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Brasília

Brasília 63 anos: Além das arquiteturas, as belezas naturais que a capital proporciona aos brasilienses

A cidade planejada conta com diversos parques espalhados nos quatro cantos do quadradinho, acesso a áreas de lazer ainda é preocupação

Redação Jornal de Brasília

21/04/2023 5h00

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por: Marcos Nailton
redacã[email protected]

Ainda no período do Brasil Colônia, em 1823, a ideia de levar a capital do país para a região central já era reforçada pelo “Patriarca da Independência”, José Bonifácio, e sonhada pelo sacerdote católico italiano Dom Bosco. Assim surgiu pela primeira vez o nome “Brasília”. A cidade, planejada por grandes nomes da história brasileira como Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Israel Pinheiro, completa 63 anos nesta sexta-feira (21).

As áreas de lazer no Plano Piloto são as mais diversas, as obras arquitetônicas, como os prédios na Esplanada dos Ministérios, a Catedral Metropolitana, o Memorial JK, o Museu da República, a Ponte JK, o Clube do Choro, o Templo da Boa Vontade, entre outros, são atraentes pontos turísticos para quem visita Brasília.

Nas áreas verdes que a capital tem a oferecer, é difícil encontrar um morador que não foi no Pontão do Lago Sul, na Ermida Dom Bosco, realizou ciclismo ou caminhou pelo Parque da Cidade, fez o tradicional passeio na fonte da Torre de TV, se aventurou no Parque Nacional de Brasília, a famosa Água Mineral ou realizou trilhas ecológicas fora do Plano Piloto.

A estudante Marcela Alvim, 24, tem um grande apego pelo Parque da Cidade, local onde comemora o aniversário quase todos os anos.

Outra opção de lazer bastante frequentada e que reúne famílias a mais de 30 anos, é o Eixão do Lazer, onde mais de 13 quilômetros do asfalto do Eixo Rodoviário que representa a asa do avião projetado por Lúcio Costa é fechado para os veículos aos domingos e feriados. O espaço fica aberto ao ciclismo, corrida, caminhada, patinação, skate, entre outros. Os moradores aproveitam a pausa durante a semana intensa para descansar em redes de baixo das árvores e realizar piqueniques.

A tocantinense, Marília Mendes, 21, se mudou para o DF há cerca de um ano e destaca que quase todos os domingos vai ao eixão com os amigos. “Eu já tenho uma rotina de tomar água de coco e depois descer para a parte do “Choro no Eixo” e ficar lá sentada na canga por um tempo, vendo as pessoas e às vezes lendo. Dessa vez eu levei um amigo também até pra ele conhecer, foi bem tranquilo e bem gostoso”, disse.

A moradora da Asa Norte conta que gosta muito de caminhar no eixão, e recorda que na primeira vez que foi, acabou andando mais que o previsto. “Nesse dia a gente andou mais de 15 km”, afirmou. Apesar de gostar dessa atmosfera relaxante e calma, Marília diz que gostaria de conhecer locais fora do Plano Piloto, mas só explora novos locais na capital quando está acompanhada.

“Eu gosto muito desse ambiente, porém infelizmente ele está fadado a ser frequentado somente por moradores da região, então fica preso numa certa elite. O que é uma pena porque seria uma oportunidade para as pessoas do entorno também”, salientou.

Formação de boas memórias

Hoje, áreas de lazer e de preservação ambiental no Distrito Federal são grandes atrativos para fugir da rotina intensa durante a semana. Um exemplo bastante democrático e acessível a todos os públicos é o Parque Nacional de Brasília (PNB), conhecido como Água Mineral. Desde quando foi criado, em novembro de 1961, recebe diversas famílias, possibilitando a união de crianças, jovens, adultos e idosos.

O grupo de amigos Alan Peixoto França, 22, Michael Felipe, 25, e Josyane Araújo, 23, estiveram na Água Mineral no início da semana. Josyane afirma que poder levar a filha ao parque, a pequena Manuela, de 3 anos, e ter novamente a experiência de passear após cerca de um ano sem ir, foi a melhor possível. “Achamos aqui ótimo, foi agradável estar em contato com a natureza e ver os animais que passeiam livremente, é uma sensação única”, contou.

Alan relembrou dos bons momentos que passou na Água Mineral quando criança e da linda relação que criou com as piscinas. “Era uma vibe bem família, minha mãe tinha o costume de pegar os filhos dos vizinhos e levar junto com a gente, passeávamos em tudo que era canto. Agora imagina, minha mãe com um monte de menino rodando Brasília, era muito legal”, recorda o gestor administrativo.

