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Brasilienses vão usar o 13º salário para pagar dívidas: presentes e viagens devem ficar de lado

Quase 50% da população adulta do DF está endividada. Ação pode ser um alívio para começar 2023 com o pé direito

Redação Jornal de Brasília

21/11/2022 11h55

Foto: Divulgação

Marcos Nailton
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O gerente administrativo Henderson Barbosa, 20 anos, está entre os brasilienses que pretendem utilizar as parcelas do 13º salário a serem recebidas no final do ano para pagar as dívidas acumuladas. “Por opção minha, não gosto de entrar em um ano novo com dívidas, no caso todo e qualquer dinheiro que ganho nos meses finais do ano é usado para pagamentos dessas pendências”, conta.

Para Henderson, demais opções de lazer e diversão estão fora da programação esperada. “Depois de pago as dívidas, faço um balanço para ver o que está mais em conta. Viagem, presentes e festas, nada em prioridade, apenas o que tiver ao meu alcance”, destaca.

Conforme dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), até dezembro de 2022, o pagamento do 13º salário tem o potencial de injetar na economia do Distrito Federal cerca de R$ 8,52 bilhões. Este montante representa 3,41% do total do Brasil e 37,82% da região Centro-Oeste.

Segundo os cálculos, 1,729 milhões de pessoas devem receber o 13º no Distrito Federal, equivalente a 2,02% do total de pessoas que terão acesso ao subsídio.

Os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários, representam 77,20%, enquanto pensionistas e aposentados do INSS equivalem a 20,10%. O emprego doméstico com carteira assinada responde por 2,80%.

O subsídio será pago aos trabalhadores do mercado formal, inclusive aos empregados domésticos com registro em carteira; aos beneficiários da Previdência Social e aposentados e beneficiários de pensão da União e dos estados e municípios. Aproximadamente 85,5 milhões de brasileiros serão beneficiados com rendimento adicional, em média, de R$ 2.672.

De acordo com um levantamento feito pelo Serasa Limpa Nome, o número de moradores do Distrito Federal que possuem dívidas negativadas subiu em 2022. Em setembro de 2021, mais de um milhão e setenta mil pessoas (1.073.702) estavam endividadas na capital. Em setembro deste ano, o número ultrapassa um milhão cento e oitenta mil pessoas (1.188.169), representando um aumento de 10,6%.

A pesquisa mostra ainda que o número de setembro deste ano representa 49,5% da população adulta da capital. Sendo que, a dívida média por pessoa chega a R$ 6.685,49. A principal fonte de endividamento são bancos/cartão de crédito (29,45%), seguido por utilities – contas básicas de água e gás de cozinha, por exemplo – (21,86%) e compras no varejo (12,38%).

A balconista Carla Souza, 26 anos, acredita que o uso do 13º vai possibilitar a quitação de pelo menos 50% das suas dívidas, produzidas por compras feitas no cartão de crédito. “A maioria foi por excesso de compras no cartão. Esse dinheiro vai ajudar demais porque acaba sendo um valor extra que não entra nas principais despesas”, diz.

Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada no último dia (7) de novembro, pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), mostram que a capital federal teve queda de 1,3 pontos percentuais no índice de dívidas atrasadas neste mês de outubro, fechando o último mês com 22,9% de inadimplência.

Em comparação ao ranking entre os estados brasileiros, o DF está em 6º lugar entre as unidades de federação com maiores índices de endividamento do país, com contas dentro do prazo de validade.

Especialista aprova uso do 13º

Ao Jornal de Brasília, o economista e contabilista, Riezo Almeida, destaca que a utilização do 13º salário deixou de ser uma opção e sim uma “oportunidade de ouro” para a quitação dos débitos. “Começar o ano de 2023 com menos dívidas é um dos maiores desejos para as festas de final de ano para a população brasiliense”, afirma.

Riezo conta que a situação de endividamento da população do DF já era esperado pelos especialistas do setor econômico. “Quando começou a pandemia muitos trabalhadores perderam o emprego ou renda, depois veio a escassez dos produtos e como consequência aumento dos produtos. O salário não acompanhou este aumento. Logo depois, veio a inflação com a alta generalizada dos preços. Isto corrói o poder de compra do brasiliense”, acentua o especialista.

Outra opção que deve ser considerada além da parcela do 13º, é a procura pelo aumento da renda, como a mudança para um emprego melhor, busca por aperfeiçoamento e capacitação em finanças pessoais. “A produção do conhecimento para 2023 será uma grande marca das pessoas que fizerem as escolhas certas. Controlar os gastos, diminuir as despesas com viagens, festas e aniversários. É ruim, mas a população deve pensar que é provisório”, salienta.

Riezo informa outra dica interessante. Para quem tem carro, a venda do veículo usado pode ser uma alternativa para as quitações, já que automóveis semi-novos estão valorizados atualmente no mercado devido à alta nos preços e à inflação. “A pessoa pode buscar o descolamento de ônibus, de bicicleta, de carros de aplicativos e até alugar um carro. Sai mais em conta, faça as contas”, salienta.

Por fim, o brasiliense não pode deixar de lembrar que as despesas não param. Logo no início de 2023 já chegam diversos gastos previstos, como o IPVA, IPTU e o material escolar das crianças. “É fundamental para uma boa saúde financeira. Vamos pensar positivo para 2023”, realça Riezo Almeida.

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