Jéssica Antunes
[email protected]
A cinco dias das Eleições 2018, o Bloco 2 do Hospital da Criança de Brasília José Alencar começa a funcionar com os primeiros 20 leitos de internação. A liberação da “menina dos olhos” de Rollemberg ocorre três meses após a entrega da obra e às vésperas das votações de primeiro turno. O cronograma prevê a abertura de mais 150 vagas ainda em 2018, chegando a 202 no ano que vem para tratamento de alta e média complexidade.
Chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio afasta os questionamentos acerca da proximidade das votações de primeiro turno das Eleições 2018. “É a principal entrega do governo. Existem fases necessárias até conseguirmos abrir, como a preparação da equipe técnica, os testes nas instalações e de equipamentos. Por isso estamos entregamos agora. Queríamos ter pedido entregar anos atrás, mas conseguimos fazer agora e é um legado que deixamos para a população do DF”.

Entrevista coletiva com secretários. Foto: Kleber Lima/Jornal de Brasília
Panorama
De acordo com Humberto Fonseca, secretário de Saúde do DF, cem leitos devem ser transferidos do Instituto Hospital de Base (IHB) até novembro. Até o fim do ano, outros 50 devem ser criados. Para chegar ao total, a ampliação estará prevista no próximo chamamento do contrato de gestão, que vence em março.
São Unidades de Terapia Intensiva (UTI), 60 de especialidades clínica pediátrica, 60 de especialidades cirúrgicas, 10 leitos para transplantes, 20 de oncologia, seis para cuidados clínicos e cinco centros cirúrgicos. A previsão é que, com atendimento integral, o HCB realize 8,5 mil consultas médicas, 250 cirurgias de médio e grande porte, 850 diárias de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 500 internações por mês.

Foto: Kleber Lima/Jornal de Brasília
“Não é comum que tenha internações de pediatria a não ser em altíssima complexidade, que serão atendidos aqui. Temos dificuldade de contratação de pediatras que o Icipe não tem. Aqui temos uma facilidade maior com regras próprias que garantem a agilidade e eficiência. Agora, o hospital passa a ser referência inclusive para emergência. Será parte do fluxo de pacientes pediátricos e poderemos ter encaminhamento para cirurgias”, defende Fonseca.
Com o braço furado e medicação a tira-colo, João Estevão de seis anos brinca enquanto faz tratamento para Linfoma. Ele está internado há três dias e, na nova ala, aproveita dos brinquedos novinhos em folha. A mãe, Sabrina Fernandes, conta que a doença foi descoberta em um posto de saúde perto de casa, em Ceilândia.
“Em duas semanas já estávamos em tratamento no Hospital da Criança”, diz a professora de 34 anos. Os cuidados somam dois meses. Para ela, o ambiente acolhedor e a equipe médica, boa. “Ele nem pergunta quando vai embora”, diz a mãe do pequeno Flash – o herói dos quadrinhos preferido da criança.

Foto: Kleber Lima/Jornal de Brasília
Polêmica
Em novembro de 2011, o Hospital da Criança foi inaugurado pela Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace). A obra, de R$ 15 milhões, foi custeada pela própria entidade. Desde aquela época, a unidade é administrada pelo Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe) e tornou-se referência de atendimento.
O Bloco 2 foi entregue em 4 julho de 2018, a partir de uma parceria entre o Governo de Brasília e a Organização Mundial da Família (OMF), e começa a funcionar agora. O GDF investiu 106,7 milhões e contou com o aporte de US$ 10,5 milhões da entidade internacional em contrato assinado em 2012.
Em abril, a iminente saída do Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe) da gerencia, determinada pela Justiça, colocou a inauguração em cheque. Na época, o caso foi considerado uma tragédia e gerou mobilização popular. Depois, o Judiciário voltou atrás e decidiu manter o Icipe no Hospital da Criança.
Leia também:
Hospital da Criança: processo no TCDF analisa possíveis irregularidades no contrato de gestão
Instituto responsável por do Hospital da Criança entrega gestão ao GDF
“Nos deixe trabalhar”, diz Secretário de Saúde do DF ao fazer desabafo em rede social
Conflitos emperram solução para Hospital da Criança de Brasília
Icipe permanece à frente do Hospital da Criança, mas GDF tem de fazer propostas
“Foi um ataque e a sociedade não aceitou que houvesse qualquer mudança no HCB porque percebeu o quão bem fazia às crianças. A sociedade disse ‘não aceitamos ataque, queremos que se perpetue e seja ampliado’, e é o que estamos fazendo agora”, diz Sampaio.

Foto: Kleber Lima/Jornal de Brasília