Apesar de ultimamente não realizar muitas vezes os passeios em família, o morador da cidade Estrutural conta que pretende trazer a mãe novamente ao parque junto com seu irmão caçula, o Anthony Gael, de apenas 1 aninho. “Vamos ver se a gente marca algum passeio agora com o feriado do aniversário de Brasília, juntar todos e fazer um belo almoço em família”.

Além dos eixos

Ainda considerada uma região desconhecida do grande público brasiliense, a Floresta Nacional (Flona) de Brasília, criada em 1999 e localizada em Taguatinga, é uma unidade de conservação do cerrado de 9 mil hectares, é responsável pela sobrevivência das nascentes da bacia hidrográfica do Descoberto, responsável por quase 70% do abastecimento de água do Distrito Federal.

Alessandra Carvalho (blusa laranja) e amigos durante uma trilha na Flona.

Como principal atrativo as trilhas que podem ser realizadas de bicicleta ou a pé, a unidade preserva espécies nativas de fauna e flora, uma biodiversidade que atrai cerca de 70 mil pessoas por ano. Uma delas é a psicóloga clínica Alessandra Carvalho da Silva, 34, que há cerca de 8 anos descobriu sozinha o amor pelo ecoturismo, já que não tinha pessoas próximas que achava interessante a atividade. “Sempre foi o tipo de viagem que eu mais me encaixo, meio mochileira mesmo. E desde 2015 eu encontrei essa prática das trilhas e me apaixonei por ela”, destacou.

A moradora de Ceilândia conta que descobriu as trilhas da Flona no período pandêmico, onde não podia viajar para outros locais do país. “É uma trilha que é um oásis no meio da cidade, fica ao lado de uma BR super importante, não é no Plano (Piloto), que ajuda bastante, é próximo das periferias como uma alternativa para fazer uma caminhada e aproveitar a natureza”, reitera.

A Flona, assim como outras unidades de preservação, tem certas regras em relação ao respeito do espaço dos animais. Em sua experiência na floresta, Alessandra destaca que o local atende super bem a todos os públicos, já que possui os percursos bem sinalizados, desde os mais curtos aos mais longos. Outro ponto positivo, destacado pela psicóloga, é a localização, já que, segundo ela, faltam opções de lazer na periferia.

“Muitas famílias acabam saindo da Ceilândia, sobem para Águas Claras porque lá tem parque, uma possibilidade de respiro por ser um lugar arborizado. O próprio Taguaparque ainda não tem tanta sombra, igual a outros parques da cidade. Então a Flona ser em Taguatinga é uma oportunidade interessante de quebrar um pouco essa rotina”.

Rafael Feitosa e Matheus Feitosa na Flona

Outros velhos conhecedores da Flona são os irmãos Rafael Feitosa, 25, e Matheus Feitosa, 21, moradores da cidade Estrutural. A história de ciclismo de Rafael começou aos quatro anos, logo quando ganhou a primeira bicicleta. Rodeado pela preocupação e restrição da mãe, o jovem andava de bike somente dentro da cidade. Já na adolescência, Rafael recorda do primeiro grande percurso que fez.

“Lembro como hoje meu destino era a 17km de casa, estava indo para a casa do meu tio no Setor O. Minha mãe coitada morta de preocupação, mas deu tudo certo. Todos ficaram admirados pela minha façanha em pedalar 17 km pela BR 070”, relembra.

Muito motivado pelo apoio do irmão, Matheus começou a se apaixonar pelo esporte. Há cerca de 7 anos, começou a pedalar por Brasília e iniciou sua jornada através da Flona. “Posso dizer que a Flona que deu início na minha jornada no esporte, tudo começou por ela, lembro que mesmo com a bicicleta bem simples decidi conhecer, eu e meu irmão Rafael, aos poucos fomos explorando cada vez mais o que essa floresta poderia proporcionar”, destacou o irmão mais novo.

Rafael relata que hoje em dia pode dizer que os melhores momentos da sua vida foram sobre uma bicicleta. “A Flona é meu marco zero, conheço ela de ponta a ponta, lá eu adentrei no mundo das trilhas, um lugar puro, com sua fauna e flora exuberante. Pra mim a Flona é como se fosse meu mundo. Quando estou lá esqueço dos problemas, dos dias corriqueiros da vida adulta. Lá eu renovo a minha paz de espírito”, ressaltou.

Atualmente, os irmãos já rodaram todo o Distrito Federal e diversos locais do país, como Pirenópolis e Chapada dos Veadeiros, no Goiás. Ambos já fizeram diversos desafios quadradinho afora, um deles, durou quatro dias viajando pelas montanhas de Goiás, saindo da capital e passando por Água Fria/GO e Mimoso/GO.

“Nesse dormimos em barraca, uma viagem que não gastamos nada com comida e hospedagem, foi uma trilha bem massa ao redor de Brasília. Acho que deu 500km de viagem”, disse Matheus Feitosa.

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