THAÍSA OLIVEIRA E GABRIELA BILÓ
BRASÍLIA, DF
Uma imóvel em Ceilândia, região administrativa de Brasília, foi alvo de buscas e de varredura na madrugada desta quinta-feira (14) por ser ligado a Francisco Wanderley Luiz, 59, chaveiro que se explodiu em frente ao Supremo Tribunal Federal.
Estiveram no local as polícias Federal e Militar e o Corpo de Bombeiros no período entre 2h e 4h30, quando a reportagem da Folha permaneceu no local.
O boletim de ocorrência sobre a explosão no STF indica o imóvel como “possível endereço” de Francisco.
Segundo relatos de moradores, o local foi cercado por policiais a paisana por volta das 22h, cerca de três horas após as explosões na Praça dos três Poderes e nas proximidades de um dos anexos da Câmara dos Deputados.
Às 23h, viaturas chegaram e começaram a fazer uma busca prévia na casa.
Em seguida, cães farejadores da Polícia Militar passaram a vasculhar o local. Como alguns artefatos suspeitos foram encontrados, o GBE (Grupo Especializado em Bombas e Explosivos) da Polícia Federal foi acionado.
Uma van branca do GBE chegou no imóvel por volta das 2h30 com agentes e equipamentos utilizados em casos de ameaças de bomba.
Às 3h, duas pequenas explosões foram ouvidas, seguidas de fumaça vindo do imóvel. Normalmente, essas explosões controladas são utilizadas para inviabilizar o possível artefato explosivo.
Trinta minutos depois, uma viatura do Corpo de Bombeiros também chegou ao local.
Quando a reportagem deixou o local, por volta das 4h30, agentes do GBE ainda atuavam na residência com equipamentos e vestimentas específicas utilizadas para detecção e desarme de bombas.
A casa onde foi realizada a busca, segundo relatos obtidos pela reportagem, faz parte de um conjunto de quatro kitnets para aluguel.
No imóvel, segundo relatos de policiais que estavam na rua, havia muita bagunça e objetos espalhados.
Francisco Wanderley Luiz também era dono do carro encontrado com explosivos nas proximidades da Câmara dos Deputados. Ele disputou a eleição de 2020 como candidato a vereador pelo PL, com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC), sem ter sido eleito —teve 98 votos.
Antes das explosões, ele publicou nas redes sociais no início da noite referências a bombas e explosões e disse que a Polícia Federal teria que desarmar o equipamento, fazendo referência a um jogo.
“Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda”, disse, em capturas de tela de celular publicadas em sua página no Facebook.
Um segurança do STF, Natanael Carmelo, foi testemunha do momento em que Francisco se explodiu ao lado da estátua da Justiça, em frente à sede da corte, segundo boletim de ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal.
Em depoimento, o segurança disse que “o indivíduo trazia consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua”.
“O indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e com a aproximação dos seguranças do STF, o indivíduo abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem”, afirmou o segurança à polícia.
Natanael, então, viu um objeto “semelhante a um relógio digital”, e desconfiou que fosse um explosivo. Francisco chegou a pegar o extintor, mas desistiu e colocou no chão.
Francisco “saiu com os artefatos para a lateral e lançou dois ou três artefatos, que estouraram”.
Por fim, segundo o relato, Francisco “deitou no chão acendeu o ultimo artefato, colocou na cabeça como um travesseiro e aguardou a explosão”.