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Brasília

Celebrando a harmonia entre os espíritos

Para os seguidores da fé espírita, o Natal é um momento de união em busca de um mundo melhor

Lucas Neiva

24/12/2020 7h25

“Para nós, existe Deus, acima de todos, o criador. E ele cria todos os seus filhos iguais: eles são criados simples e ignorantes. E com o tempo eles vão, até pela ideia da reencarnação, adquirindo conhecimentos, tanto conhecimento moral quanto intelectual”, explica o medium e estudioso do espiritismo Ricardo Baraviera, do Centro Espírita Paulo de Tarso, sobre como funciona o espiritismo na entrevista para o terceiro episódio da série do Jornal de Brasília sobre o Natal aos olhos de diferentes religiões.

Assim como ocorre na Umbanda, o espiritismo é considerado uma religião cristã, mas com uma interpretação diferente sobre a figura de Jesus Cristo. “Para nós, Jesus é um espírito igual a nós. Mas com o diferencial de que ele já evoluiu muito e é um espírito puro. É um espírito que não erra, que não pratica o mal. O diferencial dele é esse grau que ele atingiu, e que todos nós buscamos atingir.”

Algumas obras do espiritismo, de acordo com Baraviera, chegam a considerar Jesus como o mais antigo dos espíritos. “Temos obras como uma chamada Caminho da Luz que nos mostram que Jesus já era um espírito puro quando a Terra se formou há 4,5 bilhões de anos. Esse é o chefe de um grupo de espíritos responsável pela formação do nosso planeta, e também o governador do nosso planeta. E como espírito puro e espírito bom, ele é para nós um guia e modelo”, comenta.

O nascimento de Cristo

Para o espiritismo, os espíritos evoluem a partir das suas encarnações até chegar em um ponto em que se tornam puros, não precisando mais renascer. Nesse contexto, Jesus veio ao mundo não para evoluir, mas para ensinar. “Ele reencarnou na terra apenas como uma missão. Ele não veio para aprender, ele já era um espírito puro. Ele veio para nos ajudar”, afirma.

Como não há a necessidade para que ocorra uma nova encarnação de Cristo, os espíritas não creem no seu retorno. “Primeiro porque Jesus nunca foi. Ele já estava antes do planeta e continua conosco. Então não existe essa expectativa dele vindo do céu como uma coisa concreta, mas sim a perspectiva de que o planeta vai evoluindo e se aproximando da esfera moral de Cristo.”

O Natal, na visão espírita, é visto como uma data de harmonia e de aproximação entre espíritos. “O Natal é uma data em que as pessoas se harmonizam, em que elas buscam seus familiares, em que as famílias se encontram. É uma data em que os espíritos puros conseguem chegar mais perto da gente, conseguem se aproximar mais. Então a gente sente o mundo mais leve, mais harmonioso”.

Não há ritual específico para o Natal no espiritismo — cada família celebrando da forma como achar melhor. Mas Ricardo destaca que sempre deve haver um momento para a reflexão. “O que a gente procura sempre deixar claro é a importância de se celebrar um culto no Natal, para a gente não perder o foco que é Jesus.”

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