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Brasília

Amor a Brasília: cineasta René Sampaio tem a capital como motor dos seus filmes

O diretor começou a carreira em 2000, realizando curta-metragens e trabalhos autorais na Universidade de Brasília (UnB)

Redação Jornal de Brasília

21/04/2022 15h56

René Sampaio no set do longa-metragem Eduardo e Mônica (Créditos: Janine Moraes / Divulgação)

Por Bernardo Guerra
Agência de Notícias do CEUB/ Jornal de Brasília

O cineasta brasiliense René Sampaio, de 47 anos, é hoje um dos principais nomes da Sétima Arte no Brasil.  Ele garante que a cidade natal, que completa 62 anos, é motivo de inspiração para o trabalho dele.

Os filmes Eduardo e Mônica (2022) e Faroeste Caboclo (2013), por exemplo, têm as obras da banda Legião Urbana como guia e Brasília como caminho, cenário e motivação.

O começo

O diretor começou a carreira em 2000, realizando curta-metragens e trabalhos autorais na Universidade de Brasília (UnB).

“Foi tudo com muito apoio do Centro de Produção Cultural Educativo (CPCE), na época, e da universidade. Eu usava o equipamento deles emprestado e com esses equipamentos eu consegui fazer meus curta-metragens e ganhar prêmios. Depois, eu virei diretor de propaganda em Brasília, e isso me levou a dirigir propaganda no Brasil inteiro também”, disse em entrevista à Agência Ceub.

Uma de suas primeiras obras, Sinistro (2000), é, até hoje, o curta-metragem mais premiado da história do Festival de Brasília. O cineasta relembra que recebeu apoio financeiro do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), para realizar um filme em 17mm, porém, ele mesmo tirou dinheiro do próprio bolso para conseguir realizar o curta em 35mm.

“Houve um aporte do governo, que foi recompensado, para um filme que ganhou muitos festivais, que andou pelo mundo e pelo Brasil todo. Só em Brasília, ganhou mais de nove prêmios”, explica. 

Pouco dinheiro

Para René, esse apoio do governo foi, e ainda é, fundamental para a realização de filmes. Quando ele ainda estava começando a produzir obras audiovisuais, ele descreveu o cenário como “muita gente querendo produzir com pouco recursos”.

Em comparação, o cineasta afirma que a capital avançou muito nessa questão, especialmente através da Ancine.

“Eu acho que muita gente trabalhou por um cinema mais pujante em Brasília, e isso aconteceu, tivemos um bom período com recursos disponíveis que eu espero que volte a acontecer recentemente”.

Após passar 10 anos trabalhando no cinema publicitário e em projetos menores e independentes, o brasiliense conseguiu tirar do papel um de seus projetos, a adaptação cinematográfica da canção de mesmo nome do Legião Urbana, Faroeste Caboclo (2013).

O filme foi sua estreia como diretor de longa-metragem e o lançou no mercado de entretenimento mundial. “Desde então eu venho fazendo grandes projetos, como Dupla Identidade, que é uma série grande que fiz na Rede Globo, e Impuros, que, por onde ela passou, foi um grande sucesso de público, é a série de maior sucesso no GloboPlay, no Star+ e na Fox”, explica.

Fã e ídolo

Mais recentemente, o diretor teve sua segunda experiência em longa-metragens, adaptando outra canção de sucesso do Legião, Eduardo e Mônica (2022).

René conta que sempre foi fã da banda, e que, desde seus 14 anos, ele possuía esse grande sonho de se tornar um diretor e fazer obras cinematográficas de Faroeste Caboclo e Eduardo e Mônica. Ele revelou, também, que planeja fazer uma terceira adaptação às telonas ainda, mas não disse de qual música da banda. 

“Eu sou muito grato aos deuses do cinema, por isso ter dado tão certo”, comemora René

Com Brasília aos 62 anos de existência, o cineasta enxerga um futuro cultural promissor e brilhante na capital.

“Existem várias manifestações de Brasília que estão ganhando o mundo, e, cada vez mais, eu acho que a gente tem se incluído não só no panorama nacional, mas também no mundial, com respeito e com pertinência artística”, explica. 

“Quando resolvi fazer Legião Urbana, é porque fazia muito sentido pra mim, porque eu era fã. São músicas que fazem meu coração bater mais forte, então eu estou contando a minha própria história também. A história da minha vida”.

Cinema na capital

Em 1960, um jovem alagoano de 20 anos acompanhava seu pai, funcionário público, em meio à uma capital ainda sob construções. Com uma câmera de 16mm em mãos, ele gravava o seu segunda curta-metragem e uma das primeiras produções audiovisuais na capital, o curta-documentário, Brasília. Carlos José Fontes Diegues, 81, conhecido como Cacá Diegues, era o jovem por trás das câmeras.

Ele que viria a ser um dos fundadores do Cinema Novo, no Brasil. Hoje, a obra existe apenas nas memórias do mesmo, pois nenhuma cópia do curta-metragem conseguiu ser preservada com o passar das décadas.

Vladimir Carvalho é um dos grandes nomes do cinema do Brasil. Foto: Agência Brasília

Já o primeiro longa-metragem ficcional feito 100% em Brasília viria a ser lançado oficialmente em 1966, porém começou suas filmagens sete anos antes, em 59.

Estreando na cadeira de diretor, Gerson Tavares foi o encarregado de liderar o filme, que acompanha um encontro, por acaso, entre o arquiteto e professor universitário Alberto (Leonardo Villar), com sua amiga Norma (Leina Krespi).

Em seu ano de lançamento, Amor e Desamor foi um dos selecionados para estrelar na mostra competitiva da segunda edição do Festival de Brasília, ao lado de outras grandes obras do cinema nacional.

Ao longo dos anos, diretores brasilienses e de outras regiões do país marcaram a história da capital com suas obras. Dentre esses, um dos nomes mais citados é o de Vladimir Carvalho, 87, diretor paraibano responsável por obras como Conterrâneos Velhos de Guerra (1992), que expôs os abusos trabalhistas sofridos pelos candangos em 1959 durante a construção de Brasília, e Rock Brasília – Era de Ouro (2011), no qual acompanha os jovens brasilienses que, após muitos desafios, viram suas bandas chegarem ao sucesso nacional, inspirados por Renato Russo.

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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