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Brasília

Cientista brasiliense aprovada em doutorado no exterior faz vaquinha para arcar com gastos da viagem

Gabriela Pinheiro, 27 anos, é formada em Biotecnologia e Neurociências pela UnB. A jovem foi aprovada na Universidade de Cambridge

Redação Jornal de Brasília

14/03/2024 5h52

Em busca do tão sonhado doutorado no exterior, a cientista brasiliense Gabriela Pinheiro, 27 anos, lançou uma vaquinha online com objetivo de arrecadar dinheiro para arcar com os gastos da viagem. A jovem foi aprovada na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, com bolsa integral, mas o programa não custeia os gastos com o visto estudantil e seguro saúde, que ficou em torno de R$ 25 mil.

A cientista é fruto do ensino público do Distrito Federal, estudou em escolas públicas boa parte da sua vida e formou-se em Biotecnologia pela Universidade de Brasília (UnB), onde, também, tornou-se mestre em Ciências da Saúde (Neurociências). Com a intenção de fazer o doutorado no exterior, Gabriela aplicou-se para os programas das universidades de Oxford, Cambridge e Kings College, todas no Reino Unido. A jovem obteve aprovação em todos, e optou por estudar em Cambridge.

A bolsa integral em uma universidade de prestígio foi uma vitória conquistada com muito estudo e dedicação, mas o valor do seguro saúde foi uma surpresa negativa para Gabriela. Ao Jornal de Brasília, a cientista disse que não sabia dessa taxa, e nem que ela era tão cara: “É muito difícil passar nessas universidades, principalmente sendo um aluno internacional, porque o custo é bem maior. A bolsa vai cobrir tanto os meus estudos como o custo de vida em Cambridge. Mas ainda assim eu me deparei com essas taxas muito grandes para pedido de visto e seguro saúde que é obrigatório”.

Atualmente, a taxa para pedido de visto estudantil no Reino Unido custa 490 libras (aproximadamente R$ 3.087,00) e o seguro saúde 776 libras (aproximadamente R$ 4.888,00) por ano de visto. O doutorado de Gabriela tem duração de quatro anos, por isso a jovem precisa pagar o valor total de quatro anos de seguro saúde, o que contabiliza cerca de R$ 20 mil. As taxas também não podem ser parceladas, devem ser pagas integralmente no ato da solicitação do visto.

O programa na Universidade de Cambridge é muito concorrido, todos os anos são feitas mais de 500 aplicações em todo o mundo, no qual apenas 25 alunos são contemplados com bolsa de estudo, e destas vagas, apenas 30% são para alunos do exterior. “As universidades que eu apliquei são muito prestigiadas, estão entre as melhores do mundo, e por isso, é muito concorrido. Tem gente aplicando do mundo inteiro, então eles realmente tentam selecionar as pessoas que mais se destacaram”, comentou Gabriela.

Em relação a estudar ciência no Brasil, a cientista pontuou: “É difícil fazer ciência aqui no Brasil. Nós temos muitas dificuldades, com recursos e com a sociedade em geral. Muita gente acha que a ciência que fazemos aqui não presta. Mas posso afirmar, aqui no Brasil fazemos uma ciência muito boa. Porém, mesmo assim é muito desafiador, por isso eu queria ter a chance de estudar em uma universidade do exterior que tem muitos recursos e equipamentos”.

Paixão pela ciência

O interesse da jovem em estudar Biotecnologia surgiu em uma aula de cursinho preparatório para vestibular, Gabriela comenta que “foi amor à primeira vista”. A cientista disse que tentou por duas vezes o vestibular da UnB até que finalmente conseguiu a tão esperada vaga. Desde o início do curso, Gabriela tinha interesse em fazer mestrado em Neurociências e doutorado no exterior.

“Desde que eu comecei a cursar Biotecnologia eu sabia que queria seguir carreira acadêmica. Eu sempre me interessei bastante por essa área de pesquisa e neurociência. Além disso, eu já pensava também em fazer um doutorado no exterior. Eu apliquei para universidades que eu jamais pensei que seria aceita, são universidades concorridas e renomadas. A escolha para a Cambridge foi mais por conta do meu projeto, dos orientadores, da cultura do laboratório e do estilo de vida da cidade”, explicou Gabriela.

O projeto científico de Gabriela, no doutorado, poderá trazer grandes avanços para a esquizofrenia: “O projeto que vou desenvolver será para estudar os circuitos específicos do cérebro que são afetados na esquizofrenia. Nós não sabemos dizer como esses circuitos são afetados, por isso, nós não temos nenhum tipo de intervenção em tratamento na parte cognitiva desses sintomas de esquizofrenia. Então, o meu projeto foca na parte da cognição e ele busca entender como esses mecanismos são afetados. Possivelmente, os resultados dessa pesquisa vão ajudar a desenvolver novos medicamentos e elucidar essas coisas que são muito importantes para o entendimento da doença”.

Ajude Gabriela

Para quem deseja ajudar a cientista com alguma doação, basta acessar o link da vaquinha online. O doutorado de Gabriela começa em outubro de 2024, por isso, ela precisa pagar as taxas do visto e seguro saúde antes desta data. As doações podem ser feitas, preferencialmente, até o fim de julho.

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