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Brasília

Brasiliense produz filme para combater bullying nas escolas

Arquivo Geral

07/09/2018 7h00

Atualizada 06/09/2018 21h06

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Tainá Morais
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Com a intenção de acabar com o bullying entre alunos do Centro de Ensino Fundamental 2 da Estrutural, um voluntário que presta serviços para o colégio decidiu produzir um filme para combater as agressões dentro desta e de outras escolas do Distrito Federal. Batizado de Somos Capazes, o curta-metragem que estreia na semana que vem tem como objetivo conscientizar os alunos.

“A importância do projeto é poder ajudar as crianças a vencer as dificuldades e mostrar que, independentemente de raça, cor ou religião, somos todos iguais e capazes de vencer qualquer obstáculo”, explica o idealizador do projeto, Ronaldo Rocha, 24 anos.

O jovem, que é estudante de Jornalismo, já trabalhou como faxineiro nesta mesma escola, onde presta serviços voluntários há seis anos. Segundo Ronaldo, o salário da época era utilizado para pagar a faculdade. Porém, não sobrava nem para o almoço.

“Eu chegava a vender o tíquete alimentação para conseguir pagar o aluguel. O mais legal disso tudo é que, quando eu chegava à escola, minha comida estava sempre separada me esperando”, relata. Essa consideração foi o que mais motivou o estudante a fazer algo a mais pela escola. “Foi o fator principal para eu começar a fazer oficinas de teatro e culinária como serviço voluntário para os alunos”.

Crianças vestem a camisa

Atores e atrizes foram revelados durante a produção. Com as gravações de Somos Capazes, as aspirações de João Gabriel, 9 anos, para o futuro sofreram uma reviravolta. Ele é o ator principal do curta-metragem que envolve 50 participantes. João representa um aluno que é vítima frequente de bullying por buscar um futuro melhor. Para isso, ele deseja estudar e crescer profissionalmente.

Ao contrário dos amigos, o personagem sempre gostou de ler e escrever, faz todas as tarefas de casa e cumpre com as demais responsabilidades como estudante. Seus colegas, no entanto, não aceitam o fato de João gostar de estudar e ser exemplo em sala de aula. O roteiro buscou retratar fielmente a rotina de tantas crianças na mesma situação.

O ator mirim já sonhou em ser psicólogo, bombeiro ou até mesmo biólogo. Mas, após ser a estrela do projeto e até aparecer na televisão, está mudando de ideia. “Um dos meus sonhos quando crescer é ser ator, mas também quero ser professor, mágico… Ah, são muitas opções”, confessou João.

João Gabriel, 9 anos, diz que um de seus sonhos é ser ator. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Aprendizado

Além de contribuir com a produção cinematográfica, o garoto aprendeu que zombar ou ofender um colega não é nada legal. “Falo para os coleguinhas que fazem isso para pararem, pois é muito chato. Durante a gravação eu tive que ser molhado várias vezes, maltratado, e não achei a experiência legal”, considera.

Agressões desmotivam estudantes

O Centro de Ensino Fundamental 2 da Estrutural comporta mais de mil estudantes, e a direção ainda não havia encontrado uma solução capaz de reduzir o problema do bullying.

“Percebi que eu não conseguiria atender a demanda. Como Ronaldo resolveu fazer o projeto, pedi que usasse a criatividade e foi aí que surgiu a oportunidade do filme”, explica a orientadora educacional Paula Magalhães.
Ela conta que as brincadeiras de mau gosto já fizeram estudantes desistirem de frequentar as aulas. “Nessas situações procuramos os familiares para que o estudantes não sejam prejudicados”, ressalta.

Sem mais ofensas

Com o filme Somos Capazes, a expectativa, não só de Ronado e da direção, mas também dos alunos, é que as ofensas cheguem ao fim. “A expectativa é poder levar esse filme para outras escolas, com a intenção de conscientizar os pais e alunos sobre o assunto que ainda é pouco falado”, diz o voluntário. Ele expõe que houve casos de crianças que saíram do mundo das drogas com a ajuda das oficinas.

Apesar do caráter voluntário, o jovem recebe uma ajuda de custo de R$ 400. Porém, o efeito que o trabalho provoca é a maior recompensa. “Faço meu trabalho por amor e para poder ajudar mesmo, pelas crianças. Isso é mais que gratificante”, enfatiza.

Além dos trabalhos proporcionados pela produção do filme, a partir de agora, a equipe da escola dará início a um novo projeto para tratar do assunto.

Voluntário produz vídeo anti bullying em conjunto com escola de ensino fundamental. Ronaldo Rocha, diz que precisava retribuir tudo que a escola fez por ele. Estrutural. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Saiba Mais

Bullying é definido como ato de intimidação e violência física ou psicológica, geralmente em ambiente escolar.

Um em cada dez estudantes brasileiros é vítima desse tipo de problema, segundo o Ministério da Educação, com base no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).

Especialistas alertam que o bullying na infância pode impactar na adolescência e na fase adulta.

Confira trechos do filme Somos Capazes:

 

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