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Brasília

Casal que teve filhos gêmeos com a genética dos dois pais celebra amor e visibilidade

Ter um filho com as características de ambos foi o grande sonho que eles nunca deixaram de lutar

Redação Jornal de Brasília

15/08/2022 18h33

Foto: Arquivo Pessoal

Rayssa Loreen e Lara Vitoria
Agência de Notícias do CEUB/Jornal de Brasília

No dia 23 de fevereiro deste ano, os engenheiros Gustavo Rotunda e Robert Rosselló realizaram o sonho da paternidade, eles tiveram gêmeos Marc e Maya, ambos tendo as características genéticas deles, tendo assim sendo os primeiros brasileiros a poderem ter filhos com a genética dos dois pais, já que em junho de 2021 o Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou os critérios para as técnicas de reprodução assistida (RA) no Brasil, e assim foi permitido que a gestante pudesse ser da família de um dos parceiros em grau de parentesco consanguíneo até o quarto grau.

Sentimento único

Ter um filho com as características de ambos foi o grande sonho que eles nunca deixaram de lutar, mesmo que por muito tempo ainda parecesse algo impossível, assim como a adoção e a barriga solidária foram um dia. A conquista da paternidade homoafetiva da maneira que eles sempre sonharam trouxe a eles cada vez mais um sentimento único, de vitória.

Os filhos eram essa vitória, mas sabiam que não ia ser um caminho fácil, que muitos momentos seriam de constrangimento para eles e seus filhos. “Somos uma família como qualquer outra, por que o constrangimento tem que existir? Vamos dar visibilidade a nossa família, para que meus filhos cresçam sabendo que são amados e estão sim em uma família normal”, reforça Gustavo sobre um dos motivos que o levou a ser criador de conteúdo do Instagram.

O casal criou o perfil @2depais no Instagram para compartilhar todo o processo de fertilização in vitro, a gestação e a tão esperada e sonhada chegada de seus filhos, essa foi a ideia inicial, que com o tempo se tornou uma rede social familiar onde os momentos em família que vieram depois também eram compartilhados ali.

Visibilidade

“Eu não esperei que fosse ter o impacto que teve, já que ao meu ver talvez somente pessoas bem próximas a nossa família se interessariam pelo nosso conteúdo, mas um dia uma assessoria de criadores de conteúdo entrou em contato, gostaram do que viram em nossa rede social (…)hoje nossa conta a @2depais foi verificada pelo instagram daí resolvemos investir mais, e mostrar mais da nossa história de amor e da nossa família” reforça Gustavo sobre a surpresa da repercussão que a criação de conteúdo trouxe a vida deles.

De início a ideia da criação e trabalho com a rede social do casal, entrou como uma forma de garantia de emprego mesmo. Eles queriam ficar mais perto das duas crianças, acompanhar cada momento do crescimento delas, e o trabalho de engenheiros somente não permitia, daí surgiu a ideia, mas não foi o único motivo.

A vontade de mostrar para seus filhos que não precisam se sentir constrangidos por terem dois pais, também foi uma dessas razões, e o terceiro motivo era o de dar visibilidade para a família homoafetiva e assim inspirar outros casais que têm os mesmos sonhos, a não desistirem deles, seguirem lutando.

“A gente vive um momento ainda, que os jovens da comunidade LGBTQIA + não sabem que podem ser felizes. Que da pra casar, ter filhos, tudo ainda é muito fantasioso (…). Então eu pensei, que com o investimento da criação de conteúdo no instagram, era pra mostrar que é possível(…)Da pra fazer, quando você quer? É possível.” reforça Gustavo sobre a importância de manter os sonhos vivos, e de que tudo pode acontecer se você acreditar e lutar por isso.

O primeiro dia dos pais

“É um sentimento de vitória, e ao mesmo tempo de muita batalha”, expressou Gustavo sobre o primeiro dia dos pais dele. “A nossa paternidade representa a vitória de uma luta de dez anos de posição da nossa relação, do nosso casamento, da gente como homem gay e agora da gente como pai.”. Gustavo também expôs a necessidade do reconhecimento que esse espaço da paternidade tem para os homens gays, “esse espaço não é mais ocupado apenas por homens heterossexuais.”

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