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Brasília

Audiência destaca melhoria no monitoramento de nascentes

Segundo o superintendente de Recursos Hídricos da Adasa, Gustavo Carneiro, a agência está ampliando de 15 para 45 a quantidade de estações telemétricas

Redação Jornal de Brasília

22/03/2021 16h58

Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Em comemoração ao Dia Mundial da Água, uma audiência pública remota da Câmara Legislativa, nesta segunda-feira (22), debateu as políticas e ações de proteção às nascentes do Distrito Federal. A presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo (CDESCTMAT), Júlia Lucy (Novo), autora da iniciativa, destacou a contribuição das ocupações irregulares na degradação dos mananciais. “A água no Distrito Federal é recurso que vem sendo muito maltratado, principalmente quando a gente analisa o cuidado com as nascentes”, afirmou.

Segundo o superintendente de Recursos Hídricos da Adasa, Gustavo Carneiro, a agência está ampliando de 15 para 45 a quantidade de estações telemétricas, que realizam o monitoramento da qualidade da água em tempo real. Ao todo, são 77 pontos de monitoramento em 41 unidades hidrológicas. Os dados, disponibilizados no site da Adasa, mostram redução de carga orgânica e uma boa taxa de oxigênio dissolvido na água. No entanto, Carneiro alerta sobre a quantidade de coliformes. “Demostra que a gente precisa pensar, no futuro, em trabalhar com estações terciárias de tratamento, para remover patógenos ou nutrientes”, explicou. A qualidade da água analisada pela agência como “Ótima” e “Boa” varia entre 58% (Índice de Conformidade ao Enquadramento) e 96% (Índice de Qualidade da Água).

A coordenadora de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Patrícia Valls, destacou o Programa de Recuperação de Nascentes, em parceria com o Projeto CITinova do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que já plantou 60 mil mudas em 80 hectares de áreas degradadas nas bacias do Descoberto e do Paranoá. “Vamos entrar agora na fase do monitoramento do plantio e das técnicas, porque a intenção é expandir para outras bacias”. Ela ressaltou ainda a formação do Comitê de Gestão e Monitoramento de Áreas de Proteção de Manancial, gerido pela Sema e pela Secretaria de Desenvolvimento e Habitação (Seduh).

O engenheiro da Área Ambiental da Caesb, Carlo Renan Brites, falou sobre o trabalho de monitoramento feito pela empresa, que envolve a qualidade das águas nas captações e reservatórios; os efluentes tratados; e a balneabilidade do Lago Paranoá. “Essa relação do uso do solo versus a qualidade da água é importante quando a gente pensar na questão das nascentes”, frisou. Ele explicou que o aplicativo da Caesb disponibiliza informações sobre a falta de água, a balneabilidade do Paranoá, e permite que o usuário informe sobre problemas, como vazamentos na rua. De acordo com o engenheiro, a água que abastece a população é de boa qualidade.

Segundo o gerente de Gestão de Bacias de Mananciais da Caesb, Henrique Cruvinel, 43% do território do DF é ocupado por bacias utilizadas para abastecimento e o crescimento urbano vem pressionando as áreas de mananciais. “Temos muitas áreas preservadas, mas as áreas urbanas já estão oferecendo riscos à captação”, alertou. Cruvinel destacou a criação das Áreas de Proteção aos Mananciais (APMs) do Lago Norte e do Corumbá, e a ampliação da APM do Bananal. De acordo com ele, a Caesb atende hoje 3 milhões de usuários e conta com 16 mil quilômetros de rede, 27 captações superficiais e 144 poços para suprir uma demanda de 12 mil litros por segundo.

O engenheiro florestal da Diretoria de Recursos Hídricos do Instituto Brasília Ambiental, Irving Silveira, destacou a retomada do Programa Adote uma Nascente, que já conta com 300 cadastrados. “Estamos com a missão de trazer de volta esse programa, que ficou adormecido nos últimos anos, recadastrar os interessados e ampliar, por meio de parcerias e projetos”. O presidente do Conselho de Desenvolvimento Rural de São Sebastião, Arnaldino de Souza, criticou a “falta de fiscalização”, sugerindo a criação de uma “força tarefa” para combater as irregularidades. “Quando se cria um bairro se mata uma nascente”, reforçou.

O presidente da Associação Rural do Capão Comprido, Odecio Rossafa chamou atenção para a importância do cerrado para a “recarga das águas” e criticou a “falta de políticas de conservação do solo no Distrito Federal”. Ele defendeu uma política de valorização dos produtores de água e criticou a destinação de área à margem do rio São Bartolomeu para a reforma agrária: “Vão colocar pessoas para desmatar e provocar degradação na margem do rio”. Ao final da audiência, Júlia Lucy colocou a CDESCTMAT à disposição dos órgãos e enfatizou que o problema da água é uma das principais preocupações da sociedade civil do DF.

As informações são da CLDF

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