para chegar que ficou parada”, diz.
As camisas verde e amarelo variam entre R$ 10 e R$ 20. “Mesmo com preço baixo não está tendo cliente”, lamenta. “O pessoal ainda está desacreditado por conta desse cenário político. Mas a nossa esperança é de que com o início dos jogos a venda aumente”, acrescenta.

Apesar da dificuldade, há esperança

Nayara Cristina Rodrigues, 30, se antecipou. Dona de uma loja de camisas esportivas, ela comprou camisetas da Seleção Brasileira antes mesmo da greve dos caminhoneiros. “O bom da camisa é que sempre tem gente procurando, então mesmo na greve consegui vender um pouco. De quarta-feira para cá, as vendas aumentaram”, observa. Apesar disso, ela também teve mercadoria retida com a paralisação dos caminhoneiros.

A empresária pretende comprar acessórios e adereços, como chapéus, tiaras e vuvuzelas, com o objetivo de tentar lucrar ainda mais. “Tem que ser assim, se virando como pode”, resume.

Em Ceilândia já começou

Se depender da rua da dona de casa Sandra Marques, 43 anos, no Setor P Sul, em Ceilândia, a animação que falta em toda a capital ali tem de sobra. “Na Copa passada ajudei a enfeitar a rua. Sou apaixonada pelo nosso Brasil e acho que não podemos perder a esperança, o sentido festivo da Copa. Está certo que passamos por crise, mas precisamos de animação”, diz.

Na rua, um grupo formado por dez pessoas está responsável por colocar as bandeirinhas entre as casas e pintar os meios-fios com as cores da bandeira. Ontem, Sandra tinha a colaboração dos vizinhos Gerardo Martins Coriolano, 36 anos, Gabriel dos Santos Guimarães, 20, e Lucas Vieira de Sá, 24. Todas 36 casas da rua colaboraram com o R$ 10 para a compra dos materiais. “Tem mais gente ajudando, principalmente os adolescentes e as crianças, que deram a ideia”, aponta Sandra.

Sandra Marques /Foto: Breno Esaki

O grupo está há 20 dias na organização. “Compramos o material e tivemos que fazer tudo. É um trabalho manual que demora”, indica.
A empolgação vai se estender até os dias de jogos. “Se depender da gente, o Brasil ganha o hexa esse ano”, brinca o vendedor Gerardo Martins. O estudante Gabriel dos Santos completa dizendo que os vizinhos se reunirão para ver o Brasil em campo. “Estamos nos programando para fazer um churrasco no primeiro jogo. Estamos animados, compramos apitos, vuvuzelas. Vamos fazer barulho”.

Garotada gosta de participar da festa

Assim como na QNP 16 de Ceilândia, uma rua na QNL 7 de Taguatinga foi enfeitada após a ideia do estudante Luis Felipe Carvalho Barbosa, de 15 anos. Foi ele quem convenceu os pais e toda a vizinhança a pintar os meios-fios e a pista com o símbolo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Copa da Rússia.

Nas mãos, as tintas colorem os dedos de verde e mostram que o serviço foi feito nesse último fim de semana. E até o aparelho dental de Luis Felipe está verde e amarelo para a chegada da Copa.

A iniciativa surgiu em uma conversa com a família. “Minha mãe mora aqui há muito tempo e ela me disse que ninguém nunca tinha pintado a vizinhança. Estava conversando com meus pais e meu pai falou que, quando era pequeno, ele tinha pintado a rua que ele morava, na QNJ. Aí foi quando tive a ideia e nós combinamos com o restante dos vizinhos”, lembra o estudante.

Resultado agradou

Nem todos participaram da vaquinha para a compra dos materiais inicialmente. No entanto, depois do resultado parcial, os vizinhos apoiaram a atitude do jovem. “Muitos não quiseram ajudar. Juntamos dinheiro para comprar os materiais para pintar e para colocar as bandeirinhas. Não ficou caro, foi até R$ 20 para cada. Ontem (domingo), depois que terminamos de pintar, todo mundo elogiou”, afirma Luis Felipe.

Primeira vez

O garoto aponta que essa será a sua primeira Copa do Mundo participando ativamente das atividades.

“Gosto muito de futebol e sempre acompanho os jogos. Então, estou muito empolgado. Quero que o Brasil ganhe.”, completa.

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